Ontem, todo o país ficou a saber, com espanto, e pela própria boca do Primeiro-Ministro, no Debate Mensal na Assembleia da República que, agora, ao contrário do que sucedeu no período 2002-2004, a venda de património imobiliário do Estado é considerada “boa gestão”.
Dantes, em 2003, por exemplo, o mesmo José Sócrates, então Deputado da Oposição, considerava todas as receitas extraordinárias – incluindo, portanto, a venda de património – como “manigâncias”... Mas agora... como enquanto investido nas suas funções de Primeiro-Ministro disse que as contas públicas não teriam truques, nem habilidades, nem manigâncias como tinha acontecido entre 2002 e 2004 (referindo-se, claro às receitas extraordinárias)... ora aí está a boa gestão!...
Não há dúvidas, mudam-se os trempos, mudam-se as vontades e... as designações.
No entanto, para além de referir esta curiosa mudança de nomenclatura do Deputado José Sócrates para o Primeiro-Ministro José Sócrates, não posso, ainda, deixar de referir que o Engenheiro Sócrates parece esquecer-se que os pioneiros na utilização de medidas extraordinárias do lado da receita foram os governos do Partido Socialista: em 1997 – ano em que seria decidida a participação de Portugal na União Económica e Monetária –, com a integração do fundo de pensões do BNU na Caixa Geral de Aposentações; e em 2000 com as receitas resultantes das vendas das licenças de telemóveis da terceira geração (UMTS). Governos em que, curiosamente, o Engenheiro José Sócrates participou, quer enquanto Secretário de Estado, quer enquanto Ministro!...
Então na altura, as receitas extraordinárias serviam e, pelos vistos eram até muito úteis; depois, entre 2002 e 2004, já eram manigâncias; agora, a venda de património – que é irrepetível, pois não se pode vender o mesmo edifício duas vezes, por exemplo –, já é uma medida de boa gestão!... E esta hein?!...
Creio que nem o modo muito pouco elegante, roçando, aliás, mesmo a má-criação e a ofensa pessoal, como o Engenheiro José Sócrates se me dirigiu no debate mensal de ontem – pois foi minha, enquanto Deputado do PSD, a pergunta sobre este tema – conseguiu desviar a atenção de todos quer (i) para os ziguezagues no tempo do actual Primeiro-Ministro sobre o tema “receitas extraordinárias”; quer (ii) para o facto de se ter comprometido a não as usar e agora ir, de facto, usá-las... em vendas de património imobiliário, estimadas pelo Ministro das Finanças em cerca de EUR 200 milhões – mas que, por mais medidas de boa gestão que sejam, é inegável que são, ao mesmo tempo, receitas extraordinárias!
Mais comentários para quê?!... É a política no seu melhor... perdão, corrijo: no seu pior, e que, por isso, devia ser evitado a todo o custo...
Dantes, em 2003, por exemplo, o mesmo José Sócrates, então Deputado da Oposição, considerava todas as receitas extraordinárias – incluindo, portanto, a venda de património – como “manigâncias”... Mas agora... como enquanto investido nas suas funções de Primeiro-Ministro disse que as contas públicas não teriam truques, nem habilidades, nem manigâncias como tinha acontecido entre 2002 e 2004 (referindo-se, claro às receitas extraordinárias)... ora aí está a boa gestão!...
Não há dúvidas, mudam-se os trempos, mudam-se as vontades e... as designações.
No entanto, para além de referir esta curiosa mudança de nomenclatura do Deputado José Sócrates para o Primeiro-Ministro José Sócrates, não posso, ainda, deixar de referir que o Engenheiro Sócrates parece esquecer-se que os pioneiros na utilização de medidas extraordinárias do lado da receita foram os governos do Partido Socialista: em 1997 – ano em que seria decidida a participação de Portugal na União Económica e Monetária –, com a integração do fundo de pensões do BNU na Caixa Geral de Aposentações; e em 2000 com as receitas resultantes das vendas das licenças de telemóveis da terceira geração (UMTS). Governos em que, curiosamente, o Engenheiro José Sócrates participou, quer enquanto Secretário de Estado, quer enquanto Ministro!...
Então na altura, as receitas extraordinárias serviam e, pelos vistos eram até muito úteis; depois, entre 2002 e 2004, já eram manigâncias; agora, a venda de património – que é irrepetível, pois não se pode vender o mesmo edifício duas vezes, por exemplo –, já é uma medida de boa gestão!... E esta hein?!...
Creio que nem o modo muito pouco elegante, roçando, aliás, mesmo a má-criação e a ofensa pessoal, como o Engenheiro José Sócrates se me dirigiu no debate mensal de ontem – pois foi minha, enquanto Deputado do PSD, a pergunta sobre este tema – conseguiu desviar a atenção de todos quer (i) para os ziguezagues no tempo do actual Primeiro-Ministro sobre o tema “receitas extraordinárias”; quer (ii) para o facto de se ter comprometido a não as usar e agora ir, de facto, usá-las... em vendas de património imobiliário, estimadas pelo Ministro das Finanças em cerca de EUR 200 milhões – mas que, por mais medidas de boa gestão que sejam, é inegável que são, ao mesmo tempo, receitas extraordinárias!
Mais comentários para quê?!... É a política no seu melhor... perdão, corrijo: no seu pior, e que, por isso, devia ser evitado a todo o custo...
6 comentários:
Sabe, camarada Frasquilho, não é crime mandar um PM à m... mas é não o mandar quando o interesse público o exige. E neste caso, parece-me que mandar o Sócrates a qualquer sítio menos próprio, quando ele nem sequer é bem educado, era aquilo que o povo exigia dos seus deputados.
Sim, é uma crítica.
Caro Miguel Frasquilho,
Já que personalizou a questão, acho-me no direito de lhe perguntar directamente:
Deve o Estado vender ou não aquele tipo de património?
E é esta a questão que interessa! O seu mal particular, como o do seu partido (e é por isso que não arrancam nas sondagens) é preferir o modo e a forma e o superficial - a politiqueirice - à essência das questões.
Quando um dia começarem a tratar dos assuntos em concreto, em vez de os «utilizarem» para a debate-á-volta-de-coisa-nenhuma talvez ganhem votos.
Até lá continua a ser apenas divertido continuar a ver o Primeiro-Ministro, sozinho, a desancar o PSD todo, ganhando sempre.
Infelizmente...
Desculpe a franqueza.
Caro cmonteiro
O meu amigo tem uma forma “sui generis” de analisar o fenómeno político.
Vejo que se esforça por ser um homem objectivo, isento, justo...
Esforça-se... mas os resultados não são entusiasmantes.
Com certeza não reparou que a resposta à questão que coloca no seu comentário está subentendida no próprio “post”, senão vejamos:
“Deve o Estado vender ou não aquele tipo de património?” - cmonteiro
“... - mas que, por mais medidas de boa gestão que sejam, é inegável que são, ao mesmo tempo, receitas extraordinárias!”. - Miguel Frasquilho
Reparou agora?
Aliás Miguel Frasquilho já várias vezes defendeu, aqui no 4R, a virtude das boas receitas extraordinárias.
Este “post”, e muito bem, pretendeu analisar o carácter (ou a falta dele) e a coerência do primeiro-ministro. Acha este problema uma mera questão de forma? Para si, atenta a abordagem que faz, os valores e os princípios são a escuma do debate político.
Depois ainda se regozija com os triunfos retóricos do chefe do governo.
Sendo assim, parabéns! Parabéns pelas vitórias pirrónicas do seu mestre.
Mas não se esqueça do velho aforismo: “com ferros se mata, com ferros se morre”.
A política deveria ser muito mais do que um jogo beligerante para gáudio dos “bárbaros” espectadores.
A política deveria ser uma coisa séria, de gente séria, que coloca os seus talentos ao serviço da comunidade. E, se assim fosse, a afirmação das nossas convicções não passaria, necessariamente, pelo exercício do vale tudo. O respeito, a urbanidade e a coerência seriam, além do mais, um excelente exemplo didáctico e pedagógico para todos os que observam o fenómeno político.
Quando os altos dignitários do Estado se comportam como se de dirigentes futebolísticos se tratassem, manifestando empáfia e desdém em relação aos outros, é sinal de degenerescência dos costumes. É como cuspir para o ar. Mais tarde ou mais cedo cai-lhes em cima a babugem narcísica do seu autismo existencial.
Talvez por isso, em regra, não seja a oposição a ganhar as eleições, mas sim o partido no poder a perdê-las. O PS deveria estar grato pelo PSD ter sentido de Estado, e não andar por aí a agitar as massas contra todas as medidas do governo, só porque são impopulares. Quando se concorda, concorda-se! Quando não, apresentam-se alternativas. É simples. Assim deveria ser a práxis política. Portugal estaria mais à frente.
E a "essência" do seu post; qual é?...
Caro cmonteiro
Raras vezes o essencial é encontrado por quem não o procura.
Continue a tentar. Quem sabe, um dia...
Pois querem saber uma coisa, cá para mim podem vender o que quiserem, podem chamar-lhe o que quiserem e até podem achar que tiveram a ideia mais brilhante dos últimos 100 anos (o que é dificil, mas não impossível).
Eu cá, só gostaria de saber o que é que vai acontecer quando já não houver mais nada para vender. Aquilo que andam a fazer, consecutivamente, desde há alguns anos para cá, é a vender património para resolver, pontualmente, problemas de falta de liquidez. Só que isso não resolve nada.
É compreensível a razão pela qual o Miguel Frasquilho está «lançando fogo pelas ventas», mas as guerras da semântica devem ficar para outras pessoas.
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