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quinta-feira, 3 de novembro de 2005

Homem velho e mulher nova fazem filhos...

Os estudos sobre a longevidade têm-se multiplicado constituindo uma das áreas mais promissoras da investigação. É compreensível. Desde sempre que o homem procura a fonte da longevidade ou o elixir da vida. O medo da morte empurra-o à procura da imortalidade. Não sei se valerá a pena ser imortal. Deve ser muito cansativo. Além do mais imortalidade sem juventude não deve ser muito agradável que o diga Titonus que ao apaixonar-se pela deusa Aurora fez com que esta pedisse ao todo poderoso Zeus a imortalidade para o seu mortal amado. Zeus que não gostava muito que as suas deusas se apaixonassem pelos mortais satisfez-lhe o desejo. Assim Titonus alcançou a imortalidade mas envelheceu tanto que ficou demente e não havia maneira de morrer. Também não podia! Aurora com pena transformou-o em gafanhoto, símbolo da imortalidade.
Há algum tempo que se sabe que a hereditariedade tem um forte componente genético. Além dos genes existe um outro mecanismo que tem a ver com os telómeros. São “apêndices” existentes nos cromossomas. À medida que se dividem vão ficando mais curtos. Ao sofrerem novas divisões ficam mais curtitos, a tal ponto que já não conseguem dividir-se mais e, assim, zás! Acabou! Logo é fácil de compreender que os possuidores de telómeros mais longos conseguem mais divisões e, consequentemente, os seus proprietários vivem mais. O interessante é o facto desta característica ser transmitida pelo pai, mas não pela mãe. Aqui está uma provável fonte de discriminação sexual! A confirmar-se este achado, lá temos que obter informação sobre a sobrevivência do pai, do avô, do bisavô e por aí acima, “desprezando” o lado feminino. Mas, ainda há mais. Parece que os telómeros dos espermatozóides vão aumentando à medida que os indivíduos envelhecem, transmitindo esta característica aos descendentes. Sendo assim, o provérbio, “homem velho e mulher nova fazem filhos até à cova” deve ser complementado por um outro: homem velho e mulher nova fazem filhos que nunca mais chegam à cova…

4 comentários:

Carlos Monteiro disse...

Ora aqui está o post verdadeiramente didáctico!

Suzana Toscano disse...

Muito interessante, como sempre, O Prof. Massano, como todos os bons professores, tem este condão de contar as coisas complicadas de uma forma muito simples e divertidas!

Anthrax disse...

Então a culpa de um comportamento social - que se aprende desde o berço, ou até mesmo antes, quando começam com a história do azul para o menino e o cor-de-rosa para a menina - é dum "apêndice"?!?

Eu não acho isso nada bem!... Um "apêndice"!...

Caro prof. digo desde já que isso não é nada romântico. Ainda por cima um "apêndice" chamado telómetro. Mas por outro lado, é uma ideia bastante interessante que pode dar início à construção de novas teorias politico-sociais, era engraçado fazer uma tese sobre isso.

Pessoalmente, não consigo apresentar nenhum projecto de tese pois encontro-me numa fase de bloqueio mental de longa duração, também designado por "branca". Só que no meu caso, a folha não está branca, tem é tanta coisa e tantas ideias que não consigo concentrar-me numa só. Bom, vou continuar à espera que isto passe.

Tirando isso, gostei deste "post".

Massano Cardoso disse...

Caro Anthrax

Os telómeros são as extremidades dos cromossomas. São regiões de ADN não codificante, altamente repetitivas, cuja função principal é a estabilidade estrutural dos cromossomas nas células eucariotas, a divisão celular e o tempo de vida das células.
Telómero do grego telos, “final” e meros, “parte”.

Já está corrigido o “apêndice”. È um pouco mais aborrecido, mas cientificamente correcto.
Um abraço