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domingo, 7 de maio de 2006

No reino da procriação...

... para alimentar a segurança social.
Ouvi o anúncio do Governo - era um anúncio ou mais um daqueles testes para ver se pega? - sobre a penalização dos casais que não têm filhos, no tocante aos descontos para a segurança social.
Primeiro julguei que era uma brincadeira. Depois pensei que ainda não sabiam bem o que queriam. Agora tenho a certeza que decidiram disparatar.
Todos sabemos que aquilo que hoje descontamos não fica "guardado" para nos ser pago aquando das nossas reformas. É gasto nas pensões que hoje são pagas.
E por isso, sabemos que são os nossos filhos que irão pagar as nossas reformas.
E também sabemos que quem não tem filhos tem um rendimento disponível substancialmente superior aos casais que têm filhos.
Mas pretender criar um mecanismo de agravamento com base na inexistência de filhos é como abrir a caixa de pandora:
- a partir de que idade é que se considera que uma pessoa deve ter filhos?
- como se aplicam os agravamentos a um pai ou uma mãe que tem filhos mas que não contribuem para o seu sustento?
- como se tratam as situações de adopção?
Basta pensar um pouco, para facilmente se criarem uma dúzia de situações que não "encaixam" no sistema.
Mas há uma pergunta incontornável: como é possível defender este sistema de agravamento e simultaneamente pretender despenalizar o aborto a pontos de colocar o próprio Estado a pagar os respectivos actos médicos?
Nota: Antes de colocarem algum comentário sobre o meu "conservadorismo", quero esclarecer que sou casado, tenho dois filhos e defendo a despenalização do aborto.

3 comentários:

Orlando Braga disse...

Bem sei que para quem não tem filhos, estar a pagar mais impostos para ajudar quem os tem, custa. Acho que o post não é conservador, mas liberal. Se o governo cobrasse mais impostos dos que sistematicamente a eles fogem, não seriam talvez necessárias medidas destas. Trata-se de uma medida precária; nisso concordo com o post.
E estou de acordo com a incoerência da despenalização do aborto ao mesmo tempo que se apoiam as famílias numerosas. Não faz sentido.

cardealdealpedrinha disse...

É hoje muito complicado perceber o que se passa com a nossa sociedade - cidadãos,governantes,comunicação social,etc.
O PM anuncia penalização para casais que não tenham filhos ...
Fico espantado ...
Trata-se de ignorância,irreflexão,incapacidade ou insanidade mental ?
A comunicação social ( TSF,etc ) pega no assunto e ocupa um programa de cerca de 2 horas ouvindo um sem número de pessoas indignadas com a hipótese.

Tanta excitação e confusão ...

E eu pergunto ?
Trata-se de penalizar quem não tem filhos ou de APOIAR E BENEFICIAR QUEM OS TEM ?

Não é desta segunda hipótese que se trata ?
Então para quê tanto alarido e tanta confusão ?

Alguma coisa não está bem neste neste nossos reino de " stressados " como agora se diz.

Carlos Monteiro disse...

Caro Vítor Reis,

Não percebo onde é que se cruza a incoerência de despenalizar o aborto com a promoção por via fiscal de ter filhos!

Num estamos perante um problema de justiça, noutro perante um problema demográfico.

À pergunta: "Devemos mandar mulheres para a cadeia?" não temos necessariamente que responder "Devemos obriga-las a ter filhos".