Faz hoje anos que nasceu Arthur Ignatius Conan Doyle (22 de Maio de 1859). No tempo de Sherlock, o mistério do envelope 9 seria resolvido em menos de 24 horas. Outros tempos, outros investigadores…
Isso é fácil falar. No tempo do Scherlock era só procurar o local do crime. Hoje em dia, é preciso procurar um local onde o crime possa ter sido cometido, porque o local onde foi cometido não dá jeito nenhum....
Mistério, meu caro Professor? Mas o caso que menciona alguma vez encerrou algum mistério por resolver? É bem o exemplo da decantada historieta do acampamento. Aquela em que Sherlock manda Watson olhar para o céu perguntando-lhe, perante o que via, que dedução fazia. Watson foi dizendo que perante tantos pontos de luz era provável que alguns fossem estrelas, outros planetas; e existindo aquela multitude de planetas deduzia ser certo que existiria vida nalgum deles. Sherlock abanou a cabeça em sinal de que esperava tal resposta, e retorquiu que a dedução certa era a de que alguém lhes tinha fanado a barraca. Também no pretenso caso do envelope 9 se continua a discorrer sobre as estrelas e os planetas. Quando a verdade, a verdade...está na BARRACA, imagem que mais fielmente do que a balança retrata a Justiça em Portugal.
Jamais me ocorreria pensar em Sherlock Holmes a propósito do “caso do Envelope 9”. Eu sei, eu sei, é uma investigação judicial a roçar o paroxismo ou o zénite da procuradoria. Até uma mensagem à Nação mereceu do Presidente da República. Mas será que o “Envelope 9” é mesmo um caso de polícia, ou de justiça? Ou, constitui antes uma efabulação do “24 Horas”, um “facto político” sugerido por alguns interesses inconfessáveis? – decorrente da aliança discreta, por vezes secreta, entre alguns políticos (que advogam em causa própria) e certa comunicação social. Bem, pensando melhor, se abordarmos esta questão numa perspectiva ficcional sempre há algo em comum entre este caso e os enredos de Sir Arthur Conan Doyle da época Victoriana. O Ministério Público, esse, entalado entre a aparência da gravidade (dada pelo mais alto magistrado da Nação) e a vacuidade do caso, fez o que lhe “competia”, investigou com a profundidade que só a dilação do tempo confere a casos supostamente importantes. No fim, o Procurador preanuncia, a montanha irá parir um rato! Também eu entendo que a justiça anda turva em Portugal. Mas, neste caso, a focagem talvez devesse ser de espectro mais divergente ou cónico. Dito de outra forma: temos três arguidos e, como de costume, zero culpados: certa Comunicação Social, alguns políticos (provavelmente advogados?!) e o Ministério Público. Ah, temos ainda o erro técnico produzido pela Portugal Telecom. Este caso não passará de mais uma estória, indigna do Sherlock Holmes…. Se não fosse o custo desta “ficção”, pago pelos nossos impostos, até daria vontade de rir. Assim, resta-nos o torpor deste devir existencial. Pode ser que algum dia isto mude!
5 comentários:
Isso é fácil falar. No tempo do Scherlock era só procurar o local do crime. Hoje em dia, é preciso procurar um local onde o crime possa ter sido cometido, porque o local onde foi cometido não dá jeito nenhum....
Mistério, meu caro Professor? Mas o caso que menciona alguma vez encerrou algum mistério por resolver?
É bem o exemplo da decantada historieta do acampamento. Aquela em que Sherlock manda Watson olhar para o céu perguntando-lhe, perante o que via, que dedução fazia. Watson foi dizendo que perante tantos pontos de luz era provável que alguns fossem estrelas, outros planetas; e existindo aquela multitude de planetas deduzia ser certo que existiria vida nalgum deles.
Sherlock abanou a cabeça em sinal de que esperava tal resposta, e retorquiu que a dedução certa era a de que alguém lhes tinha fanado a barraca.
Também no pretenso caso do envelope 9 se continua a discorrer sobre as estrelas e os planetas. Quando a verdade, a verdade...está na BARRACA, imagem que mais fielmente do que a balança retrata a Justiça em Portugal.
Elementar, meu caro...
Pois é! Que grande barraca...
Jamais me ocorreria pensar em Sherlock Holmes a propósito do “caso do Envelope 9”.
Eu sei, eu sei, é uma investigação judicial a roçar o paroxismo ou o zénite da procuradoria.
Até uma mensagem à Nação mereceu do Presidente da República.
Mas será que o “Envelope 9” é mesmo um caso de polícia, ou de justiça? Ou, constitui antes uma efabulação do “24 Horas”, um “facto político” sugerido por alguns interesses inconfessáveis? – decorrente da aliança discreta, por vezes secreta, entre alguns políticos (que advogam em causa própria) e certa comunicação social.
Bem, pensando melhor, se abordarmos esta questão numa perspectiva ficcional sempre há algo em comum entre este caso e os enredos de Sir Arthur Conan Doyle da época Victoriana.
O Ministério Público, esse, entalado entre a aparência da gravidade (dada pelo mais alto magistrado da Nação) e a vacuidade do caso, fez o que lhe “competia”, investigou com a profundidade que só a dilação do tempo confere a casos supostamente importantes.
No fim, o Procurador preanuncia, a montanha irá parir um rato!
Também eu entendo que a justiça anda turva em Portugal.
Mas, neste caso, a focagem talvez devesse ser de espectro mais divergente ou cónico.
Dito de outra forma: temos três arguidos e, como de costume, zero culpados: certa Comunicação Social, alguns políticos (provavelmente advogados?!) e o Ministério Público. Ah, temos ainda o erro técnico produzido pela Portugal Telecom.
Este caso não passará de mais uma estória, indigna do Sherlock Holmes….
Se não fosse o custo desta “ficção”, pago pelos nossos impostos, até daria vontade de rir. Assim, resta-nos o torpor deste devir existencial. Pode ser que algum dia isto mude!
Caro Ferreira de Almeida,
Excelente intervenção! :)
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