A minha primeira surpresa na Croácia radicou na desconformidade entre a estatística e a realidade aparente. Com um PIB per capita à volta de 63% do nosso e um salário mínimo de 250 euros (metade do português), pensava encontrar um país pobre com sinais exteriores de alguma pobreza. Mas não. As cidades estão cuidadas, não vi pessoa sem abrigo dormindo nas ruas, as povoações apresentam-se de cara lavada. O povo anda vestido à moda, as esplanadas estão cheias.
No entanto, os preços andam à volta dos portugueses. Assim, ou a imagem do país esconde uma realidade não tão atractiva, ou porventura uma forte economia paralela explicará o mistério. Ou as estatísticas mais uma vez enganam.
De qualquer forma, trata-se de um país bem europeu, que já viu encerrado o dossier de entrada na Comunidade, estando tal acto marcado para 2013. Aliás, a bandeira da CE aparece já desfraldada no Palácio do Governo, em Zagreb, ao lado da bandeira nacional. O esforço de adaptação das suas instituições de uma economia socialista com vista à adesão deve ser enaltecido, tanto mais que o país sofreu os efeitos de uma sangrenta e destruidora guerra com a Sérvia iniciada com a proclamação da independência, em 1991, e só terminada em 1995.
Feito desmantelamento da economia socialista, a actividade económica entrou num período de grande expansão. Entre 2000 e 2009, teve um crescimento real de 33% (Portugal 5,3%). E obteve esse crescimento sustentado sem que a dívida pública ultrapassasse os 36% do PIB. O que comprova que o crescimento pouco tem a ver com os gastos do Estado. No entanto, o investimento público pareceu-me significativo, porventura para servir o turismo, área importante da actividade económica. A Croácia já dispõe de uma rede de auto-estradas que liga costa de norte a sul e alguns dos principais centros.
Do país e dos locais irei aqui contando outras impressões.
Nota: A Croácia tem uma população de 4,4 milhões de habitantes, um PIB de 45 mil milhões de euros (3,7 vezes inferior ao de Portugal), um PIB per capita de 10,2 milhares de euros (Portugal, 16 milhares).
No entanto, os preços andam à volta dos portugueses. Assim, ou a imagem do país esconde uma realidade não tão atractiva, ou porventura uma forte economia paralela explicará o mistério. Ou as estatísticas mais uma vez enganam.
De qualquer forma, trata-se de um país bem europeu, que já viu encerrado o dossier de entrada na Comunidade, estando tal acto marcado para 2013. Aliás, a bandeira da CE aparece já desfraldada no Palácio do Governo, em Zagreb, ao lado da bandeira nacional. O esforço de adaptação das suas instituições de uma economia socialista com vista à adesão deve ser enaltecido, tanto mais que o país sofreu os efeitos de uma sangrenta e destruidora guerra com a Sérvia iniciada com a proclamação da independência, em 1991, e só terminada em 1995.
Feito desmantelamento da economia socialista, a actividade económica entrou num período de grande expansão. Entre 2000 e 2009, teve um crescimento real de 33% (Portugal 5,3%). E obteve esse crescimento sustentado sem que a dívida pública ultrapassasse os 36% do PIB. O que comprova que o crescimento pouco tem a ver com os gastos do Estado. No entanto, o investimento público pareceu-me significativo, porventura para servir o turismo, área importante da actividade económica. A Croácia já dispõe de uma rede de auto-estradas que liga costa de norte a sul e alguns dos principais centros.
Do país e dos locais irei aqui contando outras impressões.
Nota: A Croácia tem uma população de 4,4 milhões de habitantes, um PIB de 45 mil milhões de euros (3,7 vezes inferior ao de Portugal), um PIB per capita de 10,2 milhares de euros (Portugal, 16 milhares).
4 comentários:
António,
As estatísticas erram, é verdade, mas os nossos olhos também se deixam frequentemente ludibriar pela observação pontual.
Quem visita Lisboa e vai até aos Shopping Center que há na cidade e à sua volta, e compara com Zurique, por exemplo, concluirá que os suíços são uns pobretanas e os portugueses uns endinheirados.
Mas se compararmos a densidade de agências bancárias, de postos ATM, de automóveis a circular no centro da cidade, de restaurantes, de lojas, de carros estacionados ao longo das ruas, etc. tudo faz concluir que Lisboa está de novo num século dourado.
Compara Lisboa com o Washington com os memos indicadores visuais e as conclusões são semelhantes: a prosperidade mora em Liboa. O fadinho também, mas é só num bairro antigo...
Por outro lado, se atravessas a Suíça, os campos estão cultivados, há casas antigas de campo com estrumeiras e tudo. O campo em Portugal é, geralmente, uma maravilha ecológica sem pegada humana.
Eu não conheço a Croácia e até pode acontecer que lá bata a bota com a perdigota. Por cá, a perdigota voa alto e não lhe chega a bota.
Em casa do meu sogro, prestam serviço de jardineiro e de doméstica, um casal de imigrantes Croatas.
Ele garantiu e provou, ter sido engenheiro de máquinas no seu país, a mulher enfermeira.
Estou com o caro Rui Fonseca... somos mesmo ricáços, só que... como temos o habito de por tudo e por nada nos lamentarmos...
;)))
Huum, é um facto que as aparências iludem e que, tal como aconteceu em Portugal, os sinais exteriores de riqueza é a primeira coisa que aparece com o "desapertar do cinto" e a chegada de dinheiros comunitários.
Permita-me o caro Pinho cardão fazer uma observação quando compara as taxas de crescimento da croácia com as de Portugal, não me parece comparável uma vez que eles estão na fase em que nós estávamos quando também crescíamos a olhos vistos. Lembra-se de que a Grécia nos "ultrapassou" em PIB há uns anos atrás (poucos) e que isso parecia delirante aos olhos de quem quer que visitasse a Grécia? Pois é. Levaram muito tempo até perceber que as estatíticas, vistas assim, não são completamente de fiar. Mas ainda bem que a Croácia vive tempos de prosperidade, tive uns amigos croatas (ainda no tempo da Jugoslávia) e viviam com grande austeridade, apesar de serem ambos muito qualificados. Gente lutadora e muito sofrida.
Caro Rui e Caro Bartolomeu:
Pois claro que não estou contra. Aliás, as minhas dúvidas ficaram, penso, bem explícitas no texto. Também é verdade que talvez tenha andado mais nas zonas mais ricas (litoral), mas também andei pelo interior. Mas o facto é que andei bastante mais de mil quilómetros e pelo menos 500 fora de auto-estradas, passando no meio das mais variadas povoações.
Para mim, a coisa continua um mistério: não vi pobreza aparente, o ordenado mínimo é 250 euros e os preços não diferem muito dos de cá. Oito dias não deram para perceber, nem com explicação...
Cara Suzana:
Claro que a percentagem do crescimento é maior quando se parte de uma base muito baixa, como é o caso. Pelo que os números têm que ser interpretados tal como a Suzana o diz. Comparei com Portugal, apenas como referência e nada mais.
Claro que a Croácia não é o paraíso, longe disso. Há muito descontentamento com o Governo, segundo me referiram, porque as expectativas não têm sido concretizadas. Põem agora muita esperança na UE, embora já vão desesperando de entrar, devido aos sucessivos adiamentos. Mas que se apresentam de cara lavada isso é um facto. Porventura limpinhos, mas remendados...
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