O rapaz era todo despachado, de uma simpatia franca e aquele entusiasmo a falar de quem sabe que tem a vida toda à frente e vários caminhos à sua escolha. Apesar de já ter um filho de poucos meses, contava que tinha pena de ter tão pouco tempo para o ver, entre o trabalho "na banca" e o estudo intenso para preparar a candidatura a um MBA. Falou com grande segurança das opções de "Business schools" que equacionava e cuja latitude era tão lata quanto Espanha, Fontainebleau, EUA e ainda outro qualquer do topo dos rankings dos melhores do mundo, talvez na Ásia, enfim, ia candidatar-se aos melhores, tentar a bolsa, conseguir uma licença no banco, não percebi onde é que a família entrava nisto tudo mas pareceu-me ouvir de raspão que era só um ou dois anos fora, nada de definitivo. Então e depois, volta para cá?, perguntei, habituada como estou a que isso do regresso é um enorme logo se vê. Ele hesitou e riu-se, a ideia é voltar com o MBA, sim, mas o problema é que agora nos bancos e nas empresas os lugares melhores estão ocupados pelos que têm 40 anos ou pouco mais, estão "agarrados" aos lugares por muitos anos, não largam, não se abre caminho aos mais novos e para ter alguma hipótese de progredir é preciso sair daqui.
Não sei o que esperam estes jovens encontrar "lá fora", suponho que a ânsia de reconhecimento lhes reserve alguns amargos de boca, mas desejo-lhe as maiores felicidades e que volte, com qualificações acrescidas e a capacidade de, quando finalmente chegar a vez dele, saiba dar o lugar "aos outros", consumidos que estejam os breves anos da sua juventude, mas o mais certo é a bitola ir sendo colocada mais adiante...
2 comentários:
Cara Drª Suzana, a Senhora reconhece-me um "certo jeitinho" para encontrar as músicas "certas" para os postes. Ao ler este que publica, saltou-me de imediato uma, do Ney Matogrosso, à memória. Diz a letra; ...se correr o bicho pega, se ficar, o bicho come...
Apesar de o tema da canção ser bem diferente do tema do post, (ou vice-versa), parece-me que nos tempos que vivemos, e sobretudo na conjuntura politica-empresarial-social, nacionais... os jovens homens e mulheres do nosso país, aqueles que tiverem "H"s e "M"s muito grandes, só lhes resta correr no sentido de atingir o objetivo com que sonham e, sonhar com um objetivo para as suas vidas, de preferência, no seu país, fazendo com que cresça de uma forma saudável, quem sabe, servindo-se da experiência de vida e do sentido de cidadania que adquiriram lá fora.
Então cá vai o tal de Ney, fantasia do de índio, perdão, de índia... d'isso, pronto!
http://www.youtube.com/watch?v=-i1QY3mo0PU
Suzana
A imaturidade também é própria da juventude. Melhorar os estudos é o que muitos jovens fazem, conheço vários, levaram as mulheres que também decidiram fazer mais alguns estudos. Pensar que os lugares dos "40 anos" é uma particularidade portuguesa é estranho, afinal daqui observamos tudo o que se passa lá fora. A ambição leva tempo a concretizar-se, pensam como se o mundo acabasse amanhã, uma visão perigosa cheia de potenciais frustrações. Acabam a aprender à sua custa...
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