Quando era pequeno bebi “litradas” de um xarope horrível, com rótulo amarelo, prescrição habitual do médico lá da terra. As razões eram as lombrigas e os oxiúros a que não conseguia escapar devido às brincadeiras ao ar livre, mexendo em tudo o que era terra e animais. Claro, parasitoses era uma constante e o “castigo” era de ter de beber aquele xarope com periodicidade. A minha mãe apertava-me o nariz com uma mão, a boca abria-se na sofreguidão de um golo de ar que invariavelmente se misturava com aquela mistela. Depois, à cautela, ficava a olhar durante alguns minutos, não fosse expeli-la e ter que repetir a operação. Durante alguns dias tinha de aguentar o martírio. No final de cada sessão acabava por receber uma boa gemada, para tirar o mau gosto.
A razão que me levou a recordar estes episódios prende-se com uma notícia, segundo a qual, a piperazina, o composto usado no “xarope para as lombrigas”, estar a ser utilizado como droga “recreativa” na Grã-Bretanha. De facto, o produto, cujo efeito vermicida é inquestionável, actua como um estimulante, com efeitos idênticos às das anfentaminas, podendo provocar tonturas, vómitos, taquicardia, reacções alérgicas, consequências indesejáveis conhecidas há muito tempo.
As autoridades de saúde estão muito preocupadas com este fenómeno e várias lojas já retiraram o produto de circulação.
Olhando para este quadro, acabo por concluir que já fui “drogado” em miúdo. Atendendo aos efeitos anfetamínicos, tudo leva a crer que os inúmeros disparates, atribuídos à idade, poderão ser explicados, pelo menos em parte e a posteriori, por ter tomado o medicamento. Claro que naquele tempo a terapêutica maternal era invariavelmente a mesma: umas boas palmadas no rabiosque. Resumindo: duplamente vítima das lombrigas! Tinha que tomar o xarope, ficava eléctrico, temporariamente livre de lombrigas, cometia disparates e ainda por cima acabava por levar umas boas tareias, como efeito secundário da terapêutica antiparasitária. Há cada uma... Afinal fui uma vítima! Vá lá, não fiquei dependente daquela mistela, também era difícil. Se os jovens britânicos tomassem o “velho xarope de piperazina”, em vez dos actuais comprimidos, decerto que não corriam riscos...
A razão que me levou a recordar estes episódios prende-se com uma notícia, segundo a qual, a piperazina, o composto usado no “xarope para as lombrigas”, estar a ser utilizado como droga “recreativa” na Grã-Bretanha. De facto, o produto, cujo efeito vermicida é inquestionável, actua como um estimulante, com efeitos idênticos às das anfentaminas, podendo provocar tonturas, vómitos, taquicardia, reacções alérgicas, consequências indesejáveis conhecidas há muito tempo.
As autoridades de saúde estão muito preocupadas com este fenómeno e várias lojas já retiraram o produto de circulação.
Olhando para este quadro, acabo por concluir que já fui “drogado” em miúdo. Atendendo aos efeitos anfetamínicos, tudo leva a crer que os inúmeros disparates, atribuídos à idade, poderão ser explicados, pelo menos em parte e a posteriori, por ter tomado o medicamento. Claro que naquele tempo a terapêutica maternal era invariavelmente a mesma: umas boas palmadas no rabiosque. Resumindo: duplamente vítima das lombrigas! Tinha que tomar o xarope, ficava eléctrico, temporariamente livre de lombrigas, cometia disparates e ainda por cima acabava por levar umas boas tareias, como efeito secundário da terapêutica antiparasitária. Há cada uma... Afinal fui uma vítima! Vá lá, não fiquei dependente daquela mistela, também era difícil. Se os jovens britânicos tomassem o “velho xarope de piperazina”, em vez dos actuais comprimidos, decerto que não corriam riscos...
1 comentário:
Caro Professor:
O meu amigo devia ser fresco!...
Mas esse xarope das lombrigas e o óleo de fígado de bacalhau para enrijecer foram grandes descobertas da medicina!...Não muito saborosas e horríveis de tomar, mas não se pode ter tudo!...
A propósito, ainda há lombrigas?
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