Um multimilionário americano resolveu brincar com as dificuldades dos países e dos cidadãos para saírem da situação dramática em que se encontram e veio a público, com ar muito inocente, dizer que lhe parecia muito razoável que lhe pedissem para pagar mais impostos. A ele e aos outros milionários que conhece. Os jornais e os media entraram em frenesim absoluto, considerando logo a ideia fantástica, mas como é que ninguém se tinha lembrado disso até agora? E políticos, comentadores e estudiosos desataram logo a fazer cálculos, a abanar a cabeça a dizer que sim, a determinar o quantum da riqueza que anda por aí à solta, os olhos a transformarem-se em cifrões. Que ideia fantástica, podemos mesmo dizer que descobrimos a pólvora, ou o ovo de Colombo, para ser menos bélica, os mais-que-ricos, a quem ninguém se atrevia a incomodar, dispostos a pagar é aproveitar, e já, antes que se arrependam.
E eu a julgar que os capitais eram altamente voláteis, e eu a pensar que os rendimentos da riqueza eram difíceis de tributar assim, directamente, passa para cá x% do que resultou dos negócios, e das acções e aplicações, e da especulação, e das deslocalizações, os Governos sabem muito bem o que lhes fazer, vai ser um regalo e ainda por cima cala-se a esquerda refilona, aqui está a justiça social por uma pena.
Entretanto, enquanto o tal milionário deve estar a rir a bom rir dos papalvos que lhe pegaram na palavra e das vezes que a sua fotografia aparece nos jornais com a seta para cima, já as contas se desviam para tributar afinal, não as riquezas dos multimilionários mas as casinhas, as contas bancárias dos que têm depósitos, outra vez os salários (só os milionários!, esqueçamos que tudo é relativo) e já está tudo embrulhado a discutir o que é são afinal os ricos tributáveis e os que, tão certo como estarmos aqui, só serão ricos se e quanto deixarem que os considerem tributáveis.
Talvez fosse mais fácil pedir, humildemente, aos tais ricos que se oferecem generosamente para dar o seu óbulo para a crise que façam uma doação do que estão dispostos a pagar, por uma única vez entenda-se, mas que façam a doação, que a entreguem aos seus Governos, ordeiramente, em envelope fechado, e não se fala mais nisso. Sairia muito mais barato a todos, o dinheiro chegava direitinho aos cofres vazios sem ser preciso fazer mais leis, aumentar a especialização dos contabilistas, as inspecções, os cálculos das fortunas, fazer doutrina, fechar off shores, redefinir o que são capitais, etc, etc, etc. É que entretanto, no meio da discussão, nós gastámos o pouco que tínhamos para chegar ao pote de ouro e, claro, pelo caminho só vão sobrar os novos impostos que, certo certinho, vai acrescentar àqueles que já pagam, e que julgavam que não eram multimilionários. O tal riquíssimo deve estar a rir com vontade da sua proposta indecente. Ficámos todos a saber que os multimilionários só não pagam mais porque não os deixam. É o que se chama destrunfar.
E eu a julgar que os capitais eram altamente voláteis, e eu a pensar que os rendimentos da riqueza eram difíceis de tributar assim, directamente, passa para cá x% do que resultou dos negócios, e das acções e aplicações, e da especulação, e das deslocalizações, os Governos sabem muito bem o que lhes fazer, vai ser um regalo e ainda por cima cala-se a esquerda refilona, aqui está a justiça social por uma pena.
Entretanto, enquanto o tal milionário deve estar a rir a bom rir dos papalvos que lhe pegaram na palavra e das vezes que a sua fotografia aparece nos jornais com a seta para cima, já as contas se desviam para tributar afinal, não as riquezas dos multimilionários mas as casinhas, as contas bancárias dos que têm depósitos, outra vez os salários (só os milionários!, esqueçamos que tudo é relativo) e já está tudo embrulhado a discutir o que é são afinal os ricos tributáveis e os que, tão certo como estarmos aqui, só serão ricos se e quanto deixarem que os considerem tributáveis.
Talvez fosse mais fácil pedir, humildemente, aos tais ricos que se oferecem generosamente para dar o seu óbulo para a crise que façam uma doação do que estão dispostos a pagar, por uma única vez entenda-se, mas que façam a doação, que a entreguem aos seus Governos, ordeiramente, em envelope fechado, e não se fala mais nisso. Sairia muito mais barato a todos, o dinheiro chegava direitinho aos cofres vazios sem ser preciso fazer mais leis, aumentar a especialização dos contabilistas, as inspecções, os cálculos das fortunas, fazer doutrina, fechar off shores, redefinir o que são capitais, etc, etc, etc. É que entretanto, no meio da discussão, nós gastámos o pouco que tínhamos para chegar ao pote de ouro e, claro, pelo caminho só vão sobrar os novos impostos que, certo certinho, vai acrescentar àqueles que já pagam, e que julgavam que não eram multimilionários. O tal riquíssimo deve estar a rir com vontade da sua proposta indecente. Ficámos todos a saber que os multimilionários só não pagam mais porque não os deixam. É o que se chama destrunfar.
4 comentários:
Muito bem! Antes de ler este post, já tinha escrito no meu blog: «A ideia de que os ricos podem ajudar a combater a crise está-se a espalhar rapidamente por todo o mundo. Como extensão fala-se que se devia obrigá-los a ajudar a resolver a crise da dívida pública excessiva taxando-os para que, com as receitas assim arrecadadas, esta, e em consequência a dívida soberana, diminua mais rapidamente. Não sou em absoluto contra esta ideia, mas admira-me o modo como se expande de país para país e como os meios de comunicação a discutem me a defendem, exibindo com algum grau de voyerismo a riqueza dos mais ricos, estrangeiros e nacionais, os respectivos patrimónios e rendimentos, o que disseram sobre o assunto, se são contra ou a favor, com entrevistas, declarações de responsáveis internacionais e muita confusão. Sim, confusão, porque não se distingue bem taxas extraordinárias, para resultados imediatos, ou novos impostos para ficarem, taxação de rendimentos ou taxação de património, entre os rendimentos se se deve distinguir os que já são taxados, se a taxas progressivas ou a taxas liberatórias, e os que não estão sujeitos a impostos, no caso do património se se inclui o património imobiliários ou se só o mobiliário. Também não se diz como são estes rendimentos ou patrimónios taxados actualmente nos diversos países, logo não é possível avaliar da justeza de novas taxas.
Também não vi ninguém discutir a possibilidade de aumentar a fuga de capitais, nomeadamente para paraísos fiscais, nos países que aplicarem tais medidas. Nem vi considerar o efeito negativo sobre a poupança, que deveria ser promovida. Muito menos vi uma discussão séria sobre o nível de riqueza que seria justo ou útil submeter ao novo imposto.
Sobre o assunto tenho uma proposta: Que, no caso de se avançar para um imposto adicional sobre os rendimentos muito elevados, se isentem aqueles que se destinam a investimentos produtivos. Talvez assim não se facilite a redução das dívidas públicas, mas certamente se promoveria o investimento.
Por último, trazer à lembrança o slogan do PREC "Os ricos que paguem a crise!" só pode baralhar as ideias. Até porque as fortunas dos ricos, mesmo que taxadas a 100% se tal fosse possível, não chegavam para pagar a crise. A crise actual é mesmo muito cara!»
Cara Suzana:
Tem plena razão no que diz e o Sr. Soros deve estar a rir-se às gargalhadas com os papalvos dos jornalistas e políticos que lhe criam a imagem de pessoa preocupadíssima com as dívidas dos países e lhe fazem a melhor das publicidades pessoais. Ora o sr. Soros não investe um tostão na economia real, dedicando-se ao negócio financeiro (claro que as Bolsas são essenciais para financiar a economia). Mas, com o negócio financeiro, dedicou-se à especulação financeira (distingo uma coisa da outra), levando a cabo acções que, se não feridas de ilegalidade, vão contra a boa ética que em tudo deve imperar. Hoje gere carteiras de muitos biliões com um poder imenso sobre os mercados, podendo levar a tremendos movimentos de bolsa de pura especulação, utilizando toda a panóplia de intrumentos financeiros desregulados, como o short-selling, apostando em baixas incontroláveis ou em altas para rentabilizar os fundos que gere.
Melhor faria o Sr. Soros, aliás como a Suzana diz, se voluntariamente entregasse uma pequena parte da riqueza que criou para si próprio com os negócios menos éticos que levou a cabo.
Entretanto, a moda pegou na França. Aqui, de modo algo artificial, já que o Manifesto lançado me parece mais uma jogada política do que um verdadeiro Manifesto de Ricos. Na lista, a par de alguns ricos, como a Senhora da Loréal, de 90 anos, e que pouco tem a perder, o que consta são bastantes executivos de empresas que, ganhando muito bem, não poderão ser apelidados de verdadeiramente ricos.
De qualquer forma, é mais uma panaceia criada para enganar o ZÉ Povo.
Em Portugal, toda a fortuna, não digo os rendimentos, toda a fortuna dos 100 mais ricos, se expropriada sem qualquer pagamento, não dava para cobrir um ano de défice, o que dá a ideia da demagogia que se põe nestas coisas.
Claro que pode haver tributações excepcionais em casos excepcionais. Mas deveriam ser apresentados seriamente, sem demagogias, bem explicados nos seus fins e quantidades. Como a coisa se vai fazendo, e Portugal não escapa, é apenas uma forma de não diminuir despesa, que dá trabalho e não traz dividendos políticos.
http://www.youtube.com/watch?v=NjLuqNVYl2s
;))))
A Dra. Suzana Toscano recuperou muito bem e com toda a pertinência este assunto que estou convicto prende a atenção da maioria do povo, uma vez que surge como a “primeira” solução milagrosa para resolver a grave crise que ensombra e torna cada vez mais penosa e sem sentido a vida de muita boa gente. Bem haja por este trabalho, pelo detalhe da análise que ajuda a reflectir.
No entanto a questão dos “excessivamente ricos” não é de somenos importância numa conjuntura em que se exige investimento; e não interessa muito saber se "eles" se riem na proporcionalidade das suas alarves fortunas, mas antes saber se pagam os impostos com a mesma justiça de um qualquer trabalhador, se cumprem a sua função de investidores…
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