Segundo vi esta manhã na televisão, num dos programas de revista da imprensa, o Diário Económico salientava em letras gordas, na 1ª página, que o Ministro Mário Lino, em entrevista concedida ao jornal, se considerava satisfeito com a forma como acabou a OPA sobre a PT, ou estava satisfeito com o resultado da OPA. Cito de memória, mas sem receio de atraiçoar o conteúdo do título.
Embora qualquer declaração de tal Ministro já não seja de molde a admirar ninguém, ainda agora me custa a acreditar no que vi escrito, pelo que irei comprar o jornal para ler a entrevista e verificar da adequação do título. Porque, em economia de mercado, um Ministro, qualquer Ministro, não tem que se pronunciar sobre as opções empresariais dos agentes económicos. Porque não é legítima qualquer razão para o Estado preferir, a exemplo do PCP e do Bloco, o capitalismo bancário do BES ou o capitalismo especulativo de Berardo, da Ongoing e da Telmex ao capitalismo de Belmiro e da Telefónica. Mas, a ser verdade, o Ministro entra também em contradição com a abstenção do Estado na Assembleia Geral da PT, justificada para não favorecer nenhuma das partes em confronto. A não ser que essa fosse apenas uma atitude de fachada, face ao diminuto número de acções em posse directa do Estado, e a preferência pelo vencedor se tivesse expresso fundamentalmente através do voto contra da CGD. O que também contradiria quer afirmações do Governo quer do próprio Presidente da CGD.
Fiquei admirado com a falta de vergonha da declaração, se ela corresponde efectivamente ao que foi dito, mas compreendo-a. É que o Ministro e o próprio Governo pensarão que é muito mais fácil uma intervenção discreta ou mesmo indiscreta na PT com os actuais accionistas do que com Belmiro, e isso justifica o contentamento.
Embora qualquer declaração de tal Ministro já não seja de molde a admirar ninguém, ainda agora me custa a acreditar no que vi escrito, pelo que irei comprar o jornal para ler a entrevista e verificar da adequação do título. Porque, em economia de mercado, um Ministro, qualquer Ministro, não tem que se pronunciar sobre as opções empresariais dos agentes económicos. Porque não é legítima qualquer razão para o Estado preferir, a exemplo do PCP e do Bloco, o capitalismo bancário do BES ou o capitalismo especulativo de Berardo, da Ongoing e da Telmex ao capitalismo de Belmiro e da Telefónica. Mas, a ser verdade, o Ministro entra também em contradição com a abstenção do Estado na Assembleia Geral da PT, justificada para não favorecer nenhuma das partes em confronto. A não ser que essa fosse apenas uma atitude de fachada, face ao diminuto número de acções em posse directa do Estado, e a preferência pelo vencedor se tivesse expresso fundamentalmente através do voto contra da CGD. O que também contradiria quer afirmações do Governo quer do próprio Presidente da CGD.
Fiquei admirado com a falta de vergonha da declaração, se ela corresponde efectivamente ao que foi dito, mas compreendo-a. É que o Ministro e o próprio Governo pensarão que é muito mais fácil uma intervenção discreta ou mesmo indiscreta na PT com os actuais accionistas do que com Belmiro, e isso justifica o contentamento.
Se o título for especulativo, muito do que disse perde validade. Mas aí avultaria a fraude jornalística, infelizmente muito usual, de interpretar abusivamente o sentido das opiniões expressas. A ver vamos!...
11 comentários:
dr pc , vai comprar o jornal para que ? sabe que o q diz engenheiro mário lino não se escreve...
e li eu recentemente , numa revista "EXame" recente , que o Mário Lino ( com a escola do pc...nunca é de mais recordar..) é um dos principais conselheiros económicos de sócrates...
Se querem que vos diga, não consigo perceber como é que uma OPA que, ainda por cima, devia ser hostil demora mais de 12 meses e no fim nem se concretiza.
Para mim, quando as coisas são hóstis chega-se lá e compra-se tudo a quem quiser vender. Não se vai pedir autorização primeiro e depois negociar. Isto ou bem que é hóstil, ou então é uma palhaçada.
Ainda por cima temos que assistir a cenas patéticas dos trabalhadores aos beijinhos ao conselho de administração. Ainda se fossem umas moças jeitosas!? Agora homens de barba rija aos beijinhos a outros homens?!... Eu até sou bastante liberal e pouco preso a convenções mas aquilo foi um bocado rídiculo.
A sério, não consigo perceber. Ou melhor, perceber até consigo. Percebo que o mercado não funciona.
cá para mim , a culpa da Opa não se ter concretizado é do Anthrax!!
Meu caro Pinho Cardão, esperar que o senhor Ministro Mário Lino perceba o papel do Estado numa economia de mercado saudável, é esperar demais. É evidente que o passado não é decisivo (lembram-se de um Cardeal que também foi PC e que interpreta como nenhum outro os momentos mais claros do capitalismo puro e duro?). Mas nalguns casos deixa, sem dúvida, marcas. No caso de Mário Lino deixou marcas desde logo na forma como geriu o grupo AdP (Àguas de Portugal) sob tutela do Sr. Engº Sócrates, então Ministro do Ambiente. Não me admira assim que a entrevista (que não li) seja a expressão de uma convicção de quem não convive bem, e dificilmente conviverá, com uma economia em que ao Estado é reservado o papel da regulação. Haverá sempre, irresistível, a tentação da intervenção.
Devo no entanto acrescentar que também se encontra por aí quem se reivindique do liberalismo económico bactereologicamente mais puro, e no entanto neste caso da OPA sobre a PT não se cansou de pedir a intervenção do Estado, ora para apressar, ora para defender os chamados centros de decisão nacional, ora para criticar a excessiva brandura do regulador.
Enfim, paradoxos de uma economia manifestamente desnorteada. Como o resto...
Caro Pinho Cardão,
Tal como M.M. questiono a utilidade da compra do d.económico, mais vale comprar o D.República pelo menos não é (mal) comentado.
Caros Menino Mau e Tavares Moreira:
Segui o vosso conselho e acabei por não comprar o jornal!...
Caro Anthrax:
Pois se concordo que haja uma salvaguarda da concorrência nos casos de OPA, também não compreendo tal demora no processo. Passado um ano, a empresa que vai ser adquirida já não é a empresa que se pretendia adquirir!...Mas para burocratas...
Caro Ferreira de Almeida:
Pois às vezes distraio-me e penso que os Ministros sabem qual deve ser o papel do Estado numa economia de mercado...Mesmo aqueles que durante uma grande parte da vida defenderam economias de direcção central...
Mas, segundo me contaram, também um liberal e recentíssimo ex-Primeiro Ministro referiu hoje num comentário na rádio que o "chumbo" da OPA na AG salvaguardou o interesse nacional!...
Enfim, nestas e noutras coisas os bons espíritos encontram-se sempre!...
Posso ser advogado do diabo? Cá vai.
Se admitirmos que o estado deve proteger a função de telecomunicações a bem da nação, então o Mário Lino deveria mesmo estar contente e o estado deveria votar contra a desblindagem dos estatutos que lhe permitem um poder acima daquilo que possui. Nessa assumpção, então o Lino tem razão (eu, a dizer bem do Lino...).
Quanto ao dirigente do PSD, eu recordo o dia em que o governo do PSD passou o gás natural todo para a EDP porque o banco interessado era outro...Aliás, quem não souber nada de política facilmente percebe qual o partido está no governo, bastando perceber com quem é que a Caixa está a alinhar ou a comprar coisas que não precisa.
Que diabo de advogado!
Para tirar as dúvidas (e sem apanhar chuva para ir comprar o jornal):
http://diarioeconomico.sapo.pt/edicion/diarioeconomico/edicion_impresa/destaque/pt/desarrollo/745789.html
Caro Tonibler:
O meu amigo é geralmente de uma transparência total.
Mas agora confesso que a subtileza da sua argumentação deixou atordoada a minha pobre mente, sem reflexos bastantes perante o seu poderoso raciocínio.Talvez daqui a uma horas lá possa chegar!...
Cao Zorbian:
Ora muito obrigado. E nem gasto dinheiro!...
Mas se calhar já nem irei ver, pois, passado um dia, corro o risco de o Ministro já ter mudado de opinião!...
Caro menino mau,
Ultimamente parece que tenho as costas bastante largas, por isso, mais OPA menos OPA, não vai fazer grande diferença :)
Caro Dr. PC,
Honestamente, confesso-lhe com toda a sinceridade que não percebo a tal salvaguarda da concorrência. Porque se está na bolsa e pode ser vendido, então também pode ser comprado. Se houver dinheiro para isso, compra-se tudo por atacado. Se não houver dinheiro para isso, compra-se aos bocadinhos. Seja como for o mercado tem mecanismos de auto-regulação e deve-se deixar funcionar livremente, caso contrário assistimos a coisas como, por exemplo, o facto de termos uma economia sustentada, artificialmente, pelos bancos (hãããã! Digam lá que o Prof. João César das Neves não me treinou bem? Não sou nenhum génio a Economia Política mas, um 16 também não é de se deitar fora, se bem que... Gestão da Inovação e Estratégia é uma inclinação mais natural e com melhores resultados).
Ai senhores!! É tão triste verificar - ao fim destes anos todos - que tirei a licenciatura errada!! Isto é um trauma que me vai acompanhar para o resto da vida e não há terapia que resolva.
«Prontos», já desabafei. Já passou!
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