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quarta-feira, 28 de março de 2007

"Nascer Cidadão"

Acho piada a esta tendência do Governo para por nomes em tudo quanto é medida administrativa, por mais corriqueira que seja.
Desta vez é o projecto "Nascer Cidadão" do Ministério da Justiça. É assim como um baptismo cívico, agora realizado nos hospitais. O bebé nasce e é feito ali, na sequência do parto e em pleno Hospital, cidadão.
De facto, a cidadania não pode esperar um dia que seja! E é importante que antes mesmo da nova criatura cair no colo do pai e da mãe, tenha o consolo de uma certidão de nascimento, a certeza oficial de que nasceu mais um contribuinte.

Pergunto-me se o projecto também se estende à maternidade de Badajoz...

8 comentários:

Unknown disse...

Ferreira de Almeida
Vá lá... um pouco de boa vontade.
Eu, que sou pai, tive uma grande "seca" para registar os meus filhos. Fila na conservatória, hospital que esqueceu um carimbo, etc.
Os nomes dos projectos não têm importância nenhuma.
Cumprimentos
Carlos Costa

Pinho Cardão disse...

Caro Ferreira de Almeida:
Certamente que lhe será logo atribuído também o nº de contribuinte, para ser "esmifrado" no mais curto prazo possível.

Tavares Moreira disse...

Caro Ferreira de Almeida,

E no caso das maternidades do All-garve como será ?

SC disse...

Para o All-garve é melhor criar já um novo projecto tipo "morrer cidadão". E aproveitava-se para completar da origem inglesa do nome para "All-grave" ou "All-graves".
As coisas bateriam mais certo. Não acham?

Tonibler disse...

Quando registei o meu mais velho não era casado. Coisa que me impedia de ser pai, de acordo com a lei. Ou melhor, sendo solteiro não poderia registar ninguém a não ser na presença da mãe.
"Então e se fosse casado?", perguntei. "Ah, se fosse casado podia!", respondeu a senhora entre papéis. Então expliquei à senhora que se fosse casado o meu BI só dizia que eu era casado, não dizia com quem. Assim, era igual ser casado ou não.
"Sendo solteiro não pode. Peço desculpa, mas não pode!", respondeu a mulher a despachar-me para canto.
Passei-me dos carretos e desatei aos berros a perguntar quem é que mandava naquela tasca e que queria falar imediatamente o responsável ou voltava com um polícia. (Lição nº1 de relaccionamento com os serviços burocráticos - Ameaçar sempre com a vinda da autoridade para tomar conta da ocorrência).
Aí descobri que todas as repartições públicas têm um animal escondido a que chamam de "doutora". "Ai, vou chamar a doutora. O senhor acalme-se...". Lá veio a "doutora". A "doutora" com voz calma interveio com a mesma intenção de me despachar para canto, mas com bons modos. Aí perguntei à "doutora" se não era suposto ser licenciada em Direito e, se sim, se tinha algumas luzes da constituição da República. Meio ofendida a "doutora" respondeu-me que sim, onde é que eu queria chegar. Então expliquei à "doutora" que a minha companheira e mãe do meu filho não poderia ser tratada de forma diferente pelo facto de não ser casada, o meu filho não poderia ser tratado de forma diferente por os pais não serem casados e como tal ia aceitar o registo da mesma forma que aceitaria se eu fosse casado ou lavrava uma queixa contra ela por descriminação com base em preconceitos morais.(Lição nº2 de relaccionamento com os serviços burocráticos - Escrever tudo)
A desgraçada da "doutora" já estava agarrada à mesa. O resto dos utentes já comentavam a meu favor e chamavam nomes às mulheres do registo. Então a "doutora" saiu-se com "Ai, vou mandar um fax para os registos centrais a pedir um parecer, mas isso vai levar o seu tempo. Sabe, isto aqui só cumprimos ordens".
Quando a minha mulher telefonou a perguntar onde é que eu andava, expliquei-lhe a coisa e ela lá foi ao registo com a criança. Claro que levei na cabeça por andar a divertir-me na rua e ela à minha espera em casa. Desse dia em diante, sempre que chego a uma repartição pública, começo logo a refilar. Descobri que assim resolvo tudo.

Claro que meter a "doutora" no hospital ou no registo vai dar no mesmo mas, pelo menos, podemos dizer-lhe para ir ver a mãe, já que não acredita no pai.

Anónimo disse...

Tem razão o Carlos Costa. O post revela má vontade da minha parte. A medida faz sentido, até por razões de segurança.
O que eu gostaria é que neste tempo de permamentes agressões do Estado às pessoas, o Governo criasse e implementasse o programa "Viver Cidadão".

Suzana Toscano disse...

sim, parece má vontade, mas a angústia em relação a Badajoz faz sentido, é uma questão de igualdade de tempo como cidadão.
Caro Tonibler, o seu problema é que não entende as razões profundas que sempre presidem a quem dá as ordens que são zelosamente cumpridas, dando como certo que as tais razões profundas são muito sensatas e óbvias. Já viu a anarquia se os solteiros começassem a registar filhos a torto e a direito, só para irem distrair-se? Sendo casado, sempre seriam mais cuidadosos, pelo menos a legítima não devia achar graça nenhuma. Em resumo, presume-se que um casado fará menos asneiras que um solteiro...

Anthrax disse...

Caro JMFA,

Não é nada má vontade. É perspicácia.

O seu "radar" é que apanha os foguetes ainda estes quase não foram lançados.

Isto é marketing puro e duro. Agarra-se numa coisa qualquer sem importância, faz-se-lhe uma cirurgia plástica (e.g. tipo agarra-se num camafeu qualquer que ande por aí distraída a passear e transformamo-la numa Pamela Anderson, toda loira, toda jeitosa, com uns beiços carnudos e uns dentes novos para um sorriso colgate) et voilá! Dá-se uma festa, chama-se a comunicação social e apresentamos o «Pacote». 'Tá feito! Mesmo que o «Pacote» não tenha nada lá dentro a «malta curte é o embrulho» porque a imagem vende.

Diga lá que os tipos da LPM não trabalham bem?