De acordo com o Diário de Notícias de hoje, está previsto que os custos com projectos e estudos do novo aeroporto de Lisboa, na Ota, irão disparar mais de 300% este ano. De facto, só em 2007, está previsto um gasto total de cerca de EUR 14 milhões nesta rubrica.
No total, isto é, cumulativamente, até ao final do ano, terão sido gastos, de acordo com a Naer, empresa pública gestora do projecto do novo aeroporto, EUR 36.8 milhões. Cerca de 1.2% do custo total de cerca de EUR 3.1 mil milhões previsto para o novo aeroporto.
É muito? Sem dúvida. Mas, mesmo assim, creio que, se os estudos que estão previstos para este ano chegarem à conclusão de que a Ota não serve, definitivamente, como localização para o novo aeroporto de Lisboa, e forçarem o Governo a abandonar mesmo esta possibilidade, então terão sido EUR 14 milhões muito bem gastos (pena os que foram gastos para trás…). Porque, de acordo com toda a informação que já é conhecida sobre este assunto, será cometido um erro de proporções inimagináveis para Portugal e para o nosso desenvolvimento se se apostar na Ota como localização para o futuro principal aeroporto internacional do país.
12 comentários:
Caro Dr.Miguel Frasquilho,
Perdoe e não me leve a mal a impertinência de transcrever parte de uma notícia, para que todos possamos 'enquadrar' melhor os "milhões que foram gastos para trás"
"Durante o debate o ministro anunciou que «é irrealizável a Portela ter 18 milhões de passageiros» e «é obvio que o grande aeroporto vai ser a Ota, com capacidade para 19 milhões de passageiros».
Assim, sem defender a extinção da Portela depois de a Ota estar em funcionamento, Carmona Rodrigues defendeu que «seria mais razoável haver uma transformação gradual de um grande aeroporto
e isso passaria por um faseamento da Ota, mas o que acontece é que as características de implantação do terreno não facilitam».
«Se calhar estamos perante um facto de passar subitamente de um para o outro e não de forma gradual», assinalou.
Questionado sobre o futuro do aeroporto da Portela, «não se sabe ainda» disse, acrescentando que «os estudos que estão a ser feitos dependem da engenharia financeira da Ota»."
Está algures no site da TSF.
O aeroporto da Portela, não possui a capacidade necessária para satisfazer o crescente nº de passageiros que o utiliza, este é sem dúvida o primeiro problema, o segundo prende-se com a localização do novo aeroporto. Se a Ota não é viável e noto que já várias infra-estruturas rodoviárias foram executadas no sentido de tornar as comunicações entre a Ota e a capital (para já)mais fáceis, outro local, carecerá igualmente de estudos, ambientais, económicos, de exequibilidade, para não mencionar os de interesse pessoal para os proprietários dos terrenos, assim como dos municípios e conselhos. Não correrá o nosso erário, o risco de começar a escoar-se, só para os necessários estudos e quando (se) for encontrada a localização excelente, ficarmos com o projecto estagnado por falta de verba?
Se a OTA fôr realmente necessária então o project finance não precisa de destruir a Portela para "viabilizar o projecto". A OTA é um erro monumental por questões económicas, não por questões aeronauticas.
Agora se as questões aeronauticas forem realmente importantes, para que é que os políticos se metem nisso? Certamente que o sector privado arranjará forma de colmatar essa enorme oportunidade que é ficar com esses passageiros adicionais, na OTA ou no raio-que-os-parta. Nós, porutugueses, já temos um aeroporto, obrigado. Tenho outras coisas que não tenho onde aplicar o dinheiro como, por exemplo, no meu bolso.
Continuo a não entender o motivo da insistência na Ota. Sabe-se que, após construído, será um aeroporto a prazo. Após construído estaremos a pensar construir outro porque a Ota não será suficiente dali a uns anos.
Se querem tanto fazer um aeroporto, porque não pensam na solução seguinte?
O nosso PM não resiste a tudo que lhe fale de imagem,comunicação, votos! Pediu que lhe sugerissem duas grandes obras que o projectassem para a História. Logo lhe propuseram: TGV e OTA. Na sua apressada obsessão leu e tresleu TGVOTA, pensou que entendeu e concluiu: "com isto Toda a Gente VOTA...em mim"
Não resistindo à mensagem subliminar, arrepiou-se e gritou, ao seu melhor estilo: "ordem para avançar!" O seu séquito mais próximo nem tugiu nem mugiu...o Nunes do ambiente fugiu e o Lino, assobiando para o lado,fez "fiu...fiu".
Esta é a verdadeira "estória" do TGV e OTA. O resto é mera especulação!
Caros colegas de blog especialmente ao caro Esménio Felix:
Apareceu por aí um comentador usando o nick de Ruivascão. Pela similitude alguns julgaram, compreensivelmente, que seria eu, noutra nickcarnação! Pois, errado! O amigo Felix Esménio,logo tratou de me "canelar"! E eu, ausente e, totalmente, inocente! É o que dá a precipitação! Está perdoado amigo Esménio Félix, mas sou nem mafra, nem vascão, conforme sua insinuação!Fica a declaração!Abraço a todos.
Caro Miguel,
Com este Governo, temos o que merecemos, até um dia.
Um Abraço
Pedro Sérgio (Palmela)
Fico feliz por si, caro Rui Vasco. Já o estava a ver com dois heterónimos e com conflitos de personalidade. Assim é mais sereno e porventura mais saudável, sem desprimor para o nosso Fernando Pessoa.
EUR 3,1 mil milhões de investimento é muito dinheiro. É natural que os portugueses se preocupem com esta mal fundamentada afectação de recursos financeiros. Eu sei, eu sei, dizem que o investimento vai ser uma parceria público-privada e que as instalações aeroportuárias serão pagas exclusivamente pelo projecto de financiamento privado. Ver para crer, qual S.Tomé. E quem paga as infra-estruturas de acesso ao aeroporto da OTA? Já passou de um comboio monocarril para um “pequeno desvio” do TGV na ligação Porto-Lisboa... Enfim, confusão é o que não falta neste processo de tomada de decisão política.
O aeroporto da OTA, além do mais, aniquilará sem apelo nem agravo os voos domésticos Lisboa-Porto, Lisboa-Faro e vice-versa. Isto para já não falar em questões técnicas, tais como os desmedidos movimentos de terras e a impossibilidade de uma futura de ampliação...
A solução mais equilibrada, na minha modesta opinião, seria:
i) o alargamento e melhoria das infra-estruturas do aeroporto da Portela - incluindo a requalificação urbana das áreas adjacentes dos Concelhos de Loures e de Lisboa;
ii) a afectação do aeroporto do Montijo a voos civis de low-cost e carga – adaptando, naturalmente, as respectivas instalações e transferindo a actual base aérea, NATO incluída, para Pêro Pinheiro, Alverca ou outra alternativa a estudar;
iii) a limitação do TGV, nesta fase, à ligação Lisboa-Madrid, no quadro da rede ferroviária transeuropeia;
iv) a modernização e rectificação da Linha do Norte, potenciando o investimento já efectuado nos comboios pendulares.
Estou convencido de que muito menos dinheiro, ou seja, com mais eficácia, se poderia servir melhor Portugal. Saliento, no entanto, que esta é a visão de um não especialista em transportes, atento aos desmandos da Pátria e aos relatórios e artigos técnicos elaborados, esses sim, por especialistas.
Aditamento ao comentário anterior: No final ainda sobraria dinheiro para a construção da terceira travessia sobre o Tejo, Barreiro-Chelas, na opção rodo-ferroviária.
Viva, Miguel,
Pela tua opinião e do Tavares Moreira sobre este caso "OTA", mostra que o poder politico têm mais peso, como no artigo abaixo indicado que saiu hoje num jornal economico:
" Banco Europeu de Investimento (BEI), braço financeiro da Comissão Europeia, mostrou abertura para financiar o novo aeroporto da Ota, uma obra com um valor estimado de 3,2 mil milhões de euros.
Philippe Maystadt, presidente do banco, afirmou esta tarde numa conferência de imprensa em Lisboa, que a Ota é um projecto elegível para financiamento por parte do BEI e que este projecto vai ser avaliado na altura devida.
"Tivemos reuniões preliminares com o Governo sobre a Ota mas ainda é prematuro falar sobre o envolvimento do BEI. Mas, este é um projecto que encaixa bem nos objectivos do BEI, já que um novo aeroporto em Lisboa reforça as redes de transporte na União Europeia", disse Maystadt.
O custo de construção do novo aeroporto está estimado em 3,2 mil milhões de euros, de acordo com os dados do Governo português. O BEI pode financiar até um máximo de 50% do valor total da obra."
O presidente do BEI acrescentou que o financiamento de projectos na área de infraestruturas continuará a ser preponderante em Portugal, embora a intenção do banco seja agora de dar mais visibilidade a investimentos na área da inovação. "Sabemos que Portugal ainda precisa de investimentos na área das infraestruturas, mas vamos começar a financiar mais projectos de investigação e desenvolvimento. Essa será a nossa nova abordagem", acrescentou o presidente do BEI.
Vai ser um grande risco.
Um abraço
Pedro Sérgio (Palmela)
Aeroporto nas Berlengas, já!
Desculpem lá mas, não consegui resistir à tentação. É que me parece um sítio tão bom como a OTA (bem... talvez um pouco mais pequeno mas, não faz mal. Faz-se como em Hong Kong).
Acho que era muito mais giro e mais milhão, menos milhão não faz mal que «a malta é rica».
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