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sexta-feira, 26 de maio de 2006

Método natural...

É do conhecimento geral que a Igreja Católica e, sobretudo, os movimentos pró-vida, só admitem a prática do controlo da fertilidade através do método dito natural, proibindo quaisquer outras, contraceptivos orais, preservativos e uso da pílula do dia seguinte, além de condenarem todas as formas de destruição de embriões. Não pretendendo fazer quaisquer juízos de valor acerca das suas posições, não posso deixar de citar um trabalho recente publicado no Journal of Medical Ethics*, onde o autor afirma que o “ritmo natural” pode matar mais embriões do que os outros métodos. Esta afirmação obrigou-me a uma análise atenta para compreender melhor a afirmação.
O método natural assenta na abstinência durante o período mais fértil. Para uma mulher com ciclo regular, 28 dias, significa que o risco de engravidar ocorre entre o décimo e o décimo sétimo dia. Este método até funciona, mas deve parte do sucesso ao facto dos embriões concebidos nas franjas do período dito fértil serem menos viáveis dos que são concebidos no meio do ciclo. Apesar das limitações, o autor aponta para duas a três perdas de embriões por cada ovo que consiga sobreviver.
Sendo assim, o investigador questiona se é justo esta atitude, “promoção” da morte de embriões, em função da organização da vida sexual. Além do mais questiona o que aconteceria se as largas centenas de milhões de mulheres deixassem de tomar contraceptivos orais, ou se os homens abandonassem o uso de preservativos e aderissem ao método do controlo natural? Ocorreria uma tremenda mortandade embrionária!
Dá que pensar…

*Journal of Medical Ethics 2006;32:355-356
REPRODUCTIVE ETHICS
The rhythm method and embryonic death
L Bovens London School of Economics and Political Science, Department of Philosophy, Logic, and Scientific Method, Houghton Street, London WC2A 2AE, UK.

1 comentário:

Zé Maria Duque disse...

Parece-me um pensamento falacioso.

Os movimento pró-vida defendem que n se devem criar embriões que nunca serão utilizados, que seguramente n poderão viver.

Ou então que se criem 10 embriões, dos quais se sabe que só se vai utilizar um.

Outra coisa diferente é conceber embriões para que eles sigam o seu curso natural, mas que n consigam sobreviver.