A primeira vez que ouvia a expressão da boca de Mário Soares pensei para comigo, “cá está o “sounbyte” para replicar nos media”. Da leitura da entrevista à Visão fiquei a saber algo mais.
Perante a pergunta da jornalista,
- "O que quis dizer quando avisou que vem aí o “sebastianismo revanchista de direita”?
Mário Soares foi peremptório:
- "Isso não tem a ver com o professor Cavaco Silva. É evidente que há apoiantes dele que querem um Presidente interventivo, que não respeite a Constituição".
Conclusão: o problema para Mário Soares não está no candidato Cavaco Silva, mas nos seus “apoiantes” que promovem um sebastianismo com o potencial D. Sebastião presente. Quer isto dizer que não há regresso, mas nem por isso deixa de haver “nevoeiro”. Para que a cena se componha o “nevoeiro” é o “silêncio”, o “enigma”, o perfil “esfíngico”.
Por isso, esclarece na mesma entrevista: “Cavaco Silva é uma coisa, a entourage dele é outra.(…) Parece ter atrás dele toda a direita e mesmo a pior memória do cavaquismo”.
Chama-se a isto meter medo, acenar com os fantasmas, “fazer nevoeiro”, despertar receios e lançar suspeições.
A esquerda velha anda, há décadas, a lançar este tipo de balelas intelectualizadas para os ouvidos do cidadão comum, manifestando um profundo desrespeito pela sua inteligência e memória. Banalizou o truque e tornou-se ridícula.
2 comentários:
Caro djustino,
Permita-me interpretar o cuidado de Cavaco Silva em referir que os actuais poderes de PR são suficientes, que a sua actuação será de colaboração, que não pretende usar os poderes «negativos» que o cargo lhe conferirá, mais como um recado para os seus, do que para o eleitorado que votou PS (o «centrão»), no qual também quer recolher apoios.
Na minha opinião, esse alerta para o revanchismo que Mário Soares fez, já Cavaco tinha feito, simpaticamente, antes.
No entanto a contragosto, remato eu.
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