1. São conhecidos os resultados da operação de troca de dívida ontem anunciada pelo IGCP e cujos contornos deixei resumidamente anotados em Post também ontem editado: um total de trocas de € 6,65 mil milhões, equivalente a cerca de 25% da dívida pública titulada por OT’s com vencimento em 2014 e 2015.
2. Mais concretamente, os investidores aceitaram trocar (i) dívida com vencimento em Junho e em Outubro de 2014, nos montantes de € 837 milhões e de € 1.640 milhões respectivamente, e (ii) dívida com vencimento em Outubro de 2015, no montante de € 4.164 milhões, por dívida com vencimento em 2017 (€ 2.680 milhões) e em 2018 (€ 3.970 milhões)...(os totais não são exactamente iguais por causa das diferenças dos preços em relação ao par, tanto na venda como na compra).
3. O mercado parece ter reagido de forma muito positiva a esta operação, interpretando-a como um razoável sucesso atentas as particulares circunstâncias em que ocorreu, iniciando um delicado e certamente laborioso processo de “abertura de portas” até o Tesouro voltar a financiar-se no mercado em condições aceitáveis...
4. Não vale a pena escamotear o facto desta operação ter sido afectada pela incerteza quanto ao “juízo final” do TC sobre algumas normas do OE/2014 com maior impacto na redução da despesa corrente das Administrações Públicas...sem esse factor de potencial perturbação, esta operação teria recebido uma resposta bem mais expressiva, certamente.
5. Mas, ponderando esse factor, a operação de troca nem correu mal, permitindo aliviar o serviço da dívida em 2014 e em 2015, o que significa reduzir as necessidades de financiamento líquidas e tornar menos exigente o recurso aos mercados na era pós-Troika...
6. ...resta agora saber como será o misterioso período pós-Troika - na aula magna não se descansa, devem estar a decorrer já exercícios de aquecimento para tornar esse período tão conturbado quanto possível...tentando, por todos os meios, levar-nos ao tapete e anular, gloriosamente, os gigantescos esforços e sacrifícios que Famílias e Empresas privadas têm vindo a fazer para dar a volta ao País...
10 comentários:
O PC e o Be já começaram o foguetório...
Dr. Tavares Moreira
Não sabemos quem são os investidores e não há informação sobre o custo da troca. Suspeito que o Fundo de Estabilização Financeira da Segurança Social terá sido um importante investidor, dando assim cumprimento ao despacho do ex- ministro das finnaças que estabelece que o Fundo deve refazer a sua carteira de activos de modo a que a divída pública nacional represente 90% do total. E julgo que os bancos nacionais estiveram também envolvidos. Neste caso não seriam obrigados e, portanto, se o fizeram viram na troca uma operação financeiramente interessante. Mas tudo somado, a troca terá ficado em Portugal, como aliás aconteceu em 2012.
Sim, com um PR a dizer que qualquer corte de despesa será chumbado e um TC a escrever o pequeno livro vermelho da justiça não acredito que algum estrageiro seja maluco o suficiente para meter cá um tusto.
Mas, meu caro Tavares Moreira, como é que o mercado não poderia ter reagido de forma muito positiva a esta operação, com os juros que Portugal vai pagar (quando poderia pagar os juros do BCE – 0,5% ( e, mesmo estes, já são um roubo))?
Não é na aula magna que está a aquecer. São as mentes de centenas de milhares de portugueses que, cada vez melhor, percebem o roubo colossal de que eles (e os seus compatriotas) estão a ser alvo pelos seus «representantes eleitos».
Ninguém sabe quando disparará o termostato, mas, este atingido, os banqueiros (ladrões), os governantes (a soldo dos anteriores), os deputados (vendidos aos primeiros), os gnomos criminosos dos grandes escritórios de advogados, os juízes do tribunal constitucional (eleitos pelos deputados), alguns juízes do tribunal de contas, os procuradores-gerais (que estão mais preocupados em tamponar do que em investigar), e os comentadores mediáticos venais (que defendem estes corruptos todos), devem começar a ter certas cautelas. Porque haverá muitas centenas de milhares de portugueses que, em desespero, individualmente ou em grupo, não hesitarão em fazer justiça pelas próprias mãos.
Financial Times: Sucesso com CTT e troca de dívida ajudam Portugal a sair do programa da troika.
Portugal está a conseguir fazer jus à fama de ser uma nação de bons navegadores, mas ainda é cedo para o país pensar seguir o exemplo da Irlanda e aventurar-se nos mares dos mercados financeiros sem uma rede de segurança europeia, considera o jornal britânico.
“Como convém a uma nação marítima, os governantes em Portugal estão a esforçar-se por atracar o navio antes que a maré mude” e “dois eventos nesta terça-feira mostram os resultados”, escreve o “Financial Times”, ao resumir o acordo de troca de 6,6 mil milhões de títulos de dívida pública e o facto de, devido à forte procura, o preço da oferta pública de venda dos CTT ter ficado no nível mais alto fixado pelo Governo, permitindo um encaixe de quase 600 milhões de euros.
“Ambos vão ajudar Portugal a alcançar o seu objectivo de sair no próximo ano do resgate da troika. Mas Portugal não deve apressar-se para entrar num período de auto-suficiência”, acrescenta o jornal no seu blogue LEX, especialmente dirigido aos investidores financeiros.
Na sua opinião, a situação de Portugal está a melhorar mas ainda não atingiu um patamar de segurança que permita ao país seguir o exemplo da Irlanda que, contrariando as expectativas, optou por não pedir um programa cautelar para ajudar à transição para os mercados quando o regate da troika terminar em meados de Dezembro.
http://www.jornaldenegocios.pt/economia/financas_publicas/detalhe/ft_sucesso_com_ctt_e_troca_de_divida_ajuda_portugal_a_sair_do_programa_da_troika.html
É curioso que se encontram mais facilmente no estrangeiro notícias positivas a respeito de Portugal do que em Portugal. Há de facto um negativismo há muito cimentado no país. Por vezes, chega a parecer patológica a necessidade de se dizer mal, de se dizer que tudo vai falhar, que tudo está errado. E do lado da esquerda radical então nem se fala. Mas nesse âmbito, os objetivos são outros! Com que discurso fica a esquerda radical se Portugal tiver êxito, se Portugal evitar um segundo resgate, se Portugal continuar a ter resultados positivos, por exemplo, em matéria de exportações, de redução do endividamento externo, etc?
Caro Dr. Tavares Moreira,
Se não for incómodo, poder-me-ia facultar dados sobre a evolução do défice nominal e do défice primário, por exemplo, desde a década de 60 ou 70 do século passado? Antecipadamente grato.
Cara Margarida,
Acredito que terá razão, em boa parte do que diz. Todavia, já vi hoje notícias que dão conta de algum interesse estrangeiro (venezuelano? norte-coreano? zimbaweano? californiano?) na troca de dívida ontem realizada.
Se essas notícias se confirmarem, é mais positivo, certamente.
Caro Tonibler,
Espero que na agenda de amanhã ainda caiba este tema da troca de dívida...
Aproveito para chamar a sua atenção para a antecipação da hora do repasto para as 12H45, o restaurante não garantia reserva se fosse mais tarde (é o efeito da maldita crise...).
Caro Pedro de Almeida,
De acordo com os seus comentários acerca do culto sdo pessimismo como praga nacional, naturalmente exacerbado por uma classe mediática que, na sua esmagadora maioria, ainda não desistiu do sonho de levar o País para a bancarrota...
Quanto aos dados que pretende, sugiro que consulte o site do INE; eu teria todo o gosto em ser-lhe útil, pode crer, mas não disponho dessa informação em meus arquivos.
Caro Tavares Moreira,
A crise faz com que esses locais estejam repletos de gente em busca de saciar as suas necessidades mais primárias como a fome. É bem um sinal da ditadura financeira da Sra. Merkel. Quanto à troca de dívida é uma demonstração clara que os professores do Sr. Ex-Primeiro Ministro tinham razão quanto ao pagamento da dívida pública. Afinal se pode ser paga com dívida pública, ela não se paga.
Caro Tonibler,
Os sinais da ditadura financeira da Sra. Merkel - que tinha a mais estricta obrigação de nos ceder fundos a juro zero, sem qq obrigação de reembolso - também são visíveis no forte aumento do número de viaturas novas vendidas em Portugal, adquiridas por pessoas desesperadas, tentando fugir coma a maior velocidade dessa ditadura, em Aston Martin, se necessário.
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