Vem hoje no DN um artigo de Ana Sá Lopes sobre “A vida antes do Google”, que fala sobre como eram as nossas vidas antes dos “choques tecnológicos” que nos transformaram em seres “on line”.
A propósito disso, lembrei-me da surpresa com que uma amiga minha recebeu há poucos dias uma carta. Uma carta de outra pessoa, quero dizer, não era publicidade, nem circular, nem contas para pagar. Era uma carta verdadeira, escrita e assinada, metida num envelope com selo e mandada pelo correio para casa dela. E, se a iniciativa em si já era um tanto insólita, agora que os mails resolvem tudo com tanta facilidade, o conteúdo da carta ainda era mais extraordinário, pois a autora escrevia-lhe para dizer como tinha gostado de conhecer e trabalhar com a sua filha e para a felicitar por ter conseguido um resultado tão gratificante com o seu esforço de mãe. Não pedia nada, não se queixava, não dizia mal dos outros, apenas contava as suas boas impressões e se regozijava por ter podido conhecer de perto uma pessoa interessante.
Comentámos como é raro as pessoas terem gestos de pura simpatia ou afecto desinteressado. Mesmo que o sintam, raramente se dão ao trabalho de o exprimir claramente, fazendo chegar aos outros um momento de doçura e conforto que, só por si, apagam muitos dissabores.
Escrever uma carta já é raro, por isso se torna especialmente simbólica a sua força e a sua perenidade. Tem o sabor de uma refeição preparada com cuidado, a pensar nos convidados, em vez do pronto-a-comer que resolve o problema mas não deixa memória.
A propósito disso, lembrei-me da surpresa com que uma amiga minha recebeu há poucos dias uma carta. Uma carta de outra pessoa, quero dizer, não era publicidade, nem circular, nem contas para pagar. Era uma carta verdadeira, escrita e assinada, metida num envelope com selo e mandada pelo correio para casa dela. E, se a iniciativa em si já era um tanto insólita, agora que os mails resolvem tudo com tanta facilidade, o conteúdo da carta ainda era mais extraordinário, pois a autora escrevia-lhe para dizer como tinha gostado de conhecer e trabalhar com a sua filha e para a felicitar por ter conseguido um resultado tão gratificante com o seu esforço de mãe. Não pedia nada, não se queixava, não dizia mal dos outros, apenas contava as suas boas impressões e se regozijava por ter podido conhecer de perto uma pessoa interessante.
Comentámos como é raro as pessoas terem gestos de pura simpatia ou afecto desinteressado. Mesmo que o sintam, raramente se dão ao trabalho de o exprimir claramente, fazendo chegar aos outros um momento de doçura e conforto que, só por si, apagam muitos dissabores.
Escrever uma carta já é raro, por isso se torna especialmente simbólica a sua força e a sua perenidade. Tem o sabor de uma refeição preparada com cuidado, a pensar nos convidados, em vez do pronto-a-comer que resolve o problema mas não deixa memória.
Uma carta destas guarda-se para sempre, mesmo que fique sozinha na gaveta já ocupa um espaço imenso…
1 comentário:
Uma carta! Coisa rara e antiquada!
No outro dia, pedi aos meus alunos de 9ºano que escrevessem uma: não sabem!
Aprenderam no 7º ano, mas como nunca as escrevem, esqueceram-se.
Apareceu de tudo: sem data, sem fórmula de abertura, sem despedida, sem destinatário... sem...
É extraordinária, esta geração, pelo privilégio tecnológico, mas este mundo dos mails, dos hi5 e dos sms é um universo sem memória afectiva. Apaga-se num clique.
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