A RTP faz hoje 50 anos. Os parabéns pelo aniversário. É uma data que deve ser realçada, independentemente do juízo que cada qual possa fazer sobre o modo como desenvolve a sua actividade.
Mas, nesta data, o que importa é reflectir sobre a necessidade ou mesmo conveniência, nas circunstâncias actuais, da existência de um serviço público de televisão e da adequação da estação pública a esse objectivo.
Um serviço público de televisão não se justifica, se for uma mera alternativa às programações dos canais privados, limitando-se a apresentar um pouco mais do mesmo. Não se justifica, se não tiver uma programação de referência, que ajude a elevar o nível das restantes e as arraste para um patamar de qualidade superior. Não se justifica, se não der espaço à criatividade nacional. Não se justifica, se não der voz a novas gentes e a novas ideias e, pelo contrário, insistir em dar guarida a feudos de há muito implantados no terreno, jornalistas, comentadores, analistas, entrevistados e entrevistadores, produtores, artistas e apresentadores que, em regra, nem se esforçam por melhorar, já que têm o lugar garantido, qualquer que seja a prestação.
Não se justifica, se não der ouvidos a novas forças da sociedade, aos empresários que criam riqueza, às pessoas que são uma referência na sua profissão, na inovação que produzem, no serviço cívico desinteressado que prestam e que têm tanto para dizer e, pelo contrário, se apenas der ouvidos aos políticos de sempre, aos sindicalistas de sempre, aos interesses de sempre, aos protegidos de sempre.
Não se justifica, se estiver ao serviço de corporações internas ou externas, “jornalísticas” ou “artísticas”, que afectam horários e tempos de acordo com os interesses que servem.
Não se justifica, se apenas tiver, como alternativa às telenovelas, concursos com formatos importados, iguais em todo o mundo, e como alternativa aos telejornais repetitivos e maçudos de uma hora das estações privadas, telejornais com notícias de encher chouriços, com igual duração e similar conteúdo.
Uma estação de serviço público só justifica o dinheiro dos contribuintes, se fizer algo substancialmente diferente e melhor do que os privados. Porque fazer igual ou pouco melhor é pura e simplesmente deitar dinheiro à rua.
Mas, nesta data, o que importa é reflectir sobre a necessidade ou mesmo conveniência, nas circunstâncias actuais, da existência de um serviço público de televisão e da adequação da estação pública a esse objectivo.
Um serviço público de televisão não se justifica, se for uma mera alternativa às programações dos canais privados, limitando-se a apresentar um pouco mais do mesmo. Não se justifica, se não tiver uma programação de referência, que ajude a elevar o nível das restantes e as arraste para um patamar de qualidade superior. Não se justifica, se não der espaço à criatividade nacional. Não se justifica, se não der voz a novas gentes e a novas ideias e, pelo contrário, insistir em dar guarida a feudos de há muito implantados no terreno, jornalistas, comentadores, analistas, entrevistados e entrevistadores, produtores, artistas e apresentadores que, em regra, nem se esforçam por melhorar, já que têm o lugar garantido, qualquer que seja a prestação.
Não se justifica, se não der ouvidos a novas forças da sociedade, aos empresários que criam riqueza, às pessoas que são uma referência na sua profissão, na inovação que produzem, no serviço cívico desinteressado que prestam e que têm tanto para dizer e, pelo contrário, se apenas der ouvidos aos políticos de sempre, aos sindicalistas de sempre, aos interesses de sempre, aos protegidos de sempre.
Não se justifica, se estiver ao serviço de corporações internas ou externas, “jornalísticas” ou “artísticas”, que afectam horários e tempos de acordo com os interesses que servem.
Não se justifica, se apenas tiver, como alternativa às telenovelas, concursos com formatos importados, iguais em todo o mundo, e como alternativa aos telejornais repetitivos e maçudos de uma hora das estações privadas, telejornais com notícias de encher chouriços, com igual duração e similar conteúdo.
Uma estação de serviço público só justifica o dinheiro dos contribuintes, se fizer algo substancialmente diferente e melhor do que os privados. Porque fazer igual ou pouco melhor é pura e simplesmente deitar dinheiro à rua.
8 comentários:
Caro Pinho Cardão,
Não concordo com a totalidade das suas críticas à programação da RTP, nem à instituição, fruto de um meritório trabalho de um ministro PSD (Glup, já engoli...:) que receio esteja por um fio, o que me leva a concordar consigo na alusão que faz a algum status quo que embora mais timidamente agora, aproveita sempre ao poder político.
O grande problema, em minha opinião, de todas as críticas que se fazem à linha editorial da RTP é a falta de uma referência. E essa referência é a definição do que é o Serviço Público de Televisão. Inúmeras comissões já reuniram, debateram, chegaram a conclusões ou nem por isso, e no entanto nos dias de hoje continuamos na mesma: O que é isso? E sem este referêncial qualquer observação aos conteúdos da RTP não vai para além da mera opinião baseada no gosto pessoal de cada um.
Portanto, desafio o meu caro Pinho Cardão bem como os restantes comentadores deste blog a reunirmos neste local uma comissão "instantanea" (não remunerada, hein!) para definir o QUE É SERVIÇO PÚBLICO DE TELEVISÃO.
Está feito o desafio!
Caro Pinho Cardão,
Em suma, não se justifica!...
O "sonho" que propõe no final, encerra uma contradição nos termos.
Onde é que já se viu o estado prestar serviços melhor que os privados? Não é o que se anda sempre a reclamar e que neste blog tão bons textos têm aparecido a propósito?
Ainda que, circunstancialmente, isso seja possível (como até parece agora o caminho, para alguns), não será sustentável a prazo. E vamos ver...
Caro Pinho Cardão,
Infelizmente, por decisão de alguém, há um limite de canais abertos de televisão (a razão técnica nunca existiu). Enquanto assim fôr, justifica-se a existência da RTP cujo serviço público é....ser pública. Quando o mercado tiver a granularidade para se considerar um mercado, então essa análise faz sentido.
Caro Dr. Pinho Cardão
Reforçaria a sua reflexão lembrando que no ano passado os cidadãos e as empresas pagaram à RTP, através da factura da electricidade, cerca de 100 milhões de euros por conta da "contribuição para o audiovisual".
Há ainda a acrescentar que o Estado subsidiou a RTP com uma indemnização compensatória de cerca de 124 milhões de euros.
Os contribuintes pagaram em 2006 à RTP pela prestação do serviço público um total de cerca de 244 milhões de euros!
Razões para exigir à RTP um serviço de qualidade!
De que qualidade fala cara Margarida?
Caro cmonteiro
Tem toda a razão quando aponta a falta de definição do que é o Serviço Público de Televisão.
Esta definição está intimamente associada à QUALIDADE.
E quando falo em qualidade quero significar a "excelência" do serviço, que pode ter por referência um "benchmark" de serviços privados de televisão.
A qualidade é multidimensional, sendo que uma das dimensões a previligiar no caso em particular é, a meu ver, a função que o serviço público de televisão deve desempenhar.
E aqui a função educativa, formativa e informativa assume um aspecto essencial na definição de qualidade. A minha prerspectiva é que esta função tem um desempenho que pode e deve ser muito melhorado.
Reconheço que não disponho de uma definição mágica!
Caro CMonteiro.
O que é serviço público de televisão está genericamente definido, até na lei. De vez em quando, no entanto, alguns Ministros, mormente do PSD, lembram-se de nomear uma comissão que produz um excelente trabalho, mas do qual não aproveitam nada, como aconteceu da vez que referiu.
Quem tem que dar conteúdo prático ao serviço público são os directores de programas e de informação, já que toda a competência nesta matéria foi retirada às administrações.E se reparar nos exemplos que dei, verifica onde está o serviço público e onde não o está e onde a RTP o cumpre e onde não o cumpre. E nem estou a falar de tomar propaganda por informação, que isso é outra história!...
Em termos teóricos, comcordo com os caros Pinho Cardão e Felix Esménio, a questão resolvia-se se houvesse um espaço reservado nas televisões privadas para intervenções oficiais. No entanto, duvido que já estejamos preparados para esse mercado ou seja, para a ausência de uma televisão que deva manter um rumo não puramente comercial, que seja um factor de equilíbrio educativo, cultural e informativo ditado por regras que não sejam exclusivamente a do lucro. Claro qeu podem dizer que o mesmo raciocínio se aplica aos jornais e teoricamente é verdade, mas há que reconhecer que, como instrumentos "invasivos" e influência nas mentaliades, não são comparáveis.Quanto á qualidade, é como a virtude, é difícil de definir mas reconhece-se logo e - há que reconhecê-lo - a TV merece os parabéns pelos 50 anos de balanço!Ai,espero que o cmonteiro não concorde...
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