Previsões. Enganamo-nos sempre para o pior. Porquê? Pergunta o jornalista. Porque somos humanos, não somos deuses. Quem disse? Um professor catedrático de economia. Eu já suspeitava que a economia é uma ciência esotérica. O prof. catedrático acabou de confirmar. Chiça, se um médico se enganasse desta forma estava feito ao bife e acabava na barra de um tribunal ou no programa da Júlia Pinheiro, mas como são economistas são seres humanos...
17 comentários:
Um médico pratica ciência ou engenharia. Um economista pratica astrologia. Acerta em todos os alinhamentos planetários, mas só acerta naquilo que interessa por sorte.
o 'olho clínico' não é o 'olho divino'
nos meus casos houve falhas graves
raramente acertei nas minhas previsões. há demasiados acontecimentos imprevisíveis situados fora das probabilidades escolhidas
Concordo. Há certa relutância em aceitarmos a falibilidade do médico, mesmo quando são apresentadas justificações não evitamos os muitos “se”. É uma atitude que tem a ver (acho eu) com uma certa divinização da classe; até há aquela expressão popular, ponho a minha vida nas suas mãos, srº drº…
Pois é, caro Tonibler, já andava confuso com os falhanços do Ministro Gaspar, mas depois das suas palavras fiquei elucidado… ;)
Prever antes é muito dificil. O médico não prevê nada. Tem um caso à sua frente e define-o. A comparação não é feliz...
Não prevê? Não calcula riscos? Não estabelece prognósticos? Vê-se logo que não é médico!
A parte de "engenharia" da medicina não é outra coisa que não um jogo de probabilidades condicionadas.
Depende do sistema, caro jotaC. Depende do sistema. Um sistema crítico como a economia, a probabilidade de extraordinários é relativamente grande. O corpo humano é o produto de um equilíbrio com o meio ambiente feito durante milhões de anos, acho que ninguém sabe com rigor, mas o comportamento probabilístico é muito mais suave.
Em contraponto com o caro Luís Moreira. Quando se prevê o futuro a curto prazo é na base do presente, e desde que não ocorra nada de extraordinário não será assim tão difícil...
E de probabilidades conjuntas. Para não falar da complexidade da análise da decisão clínica
... e do risco não mitigável de haver uma vida no fim da linha.
Os economistas em geral não acertam em previsões de curto prazo porque normalmente usam modelos errados.
Poucos economistas assumem nos seus modelos a causalidade da procura para a oferta e a causalidade do aumento da taxa de poupança quando a economia está em recessão e a causalidade de que as empresas reduzem os seus investimentos em recessões.
Sem estas relações básicas não há previsões que resistam.
Não, o médico pode prever qual será a evolução da doença com ou sem medicmentos, mas não acerta
se disser "você vai morrer daqui a 5 meses. De certeza que não são 5 meses, podem ser 4 , 3, 8...e se forem 5 é uma coindidência. O que o médico pode dizer é que o doente vai morrer, tal como o economista sabe se o desemprego vai ou não crescer...mas quanto e quando, não sabe.
Essencialmente a diferença residirá no objecto de estudo:
- o Paciente é regulado pela Mãe Natureza.
- a Economia é "regulada" pela Mão Invisivel...
eu que nem sou medico, nem economista...mas parece-me que é muito isto!
Acrescento ainda que o Medico trabalha em prol da saude do Paciente.
Já o Economista geralmente...
Luís Moreira
Em medicina lidamos com probabilidades e usamos estratégias, por vezes algo complexas para decidir o que fazer e como fazer. Não é fácil e o outcome nem sempre é a morte, pode ser a cura, ou criar uma nova situação. A escolha das terapêuticas implica riscos que por vezes nos surpreendem apesar de conhecermos a priori o que é que pode acontecer ou não acontecer. Significa que não fazemos outra coisa a não ser "previsões". E mesmo os diagnósticos estão sujeitos a inúmeras variáveis influenciando-os. Até lhe posso dizer que chegamos a usar processos matemáticos complexos como o processo Markov para entender o que pode acontecer a um doente. Logo... espero que me tenha feito compreender, porque muito do chamado "erro médico" não resulta de negligência mas de algo inesperado, que, infelizmente, é imprevisível, donde a minha afirmação de que em certas situações o médico pode acabar na barra de um tribunal ou no programa da Júlia Pinheira. Não vejo onde está a "infeliz comparação", o que eu sei é que não "os" vejo aí (os economistas, claro...)Mas ainda bem, pelo menos não sofrem a angústia e a dor de serem acusados de "coisas" que nos ultrapassam. Se me disser que há casos de negligência grosseira que merecem castigo, claro que os há.
... só para sublinhar que a presunção de que o processo de doença é um processo de Markov é uma simplificação enorme mas é a única que o médico pode seguir (pelo que sei) e que é válida na maior parte dos casos. A presunção de que um processo económico é um processo de Markov é exactamente aquela que um economista não deve seguir, não é válida NUNCA, mas é a que todos usam porque nem imaginam do que estão a falar. Neste aspecto, concordo com o prof., só não concordo que sejam tratados como especialistas do que quer que seja.
Eu quando digo que a comparação não é feliz não quero atingir ninguém, saiu assim.
Cumprimentos
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