Qual não é o meu espanto quando, ontem, recebo do IFADAP de Vila Real a informação sobre 2 projectos agrícolas ( Agro-medida3-Desenvolvimento sustentável das florestas;apoio à silvicultura ) a que me candidatei. Após ano e meio da sua apresentação, o IFADAP aprova-os quanto à plantação e adensamento florestais, mas não quanto á limpeza da floresta existente!
Não percebi porquê, experiências anteriores com projectos que já executámos no mesmo âmbito tinham consentido a limpeza.
Como não sou "do ofício"e, maioritariamente, o saber de experência feito não chega, fui tentar descobrir a lógica da decisão.
Percebi que o novo Sistema Nacional de Defesa da Floresta--o tal que proíbe o lançamento de foguetes no verão--estipula que a limpeza das florestas fica a cargo dos respectivos proprietários ou das autarquias, no caso de incumprimento destes e cobrando-lhes os serviços prestados.
Fiquei muito preocupada!
Sendo Portugal um dos países do Mundo ocidental com menos floresta pública do Estado (felizmente) não acreditei neste desincentivo à intervenção na limpeza, quando o lugar comum dos últimos anos tem sido o de que a Floresta deixou de ser fortemente intervencionada pelo homem na vertente da preservação e subsistência dos ecossistemas.
Não acreditei, continuei a tentar descobrir um ("unzinho"que seja...) porquê!
Aí descobri que este governo tinha criado as ZIF's--zonas de intervenção florestal--, um instrumento essencial ao ordenamento do território e uma vontade expressa de procura de soluções aplicáveis no terreno. Aí sim, ao nível das ZIF's há incentivos aos proprietários para limpeza das matas. Fiquei toda contente e até me penalizei pelos impropérios que fui pensando até encontrar as ZIF's ...
Mas as ZIF's são soluções de escala maior, exigem um mínimo de mil hectares para intervenção, um agrupamento mínimo de 50 proprietários mas em linha de continuidade florestal...ora eu estou a falar do distrito de Bragança, aqui,pelos vistos, as ditas ZIF's só se forem nas serras de Montezinho, Nogueira ou Bornes caso contrário onde temos mil hectares de floresta, em linha contínua, a norte do país?
Será que a nível do ordenamento do território os vários instrumentos têm coerência? Já estão feitos os Planos Regionais de Ordenamento Florestal? As acções individuais em minifúndio, mesmo as técnicamente boas, será que vão manter-se condicionadas e condenadas? É a lógica da PAC, mas em território nacional?
Alguém, neste blog, entendido na matéria sabe responder a esta minha atrevida ignorância?
4 comentários:
Clarinha,
Tenho 1 pergunta.
Quando se candidatou, o formulário tinha instruções e documentos de suporte que devesse ter lido?
Olá Clara!
Pelo que percebi, aí em Portugal se aplicam "soluções" saídas sabe-se lá de onde, e com que intenções.
No nosso vasto Brasil, vê-se, com tristeza, o que se faz com a matas nativas "sem donos", pois que cada qual se acha no direito de lançá-la ao chão, e atear fogo após estar seca.
Por outro lado, há projetos que me parecem bons e providentes. Na minha região, próxima ao grande lago da grande usina geradora de energia Itaipu Binacional, há um projeto denominado "Cultivando água boa". Pretende-se, com ele, recompor as matas ao redor de todas as nascentes de água; e ao longo dos cursos de água, manter-se uma zona de mata de no mínimo 30 metros. Além disso, pretendem criar um corredor florestal denominado "Corredor da Biodiversidade", constituído por mata que una três reservas florestais por aqui existentes.
Como se vê, que contrastes há. Por um lado destrói-se a natureza indefesa, por outro, tenta-se corrigir erros graves cometidos no passado.
Seja aí, ou aqui, ou em qualquer parte do mundo, só existe uma real e crucial verdade: A Natureza nos grita por socorro!
Um cordial e virtual abraço a ti, e a toda equipe deste blog.
http://sonetosesonatas.blogspot.com
Evaristo
Então a resposta é simples Clarinha. São os moços que além de tolinhos são irresponsáveis também. Até porque não se pode mudar as regras de candidatura a meio de um processo de selecção.
Agora, tudo depende de se querer aborrecer ou não. Se se quiser aborrecer (e se valer a pena), apresenta uma contestação e põe em causa todo o processo. Se não se quiser aborrecer, continua a mandar postais e permite que fique tudo na mesma.
Se me permite uma sugestão, acho que se deve optar sempre pela contestação.
É assim mesmo, quem defende assim a contestação só pode estar correcto.
Eu tinha uma vez um projecto apresentado (IFADAP/ Minist. Agricultura)para financiamento de uma queijaria artesanal, que passou dos prazos para ser aprovada ou rejeitada, à espera nas secretárias. Passados uns meses recebo um ofício a pedirem novas certidões (que entretanto estavam caducadas), uma nova calendarização dos trabalhos e cópias dos IRS dos últimos anos. Mandei as cópias dos IRS e disse-lhes que ou me mandavam o dinheiro para eu ir tratar das novas certidões ou que fossem eles tratar disso, e que só mandava novas calendarizações quando me mandassem as novas calendarizações deles para a aprovação de projectos. A resposta ao meu ofício foi lacónica: o projecto está aprovado!
Neste momento estou em tribunal por causa de outras ilegalidades e atropelos cometidos, contra o IFADAP e o Min Agricultura. Contestar??? Sempre! Só assim as coisas podem avançar.
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