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terça-feira, 30 de agosto de 2011

Dizem que em Setembro se resolverá o problema do modelo de avaliação dos professores

Pode ser que então se comece a falar de educação. Vale mais tarde que nunca. Mas já não é cedo.


14 comentários:

Fartinho da Silva disse...

Esperemos que não coloquem professores não licenciados, por exemplo, a avaliar professores doutorados, por exemplo... é que se avançaram com a ideia de os professores avaliadores serem obrigatoriamente de um escalão superior vai implicar o que acabei de dizer. Espero, muito sinceramente, que não se cimente este erro do tempo do socialismo. É algo que me assusta verdadeiramente.

Fartinho da Silva disse...

Caro Ferreira de Almeida,

Concordo inteiramente consigo quando diz "Pode ser que então se comece a falar de educação".

Rui Fonseca disse...

Pois não.

Mas pelo rumo que as coisas estão a levar é cada vez mais certo que avaliação continuará a ser uma rábula.

Não há avaliação sem densidades pré definidas. Se não, são todos muito bons como os juízes que temos. E a educação continuará ao nível da justiça, que não temos.

Nuno Crato, aliás, afirmou isso em tempos. Mas receio que o obriguem a mudar de ideias.

A menos que mude a orgânica de avaliação em que a estrutura centralizada do ministério assenta. Devia começar por aí:
Acabar com essa estrutura vertical que vai de cada escola directa ao ministério.

Os sindicalistas, no entanto, não vão aceitar que lhes retirem a importância absoluta que têm decorrente dessa centralização.

É complicado.

Tonibler disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Margarida Corrêa de Aguiar disse...

Já é muito tarde, o tempo que já se perdeu e não só...

Anthrax disse...

Ora nem de propósito :)
Muito bom dia meus queridos.

Que bom estarem a falar de educação quando aconteceram duas coisas, girérrimas, aqui nos tasco.

A 1ª é que ontem lançámos a mobilidade individual de alunos (que é algo, mais ou menos, parecido com o Erasmus mas para as escolas). Por isso, tudo o que é miúdo a partir dos 14 anos já pode ir para uma escola estrangeira estudar, por um período de 3 a 10 meses (nota: mas atenção que isto não é assim de qualquer maneira, há regras bastante específicas porque estamos a falar de miúdos).

A 2ª é que recebemos, também ontem, a visita da Sra. Secretária de Estado. Digo-vos uma coisa... que criaturinha bestialmente densa. Juro que nunca vi nada assim. Eu fiquei chocada.

Vamos colocar as coisas desta forma, a senhora não fez o TPC, não sabia às quantas andava, meteu os pés pelas mãos, não sabia o que era o QUAR (bom, nós não temos nada a ver com isso, mas sabemos o que é), achava que éramos nós que "tínhamos" as novas oportunidades (Cruzes, Credo!), não sabia que tínhamos 3 tutelas (se bem que agora, devemos ter só duas... outra situação interessante a ser resolvida). Enfim, eram umas atrás das outras. Penso que nem Kafka, nem Boris Vian - em conjunto - se lembrariam de um diálogo tão surreal.

Quanto à avaliação de professores, deixem-me colocar-vos uma questão: Existe uma intenção real de fazer um trabalho sério de avaliação de professores, ou pretendem apenas julgar o trabalho dos mesmos? É que são duas coisas diferentes e a percepção que eu tenho é a de que querem julgar o trabalho deles, porque precisam de bodes expiatórios que acarretem com a responsabilidade do falhanço das políticas educativas. Precisam de alguém que seja o culpado pelos maus resultados da educação.

Deixem-me que vos pergunte também outra coisa; conhecem os sistemas de ensino e formação profissional dos outros países da U.E?

Vá, considerando os excelentes resultados no PISA, conhecem o sistema educativo finlandês? ou mesmo o alemão? Se não conhecem, podem consultar o site do EURYDICE, porque estão lá todos. Mas se conhecem, então saberão que o sucesso do sistema educativo Finlandês não se deve à avaliação dos professores, desde logo porque essa figura não existe.

O sucesso do sistema educativo finlandês assenta, primeiramente, naquilo que é a formação inicial de professores do 1º ciclo e naquilo que é o 1º ciclo. Esta é a base fundamental de todo o sistema finlandês.

Portanto, meus caros, andarem aí abanarem a bandeirinha da avaliação dos professores como se isso fosse resolver os problemas da Educação é, absolutamente, patético. Além disso é perder tempo com questões inúteis e quando se perde tempo, perde-se dinheiro.

Querem avaliar os professores como deve ser? Implementem um sistema igual ao do "Chartered Teacher" do Reino Unido, mais concretamente, na Escócia.

É, deviam sair mais vezes para ver como é que os outros resolvem os mesmos problemas.

Tonibler disse...

A camarada Anthrax diz quase tudo, mas gostava de lembrar apenas que eu não preciso de ter bons professores, eu preciso de ter alunos educados. Se conseguir tê-los sem professores, melhor ainda. Por isso, continuo sem perceber porque carga d'água um ministro acha que avaliação de professores faz parte do seu trabalho.

Anthrax disse...

Ó camarada Toni! Em relação aos alunos educados sem professores, pois não seja por isso. Mesmo em Portugal é possível adoptar a modalidade de "home schooling". Não conheço as regras aplicáveis, mas sei que há alguns casos desses e têm bons resultados.

Anónimo disse...

Minha cara Anthrax, fiquei curiosíssimo. O que é uma "criaturinha bestialmente densa"?

Tonibler disse...

Eu percebi como "densamente besta"...:)

Pinho Cardão disse...

Cara Anthrax:
Bestialmente densa é a matéria negra, que se suspeita existir, mas não se vê. Ora a Secretária de Estado deixa-se ver e até ouvir, o que dá um grande imbróglio...
Não, não pode ser bestialmente densa...Neste ponto, a Anthrax está enganada. Mas, olhe que é só neste....eu não arrisco dizer que é em mais... É só neste...Só neste!...E até pode ser que seja eu que esteja enganado...

Anthrax disse...

Olhem meus queridos,

Eu não estou a chamar "besta" à senhora que, até é bastante simpática - por sinal - e também ninguém estava à espera que a rapariga tivesse a lição na ponta da língua porque, na realidade, nunca nenhum senhor político teve. Agora, quando se marcam reuniões convém estar preparadito. Por isso, a primeira impressão não foi muito positiva.

A segunda impressão, embora curta, parece que foi bastante melhor e consideravelmente mais positiva.

É assim, nós aqui no tasco gostamos muito do trabalho que fazemos. Nós acreditamos naquilo que fazemos, nós fazemos a ligação prática entre aquilo que são as políticas europeias e as políticas nacionais num determinado sector. Nós fazemos pela prática aquilo que os políticos não conseguem fazer.

Por exemplo, quando referi a mobilidade de alunos no comentário inicial, não foi algo propriamente inocente, porque o facto de começarmos a pôr as escolas portuguesas a enviar alunos para outra escola estrangeira, vai obrigar ao reconhecimento curricular nos dois sentidos. Logo... e agora remetendo para algo que vos faz tremer de horror :))... tal como o processo de Bolonha, vai chegar a um momento em que não haverá outra hipótese que não seja reconhecer os currículos escolares entre os Estados-membros da U.E.

Por isso sim, quando aqueles que deviam não sabem o que nós fazemos, nós temos uma síncope cardíaca, ficamos descompensados e começamos a insultar toda a gente.

Caro JMFA :) uma "criaturinha bestialmente densa" é um hominídeo com alguma dificuldade em compreender a informação disponível acerca de qualquer coisa específica que lhe esteja a ser transmitida. Em línguagem juvenil é também conhecido por "tecla 3" (para referência basta olhar para qualquer teclado de telemóvel).

Por exemplo eu sou "bestialmente densa" quando tento perceber alguns posts do Dr. TM, do Dr. MF ou do Dr. PC quando se põem a falar de coisas técnicas sobre finanças. Nalguns casos, eu não chego lá nem que façam uns bonequinhos às cores e esses são os momentos em que eu desejava ter um Q.I de 250.

Enfim, cada um é como cada qual. Uns gostavam de ter muito dinheiro, outros gostavam de ter muito poder, eu só gostava de ter um Q.I de 250. Descobrir que era apenas altamente inteligente, foi uma das maiores desilusões que tive e me pôs a chorar durante 3 dias de seguida.

Anónimo disse...

Pois é, caríssima Anthrax. Descobrir que se é altamente inteligente é mesmo de chorar por menos, por que se revela em todo o esplendor que não se vai ter grande futuro cá pelo burgo. E então se a descoberta for súbita deve ser um imenso choque :). Pior do que isso só mesmo ter o QI 250! Desejá-lo é assim como ser do Sporting. Sabe-se e sente-se que se é o melhor, mas sofre-se muito...
Quanto ao conceito do "criatura bestialmente densa", tudo percebido. Grande etiqueta para usar em variadissimas ocasiões. Grato.

Anthrax disse...

Ah ah ah ah ah ah ah ah :D

Caro JMFA, pois eu não tinha visto a coisa por esse prisma mas, de facto, tem razão pese embora eu não compreenda plenamente a analogia com o futebol (até porque não sou fã).

Mas olhe, fique descansado. O desejar ter um QI de 250, não se prende com a necessidade ou desejo de ser o/a melhor. Tem apenas a ver com o facto de haver tanta coisa no mundo para saber, para explorar, para conhecer e para compreender e muito pouco tempo para conseguir encontrar as respostas todas. Tenho a certeza de que se tivesse um QI muito elevado, conseguiria encontrá-las muito mais depressa e o meu nível de realização pessoal aumentaria.

É como andar sempre à procura das chaves do carro e nunca as encontrar. Muito frustrante.