Aqui há uns anos, no tempo do fascismo, os Institutos Industriais formavam Agentes Técnicos de Engenharia e as Escolas Agrícolas, os Regentes Agrícolas. Com o 25 de Abril, tornando-se intolerável esta discriminação entre os títulos dos cursos médios e os licenciados, exigiu-se um “up-grading” generalizado daqueles, tendo então aparecido, da noite para o dia, os Engenheiros Técnicos e os Engenheiros Técnicos Agrários. Processo similar aconteceu com os Contabilistas formados pelos Institutos Comerciais. A democracia assim o exigia!... Mas diga-se que, com tal reforma de fundo, o país prosperou a olhos vistos!...
O processo revelou-se imparável, estendeu-se a todas as funções e ganhou formas institucionais.
Por exemplo, uma licenciatura demorava normalmente cinco anos. Mas agora, com o processo de Bolonha, um estudante do superior ao fim de três anos torna-se já licenciado.
Seguindo ainda Bolonha, o licenciado com mais dois anos, isto é, em cinco anos, torna-se Mestre. O que leva, segundo li na última edição do Sol, a que os licenciados que concluíram os cursos antes da entrada em vigor do processo de Bolonha sejam promovidos a Mestres, o que é de toda a justiça, diga-se!...
Pela ordem natural das coisas, um Doutor vai equivaler ao Mestre actual e um Catedrático ao actual Doutorado. Claro que terá que haver uma nova designação para Catedráticos!...Um Grupo de Missão de doutorados sem trabalho universitário, em jeito de aulas de substituição, já deve estar encarregado de aprofundar a matéria!...
Claro que as empresas também não ficaram para trás. O que se chamava gestão de empresas passou a chamar-se governo ou governação e, no caso das empresas mais sofisticadas, “corporate governance”. Com tal promoção, também não sei como se irá redenominar aquilo que agora se chama governo de um país!...
Mas tirando estas pequenas dúvidas da futura denominação dos governos e dos catedráticos, fico com a certeza plena de se estar no limiar de um novo surto de avanço da nação, face a esta reforma verdadeiramente fundamental. Conclusão que nunca seria capaz de tirar com a minha simples licenciatura de cinco anos, se entretanto Bolonha não tivesse feito de mim um perfeito Mestre bolonhês!...
O processo revelou-se imparável, estendeu-se a todas as funções e ganhou formas institucionais.
Por exemplo, uma licenciatura demorava normalmente cinco anos. Mas agora, com o processo de Bolonha, um estudante do superior ao fim de três anos torna-se já licenciado.
Seguindo ainda Bolonha, o licenciado com mais dois anos, isto é, em cinco anos, torna-se Mestre. O que leva, segundo li na última edição do Sol, a que os licenciados que concluíram os cursos antes da entrada em vigor do processo de Bolonha sejam promovidos a Mestres, o que é de toda a justiça, diga-se!...
Pela ordem natural das coisas, um Doutor vai equivaler ao Mestre actual e um Catedrático ao actual Doutorado. Claro que terá que haver uma nova designação para Catedráticos!...Um Grupo de Missão de doutorados sem trabalho universitário, em jeito de aulas de substituição, já deve estar encarregado de aprofundar a matéria!...
Claro que as empresas também não ficaram para trás. O que se chamava gestão de empresas passou a chamar-se governo ou governação e, no caso das empresas mais sofisticadas, “corporate governance”. Com tal promoção, também não sei como se irá redenominar aquilo que agora se chama governo de um país!...
Mas tirando estas pequenas dúvidas da futura denominação dos governos e dos catedráticos, fico com a certeza plena de se estar no limiar de um novo surto de avanço da nação, face a esta reforma verdadeiramente fundamental. Conclusão que nunca seria capaz de tirar com a minha simples licenciatura de cinco anos, se entretanto Bolonha não tivesse feito de mim um perfeito Mestre bolonhês!...
5 comentários:
Caro Pinho Cardão,
Mas foi parca a imaginação, no caso dos "títulos". Na verdade não são novos nomes. Simples alteração semântica.
Agora essa do Mestre Bolonhês, gostei. Finalmente uma nova designação!
Gostei mesmo! E vai-me ficar a matar, vou já procurar cartola a preceito.
Caro Mestre,
É nestas alturas que acho que nos faltou uma verdadeira catástrofe para limpeza genética. Ninguém questiona se a educação vai ser melhor, ou pior, ou se é este o esquema que se adapta melhor às nossas especificidades.
Qual é a questão fundamental? Afinal este marmelo vai levar menos dois anos que eu para ser chamado de licenciado, ou vai ser mestre com o mesmo tempo que eu.
Isto também revela bem a quantidade de desempregados A MENOS que temos. Porque se tivéssemos a quantidade correcta de desempregados, esta questão nunca se colocava.
Mas como estamos em altura de discutir coisas sem importância nenhuma...
Mestre Pinho Cardão: o meu Amigo está a refinar esse humor inteligente! É uma delícia ler os seus posts.
Mestre Tonibler: põe o dedo na ferida. Na discussão sobre as consequências de Bolonha nunca ninguém começa por aí, pela questão da qualidade dos quadros que é suposto saírem das escolas superiores com uma formação de elite. E era, a meu ver, por aí que se deveria começar...
Caro Ferreira de Almeida:
Desvanecido...mas uma lucidez mínima obriga-me a considerar que o meu amigo, distinto advogado e habilíssimo na retórica, desta vez exagerou mesmo a sério!...
Caros Tonibler e Ferreira de Almeida:
Pois, mais do que a distinção de Bolonha, calou-me fundo o facto de os meus amigos me chamarem de mestre!...Mas tenho algumas dúvidas de que também me considerem como tal, pois entre chamar e considerar vai uma distância magistral!...
Caro SC:
Foi só para distinguir de mestre alfaiate, mestre serralheiro, mestre pintor!...
caros bloguers, visto serem pessoas informadas acerca deste assunto "processo de bolonha", vinha pedir que caso não se importem, se poderiam comentar e esclarecer algumas duvidas
neste blog :
http://toutaber.blogspot.com/
Grande parte dos bloguers sao estudantes e há uma enorme duvida acerca do processo de bolonha.
obrigado
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