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terça-feira, 27 de fevereiro de 2007

As ministeriais grafonolas!...



Estive fora nove dias. Saí com o Ministro da Saúde a anunciar a remodelação das urgências e entrei, negociava o mesmo Ministro a remodelação das urgências. É apenas um exemplo, já que a amadorismo com que as decisões são apresentadas atingem praticamente a quase totalidade dos membros do Governo. Tal só é possível porque a maioria dos Ministros ou não sabe pura e simplesmente desempenhar as suas funções, por falta de competência ou mesmo de preparação básica, ou então opta pelo mais simples, que é anunciar medidas, com o objectivo exclusivo de fazer prova de vida, ocupando lugar nas televisões ou como mera propaganda.
O que todos vemos é os Ministros a viajar, a presidir a eventos para os quais a presença de um chefe de secção bastava, a dar entrevistas para as rádios, jornais e televisões, em reuniões e em viagens ao serviço do partido, em declarações à vez sobre assuntos partidários ou governamentais mais próprios de um chefe de serviços, ou até mesmo a escrever artigos para jornais, a última e sofisticada maneira de perder tempo, por presumirem que algo de muito importante fica sempre por dizer nas múltiplas declarações que todos os dias fazem.
Os Ministros desperdiçam todo o tempo em questões marginais e obviamente não o têm para se sentarem no Gabinete a analisar os assuntos importantes, para estudo dos dossiers, troca de impressões com as entidades e serviços competentes para boa ponderação das alternativas e decisão final. Decisão esta bem fundamentada e para valer.
Por isso, essas pseudo decisões anunciadas são tomadas ao sabor das circunstâncias, aconselhadas por assessores muitas vezes ainda mais impreparados, já que os ministros não se sentem normalmente confortáveis com assessorias competentes nem têm paciência para as ouvir, dada a sua ocupada agenda. Assim, a generalidade dos Ministros faz o que sabe, que é falar.
E quem muito fala....pouco acerta, com o inconveniente de estar sempre a repetir-se!...

4 comentários:

Tonibler disse...

E o que são 9 dias de urgências comparados com 2 meses de aborto? Sabe, caro Pinho Cardão, desde que descobrimos os poços de petróleo na Amareleja que o país já não sabe o que fazer ao dinheiro, nem encontra melhor coisa para fazer que bater boca. Pelo menos até à construção do aeroporto Robert Mugabe...

João Melo disse...

tem graça dr pinho cardão.no sábado fui ao corte inglês , ver o Pecados Intimos ( bom filme ..) e quando saio , vejo com 1 grande descontração o ministro da saude correio de campos.supresa minha quando o vejo no domingo , no montijo irritado , crispado , metendo os pés pelas mãos sempre em constantes contradições..

Como diria Marcelo ..O pior de Guterres...

Pinho Cardão disse...

Caro Tonibler:
O que me constrange é a facilidade com que se anunciam medidas e depois volta-se atrás para as negociar.É uma inversão de prioridades, que denota falta de preparação e retira autoridade e traz descrédito ao governo e governantes.

Caro Félix Esménio:
Esquerda moderna? O meu amigo é um optimista!...
Ainda agora, a propósito da crise na Câmara de Lisboa, todos os dias se ouve gente do PS a clamar por uma coligação com o PC e o Bloco, detentores das ideias mais fossilizadas que imaginar se possa!...
Por isso, o símbolo é bem a grafonola, anterior à cassette!...

Caro Menino Mau:
O Dr. Correia de Campos, que conheço bem, é um óptima pessoa.Agora quando veste a pele de Ministro, transfigura-se...

António Viriato disse...

Este Ministro da Saúde julga-se um atrevido sabichão, com a sua lábia bem exercitada, mas já começou a meter os pés pelas mãos e o Povo já lhe perdeu o respeito. Daqui para a frente vai sofrer o tal desgaste rápido irreversível e nem a toda a manha socrática o há-de salvar. Depois, virá a vez do verboso Primeiro-Ministro. Nem toda a preparação física lhe preservará a saúde política. Bem pode ele ir ensaiando as suas matutinas rábulas mini-maratonais, porque vai precisar certamente de muito fôlego. O embuste não durará muito mais tempo... Mas a nossa sina, essa, infelizmente, está para durar !