Número total de visualizações de páginas

sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

Estupidez, incúria e irresponsabilidade

Foto de Maria A., colhida no Blogue Arte, Livros e Velharias
 
Chamaram-me a atenção para esta notícia. Uma valiosa tela de Josefa d´Óbidos do seculo XVII que existia no Convento de Santa Cruz do Buçaco, ardeu em consequência de um curto circuito provocado pela água que entrava no edifício. O problema, escreve-se, foi a falta de dinheiro para a reparação do telhado que "há muito" se encontrava danificado. E lá veio, como habitualmente, um autarca dizer que vai arranjar o dinheiro que faltou, com se as tardias trancas na porta servissem para algo mais do que alívio de consciências. Mas não. A ser como se conta na notícia não foi a falta de dinheiro que levou ao desaparecimento de mais uma peça do património cultural e artístico português que deveria constituir uma herança a salvaguardar por todos os meios. A causa está na estupidez e na incúria de quem tinha à sua guarda tal tesouro e não foi capaz do gesto barato, fácil e responsável de a retirar de um sítio onde se encontrava condenada à destruição. Se não fosse pelo fogo, como foi, sê-lo-ia certamente pela humidade "há muito" presente.
Uma estória mais de irresponsabilidade neste País que por vezes despreza o que de melhor possui. De estranho, somente o facto de merecer umas linhas num jornal...

5 comentários:

Massano Cardoso disse...

"Toda arte é uma revolta contra o destino do homem".

Está frase enunciada por André Malraux é sedutora e tranquilizadora, dando o verdadeiro significado ao porquê de o homem procurar refúgio na criatividade das diferentes artes. O nosso "destino" está marcado à partida, não por qualquer vontade ou capricho divino, mas pela natureza e ingratidão da própria vida. Só isso, e chega.
Leio a seguinte notícia, http://www.jn.pt/paginainicial/pais/concelho.aspx?Distrito=Aveiro&Concelho=Mealhada&Option=Interior&content_id=3612826, e sinto uma revolta, não contra o destino do homem, mas contra o próprio homem. Ao deixar que se destruísse uma obra de arte não fez mais do que destruir-se a si próprio e aceitar a miséria do seu destino. Já nem consegue revoltar-se contra o destino, porque não preserva a arte, a única arma que lhe resta.

Floribundus disse...

notícia de jornal de 1836
cerca de 1000 kg de telas retiradas dos conventos fechados 2-3 anos antes
foram queimadas em público por se encontrarem em mau estado

em 1976 o Dr Afonso Zuquete comprou parte dum códice de Alcobaça utilizado para embrulhar castanhas assadas junto à Praça de C de Ourique

Margarida Corrêa de Aguiar disse...

José Mário
Falta de cultura, excesso de incultura!

Rui Fonseca disse...


"Um povo destrói-se à medida que destrói a sua memória".

Vamos adiantados.

Luis Moreira disse...

Mas fez-se um museu dos coches novo , caro e desnecessário...