Hoje de manhã, ao ler as notícias chamou-me a atenção uma referente a um padre. Num dos jornais lia-se na primeira página: “Padre de Santa Comba tem bólide dos diabos”. O quê! Será que o padre Ricardo ensandeceu? Não acredito. Ainda estive com ele na semana passada, quando, conjuntamente com mais dois padres, acolitou o senhor Bispo de Viseu na cerimónia dos trinta anos da Escola Secundária e para a qual fui convidado na minha qualidade de presidente da Assembleia Municipal. Ao lê-la verifiquei que era outro padre do concelho, responsável por três freguesias. Mais novo, fiquei a saber que era um dos três que tinham estado na cerimónia. O outro jornal cá do burgo apresentava a notícia sob o título: “Padre Rodrigues a 200 à hora em Santa Comba Dão”.
Ora bem! Não tenho nada contra os padres, nem mesmo quando são dados a desportos radicais ou procuram emoções fortes (tudo depende do tipo de emoções, claro!). No entanto, o veículo em causa, e que está na base do artigo, parece ser “único a circular nas estradas civis”, topo de gama – Fiesta 2000 ST - com 150 cavalos, capaz de atingir velocidades loucas. Segundo o pároco, o veículo irá “facilitar uma aproximação aos jovens” (!) e, por isso, é de “grande importância na missão pastoral de um padre”. Além do mais, como tem três freguesias, e tem de correr de um lado para o outro, precisa de uma boa máquina para as curvas, ultrapassagens e chegar a tempo, porque os paroquianos gostam que o padre chegue a horas. Aqui, fiquei de boca aberta. Como conheço muito bem, como as minhas mãos, todas as freguesias do concelho de Santa Coma Dão e respectivas vias, pus-me a ver onde é que o padre podia puxar pela máquina. O raio do homem não encontra mais do que meia dúzia de troços com trezentos metros onde pode dar noventa à hora! Nos restantes troços tem que respeitar os limites de velocidade impostas para as localidades, para não falar das inúmeras e perigosas curvas. O tipo não deve regular bem da cabeça! Apresentar a justificação de que tem pouco tempo para chegar às freguesias (não são tão distantes, como isso), que existem muitas curvas e tem que fazer ultrapassagens rápidas, não colhe. Posso afiançar que um velho Fiat 600 é mais do que suficiente para dar as voltitas com tempo e, sobretudo, com segurança. O que ele deve gostar é de emoções fortes, pelos vistos. Se ele julga que está protegido pelo “Alto”, então o perigo é ainda maior. Não sei se isto de paixões pelos automóveis não tenha o que se lhe diga. Recordo-me de outros padres perfeitamente loucos por máquinas. Um deles, com o ar mais cândido e sorumbático do mundo (com suspeitas de crises de epilepsia), disse-me uma vez na consulta, entre duas queixas, que fazia o trajecto Santa Comba – Coimbra em 25 minutos e que já tinha feito em 20! Fiquei sem fala. Como?! - Eu faço o trajecto (cerca de 50 km) todas as semanas e demoro 35! – Pois é senhor doutor! É preciso confiar no Senhor!
Se esta moda de turbo-padres pegar, não me admiraria muito que um dia destes os senhores bispos passem a conduzir veículos de competição ou, então, a promover rallys “eclesiásticos”... Pilotos já há. Pode ser uma forma de estimular as vocações!
Ora bem! Não tenho nada contra os padres, nem mesmo quando são dados a desportos radicais ou procuram emoções fortes (tudo depende do tipo de emoções, claro!). No entanto, o veículo em causa, e que está na base do artigo, parece ser “único a circular nas estradas civis”, topo de gama – Fiesta 2000 ST - com 150 cavalos, capaz de atingir velocidades loucas. Segundo o pároco, o veículo irá “facilitar uma aproximação aos jovens” (!) e, por isso, é de “grande importância na missão pastoral de um padre”. Além do mais, como tem três freguesias, e tem de correr de um lado para o outro, precisa de uma boa máquina para as curvas, ultrapassagens e chegar a tempo, porque os paroquianos gostam que o padre chegue a horas. Aqui, fiquei de boca aberta. Como conheço muito bem, como as minhas mãos, todas as freguesias do concelho de Santa Coma Dão e respectivas vias, pus-me a ver onde é que o padre podia puxar pela máquina. O raio do homem não encontra mais do que meia dúzia de troços com trezentos metros onde pode dar noventa à hora! Nos restantes troços tem que respeitar os limites de velocidade impostas para as localidades, para não falar das inúmeras e perigosas curvas. O tipo não deve regular bem da cabeça! Apresentar a justificação de que tem pouco tempo para chegar às freguesias (não são tão distantes, como isso), que existem muitas curvas e tem que fazer ultrapassagens rápidas, não colhe. Posso afiançar que um velho Fiat 600 é mais do que suficiente para dar as voltitas com tempo e, sobretudo, com segurança. O que ele deve gostar é de emoções fortes, pelos vistos. Se ele julga que está protegido pelo “Alto”, então o perigo é ainda maior. Não sei se isto de paixões pelos automóveis não tenha o que se lhe diga. Recordo-me de outros padres perfeitamente loucos por máquinas. Um deles, com o ar mais cândido e sorumbático do mundo (com suspeitas de crises de epilepsia), disse-me uma vez na consulta, entre duas queixas, que fazia o trajecto Santa Comba – Coimbra em 25 minutos e que já tinha feito em 20! Fiquei sem fala. Como?! - Eu faço o trajecto (cerca de 50 km) todas as semanas e demoro 35! – Pois é senhor doutor! É preciso confiar no Senhor!
Se esta moda de turbo-padres pegar, não me admiraria muito que um dia destes os senhores bispos passem a conduzir veículos de competição ou, então, a promover rallys “eclesiásticos”... Pilotos já há. Pode ser uma forma de estimular as vocações!
3 comentários:
Viva, Caro Massano Cardoso,
Pode ter razão, que provavelmente, haja sacerdotes que usufrua este tipo de transportes mais rápidos para chegar aos sitios mais depressa, que sempre Deus o pede!Mas, mais escandaloso, são os Governantes a usufruirem as Bombas do Estado (dos Contribuintes) e acelararem no maximo que podem dar sem respeitar as regras das estradas, para depois chegar aonde??Se fosse em Espanha, já não era assim.Tenho conhecimento de um caso de um Ex-Ministro Português, que em Portugal andava no máximo que a maquina podia dar, mas num dia entrou no território espanhol em serviço do Estado, passado 90 kms após a fronteira português foi logo multado a 140 Kms/h e no proprio momento teve que pagar a multa, mas como não tinha dinheiro que chegasse, quem pagou foi o seu motorista.
Pedro Sérgio (Palmela)
"Turbo-políticos"!
"Ex-turbo-políticos"!
"Turbo-estupidez"...
O Prof. Massano está a parecer-me um grande desmancha prazeres! Coitado do jovem pároco, onde há-de ele ir buscar a adrenalina? De resto, 80 km/h nessas curvas deve ser mais desafiante que 200/h numa autoestrada... O rapaz parece destemido, espero é que os paroquianos lhe deixem o caminho livre...
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