Li este fim de semana o ensaio de George Steiner “A Ideia de Europa”, publicado pela Gradiva. A publicação tem um prefácio de Durão Barroso e uma apresentação notável de Rob Riemen, Director Fundador do Nexus Institute, onde foi proferida a palestra de G.S., no âmbito dos encontros realizados pelo Instituto durante a Presidência Holandesa da EU (2004).
A iniciativa centrou-se “na questão de saber se a Europa continua ou não a ser uma boa ideia e qual é realmente a importância e a relevância politica do ideal europeu de civilização”(Rob Riemen). A preservação da herança cultural, do ideal europeu de civilização, o conhecimento e divulgação das grandes ideias humanistas são a única esperança aqui afirmada para a sobrevivência da “Europa”.
George Steiner mostra amplamente o dom que lhe determinou a escolha de ser Professor de Humanidades e que ele definiu como o de “convidar os outros para o significado”. Leva-nos numa leitura fascinante, que começa pelo sentido dos cafés espalhados na Europa, pelas marcas culturais com que convivemos sem dar por isso, como é o caso dos nomes das ruas e becos, e segue viagem pelos filósofos, pelas atribulações históricas, numa forma simples e ao mesmo tempo tão elaborada de nos ensinar a ler esta Europa em que vivemos hoje. E para nos alertar, tal como diz Rob Riemen:
“A cultura mais não é do que um convite, um convite ao cultivo da nobreza de espírito. A cultura fala discretamente:”Deves mudar a tua vida.”A sabedoria que oferece é revelada, não por palavras, mas por actos. Ser culto, requer muito mais que erudição e eloquência. Mais do que tudo o resto, significa cortesia e respeito. A cultura, como o amor, não possui uma capacidade para obrigar. Não oferece garantias. E, contudo, a única possibilidade de alcançar e proteger a nossa dignidade humana é-nos oferecida pela cultura, pela educação liberal. Uma sociedade que ignora o empobrecimento do espírito, uma sociedade que não cultiva as grandes ideias humanistas acabará, novamente, na violência e na autodestruição”.
A iniciativa centrou-se “na questão de saber se a Europa continua ou não a ser uma boa ideia e qual é realmente a importância e a relevância politica do ideal europeu de civilização”(Rob Riemen). A preservação da herança cultural, do ideal europeu de civilização, o conhecimento e divulgação das grandes ideias humanistas são a única esperança aqui afirmada para a sobrevivência da “Europa”.
George Steiner mostra amplamente o dom que lhe determinou a escolha de ser Professor de Humanidades e que ele definiu como o de “convidar os outros para o significado”. Leva-nos numa leitura fascinante, que começa pelo sentido dos cafés espalhados na Europa, pelas marcas culturais com que convivemos sem dar por isso, como é o caso dos nomes das ruas e becos, e segue viagem pelos filósofos, pelas atribulações históricas, numa forma simples e ao mesmo tempo tão elaborada de nos ensinar a ler esta Europa em que vivemos hoje. E para nos alertar, tal como diz Rob Riemen:
“A cultura mais não é do que um convite, um convite ao cultivo da nobreza de espírito. A cultura fala discretamente:”Deves mudar a tua vida.”A sabedoria que oferece é revelada, não por palavras, mas por actos. Ser culto, requer muito mais que erudição e eloquência. Mais do que tudo o resto, significa cortesia e respeito. A cultura, como o amor, não possui uma capacidade para obrigar. Não oferece garantias. E, contudo, a única possibilidade de alcançar e proteger a nossa dignidade humana é-nos oferecida pela cultura, pela educação liberal. Uma sociedade que ignora o empobrecimento do espírito, uma sociedade que não cultiva as grandes ideias humanistas acabará, novamente, na violência e na autodestruição”.
5 comentários:
Amiga Suzana! :)
Ora então muito boa tarde.
Sabe, essa "coisa" da "ideia de Europa" é muito complicada, mas tirando isso, acabou por não dizer se o autor achava se a Europa continuava a ser uma boa ideia, ou não.
Pessoalmente, gosto da Europa (é ela que me paga o ordenado ao fim do mês, logo parece-me um bom motivo para gostar dela), gosto de trabalhar com "eles" (embora andem um bocado avariados de momento por causa do novo quadro comunitário), acredito no trabalho que faço e nos objectivos por eles traçados (às vezes pergunto-me se não serei um bocado 'tanso', mas enfim), e acho que estou mesmo a ajudar.
No entanto, quando as coisas passam para o plano nacional, digo-lhe... já não há paciência (i.e. pelo menos a minha está a esgotar-se rapidamente). E isto, arruma com as "ideias" de qualquer um.
Suzana,
Estou totalmente de acordo que a Europa para sobreviver e evoluir - enquanto civilização, cheia de história e tradição - necessita de preservar a sua identidade humanista.
Esta identidade faz parte da sua cultura, que julgo não deve ser olhada instantaneamente mas antes como um longo repositório de pensamentos, educação, arte, hábitos, costumes, conquistas, etc.
É este todo que tem de ser forte para ajudar a "amenizar" a modernização tecnológica e a globalização das economias do nosso tempo.
Muito interessante a reflexão que Steiner faz ao associar a "ideia de Europa" à existência dos cafés, espalhados pelo imenso espaço europeu. Sem dúvida locais vivos da vida de outras épocas em que a sabedoria e a poesia se sentavam tranquilamente à mesa dos cafés!
Quem não conhece o café de Pessoa, em Lisboa?
Olá Anthrax, seja muito bem aparecido! Já tinha saudades de o "ouvir"! Pois eu não disse como é que o livro acaba para não lhe tirar o gosto de o ler... é que não é fácil resumi-lo no curto espaço de um post. Mas sempre lhe digo, com a esperança de lhe dar algum alento no excelente trabalho que aí faz (não desista, por favor!, embora eu o compreenda)que o autor considera que sim, que ainda é possível essa Europa embora admita que "pode ser que estas palavras sejam insensatas, que seja demasiado tarde. espero que não, só porque estou a dizer estas palavras na Holanda, onde Baruch Espinoza viveu e pensou". Anthrax, bem vistas as coisas, este é um pequeno livro claramente inserido na sua actividade profissional...!;))
É isso mesmo Margarida. "O Café é um local de entrevistas e conspirações, de debates intelectuais e mexericos, para o flâneur e o poeta ou metafísico debruçado sobre o bloco de apontamentos (...) É o clube dos espirituosos e a posta-restante dos sem abrigo". A Ideia de Europa, p.26). Que pena haver cada vez menos cafés em Lisboa, substituidos por balcões onde se bebe a bica em pé e a correr...
Ora amiga Suzana,
Acredite, não estou ausente por opção, é mesmo porque estou cansado (com a tónica a pender mais para o lado da desmotivação).
Ainda não consegui perceber se sinto necessidade de mudar (no sentido de evoluir) ou se sinto necessidade de mudar (para fugir à estupidez). Isto é, ainda não consegui perceber se é uma questão de evolução ou de fuga. :)
Agora a sério, está a ser particularmente dificil lidar com a ignorância teimosa de uma certa personagem lá do tasco :) É muito, muito mau.
Tirando isso, olhe, vou comprar o livro e vou inspirar-me :) Um grande bem haja! :))
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