O Zimbabwe, ex-Rodésia, era há cerca de 25 anos um dos mais prósperos países e uma das economias mais avançadas do continente africano.
A agricultura era moderna, exportando largamente para outros países africanos e europeus, a industria transformadora atravessava uma fase de prosperidade e o turismo começava a desenvolver-se.
A bolsa de valores de Harare era, a par da de Joanesburgo, das mais movimentadas e organizadas do continente.
Vinte e cinco anos volvidos o Zimbabwe transformou-se num país miserável, em que (i) mais de 60% da população vive na pobreza absoluta, com um rendimento inferior a 1 dólar/dia, (ii) a taxa de desemprego é superior a 80%, (iii) a inflação estará actualmente em 1.600% (homóloga) sendo referido por economistas conhecedores que pode chegar ao longo deste ano a 4.000 ou mesmo 5.000%, (iv) a produção diminui ano a ano, sendo o PIB de 2005 inferior a metade do de 2000, etc,etc.
O autor principal desta “proeza”, Robert Mugabe festejou em 21 do corrente os 83 anos, levando já 27 à frente dos destinos do País.
Nos primeiros anos do seu Governo as coisas parece nem terem corrido mal, mas a partir de determinada altura resolveu enveredar por um processo de “africanização”, através do confisco e da ocupação por vezes muito violenta (com frequentes assassinatos dos que resistiam, brancos ou negros) das empresas agrícolas que eram geridas por proprietários brancos – embora brancos, eram cidadãos zimbabweanos.
Essas propriedades eram depois entregues a amigos do seu regime – que as vendiam a preço de saldo ou as deixaram arruinar - ou a agricultores negros que não tinham experiência nem meios para as gerirem.
O resultado desta política foi catastrófico, encontrando-se abandonadas e em ruínas grande parte das outrora prósperas propriedades agrícolas, bem como destruída grande parte dos equipamentos que lhes estavam afectos.
Mugabe tem reforçado os seus poderes presidenciais, exercendo toda a espécie de represálias sobre os seus adversários políticos e falseando os resultados das eleições que apesar de tudo se vão realizando.
Usa sistematicamente um discurso demagógico de afirmação do poder para os zimbabweanos negros – em última análise, descontada a demagogia, o poder de viver na miséria.
As informações mais recentes dão conta de que já há investidores interessados na compra de imóveis urbanos e rústicos, para recuperação, apostando na queda de Mugabe e/ou na expectativa da sua morte, dada a avançada idade.
No entanto, num interessante artigo publicado no F. Times deste último fim-de-semana, previa o articulista que Mugabe tudo fará para se aguentar no poder até à morte natural, com receio de vir a ser julgado pelos crimes cometidos se deixar o poder.
O Mundo, descontado o inconformismo deTony Blair que tomou algumas medidas de represália em reacção às violências de Mugabe sobre cidadãos de origem britânica – valendo-lhe o título de inimigo nº1 do Zimbabwe atribuído por Mugabe – tem permanecido indiferente a esta desgraça.
Até porque, convém não esquecer, Mugabe utiliza também um rótulo de esquerda.
8 comentários:
E já temos mais um na fila. Chama-se Venezuela. Pelo Zimbabwe já podemos saber como vão acabar.
Com condimentos como os que aqui descreve o Dr. Tavares Moreira, a receita é infalível...
Caros Comentadores,
Ocorreu-me, entretanto, a ideia de baptizar o futuro (?) aeroporto da OTA com o nome de Robert Mugabe. No fim de contas, simbolizaria bem o grave equívoco económico e político do polémico projecto.
Seria uma homenagem bem merecida ao "grande" estadista.
Apoiado!...
ehehehe! Aeroporto Robert Mugabe...Fica bem. Mas acho que vai ser Aeroporto Mário Soares ou Aeroporto António Guterres. Também não fica mal...
Viva, Dr.Tavares Moreira,
Os seus comentários sobre os paises Africanos sempre chamam a atenção dos gravissimos problemas que atravessam.Muitos deles têm muita riqueza para se sustentarem, mas o grande problema, é a falta de disciplina,formação e coordenação nos seus povos.Que é muito complicado.
Sobre o tal nome para o aeroporto, tambem estou em dúvida, entre Mario Soares ou Antonio Guterres.
Um abraço
Pedro Sérgio (Palmela)
Caro Pedro Sérgio,
O meu amigo está em dúvida? Então não acha que Robert Mugabe é o nome certo para o aeroporto errado?
Pelo menos, quando as pessoas se lamentarem dos malefícios do tal aeroporto, poderão dizer: o nome, esse, foi bem escolhido.
E já viu o bonito que será, para as aeronaves que utilizarem essa infraestrutura, anunciarem aos passageiros "iniciamos a nossa descida para o aeroporto Robert Mugabe, na Ota. Por favor apertem os vossos bolsos e cuidado com as carteiras se são contribuintes residentes em Portugal"...
Magnífico, não acha?
Um abraço.
Caro Dr. Tavares Moreira,
Concordo claramente com o amigo.Se o Estado anda acabar com a sua riqueza, qual o proximo vôo aonde possa ir buscar rendimento?A resposta está no seu comentário anterior.
Um abraço
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