Recordo-me de há já algum tempo ter lido textos evocativos de episódios característicos da vida política e social da 1ª Republica em Portugal – vamos já na 4ªRepublica, segundo este blog, quase se perdem no tempo essas memórias.
Uma das bandeiras do marketing político da época era a abertura de novas escolas, em especial para o ensino primário.
Na instrumentação desse marketing político, bem menos frenético que o actual apesar de vanguardista para o tempo, os miúdos das escolas apareciam a cantar um hino intitulado “Oh, Escolas semeai!”, o qual pretendia fazer ao mesmo tempo um apelo e um elogio, com requintado sabor musical, ao projecto, supostamente ambicioso, de abertura de novas escolas.
Nas duas últimas semanas, o meu espírito inquieto foi alertado por duas notícias que considerei muito curiosas e que me trouxeram à memória aquele hino da velha propaganda das novas escolas.
Concretamente, trata-se da criação de novas Agências para o Investimento, na Região dos Açores e no concelho de V.F. de Xira.
Não bastava a Agência Portuguesa para o Investimento, está agora lançado o precedente para a criação de Agências para o Investimento com base regional ou local.
Apercebo-me de que estas iniciativas surgem como o eco, talvez folclórico mas não surpreendente, de um marketing oficial que diariamente se esforça por anunciar novas intenções de investimento, que pretende por o País em acção sob a bandeira do investimento.
Sem investimento não há futuro, portanto toca a agarrar o futuro com ambas as mãos.
Se a moda pega, vamos ter por esse País fora agências de investimento, de preferência em cada concelho, como sucedeu (e continua ainda) com a criação de centenas de empresas regionais, municipais e intermunicipais – quase sempre sob o pretexto de melhor aplicar os recursos públicos - as quais muito têm contribuído para o “sucesso” da nossa economia.
O que é preciso é investir, ou pelo menos que se agite a ideia do investimento, por todo o País, de Trás-os-Montes ao Algarve e Regiões Autónomas.
Deixo então aqui a sugestão para que no Ministério da Economia alguém se lembre de mandar compor um hino com título “Oh! Agências semeai!”, para ser entoado pelos muitos orfeões que (felizmente) existem no nosso País, por ocasião da cerimónia de criação de cada uma das futuras agências para o investimento.
Importa todavia não esquecer que, cada vez que uma agência destas é criada, se torna necessário dota-la de uma Direcção, de técnicos que analisem os projectos de investimento, de secretárias de apoio à Direcção e aos Técnicos, de telefonistas, de empregados administrativos, de contínuos, motoristas etc,etc. Para além das instalações, secretárias, computadores, telefones, automóveis, etc,etc.
Portugal, no seu melhor...
5 comentários:
Isto é bem indicativo da dinâmica da Agência em si. O melhor é estar PRÓXIMO do investidor para que o investidor SE POSSA DESLOCAR à agência. Não vá o agente ter que levantar o rabo da cadeira para ir à procura do inestidor....
Contrariamente à posição do Tavares Moreira, eu veria com bons olhos e como muito útil para o paìs, a existência de uma Agência (ou outro nome) de investimento em cada uma das actuais CCDR.s.
AF - Regionalização
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Concordo plenamente com o Tavares Moreira.
Não é com mais agencias ou seja lá o que isso for que a coisa lá vai. É mais um fait diver de quem anda à deriva e que se entretêm a lançar foguetes para o ar para entreter o Zé. A incompetência desta classe politica faz dó. A dinamização da economia não se faz com um bater de palmas ou um estalar de dedos.
A criação de mais estes "órgãos" está na lógica da politica despesista e inconsequente dos nossos autarcas e governantes.
Caro José Alberto, as minhas congratulações pela tua participação neste blog, bem frequentado por gente que me parece intelectualmente séria. Quanto às agências, elas estão no ADN dos socialistas. Perante qualquer questão corrente mais séria da governação, toca a criar uma nova agência, departamento governamental, nova autoridade, etc., nem que seja para redundar funções já desempenhadas por outros departamentos já existentes na Administração. Dá um ar de eficiência, bastante esforço e trabalho, criam-se mais uns empregos para os amigos e todos ficam felizes, excepto os que têm de gerir as Contas do Estado. Dou frequentemente por mim a pensar nas críticas dos "fundadores da democracia", designadamente do seu "Papa" Mário Soares sobre a política dos Três FFF do ancien regime. Agora que Portugal já está a perder(fim da 1ª parte) no jogo com a França dos Sub 21, que novo desígnio "nacional" o PM vai arranjar para mobilizar de novo o povão e este esquecer as agruras do défice das contas públicas e outras chatices que só aborrecem?
Caro André Moreira e Caro Manuel de Cascais:
Bem vindos (A.M. já repetente) a este blog, com os vossos comentários por vezes satíricos, mas plenos de realismo.
Custa-nos a todos, os que pensamos em primeiro lugar no País, assistir a esta autêntica "formiga branca", que vai corroendo a economia com soluções e processos pseudo-produtivos, geradores de inutilidades e de encargos.
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