1. Nos 30 países componentes da zona da OCDE os preços no consumidor caíram em Julho último 0,6% em relação a Julho de 2008, em resultado da forte quebra dos preços dos produtos energéticos (combustíveis), -18,1%.
2. A chamada “inflação de base” ou “core inflation”, em cujo cálculo se não incluem os preços dos energéticos e dos alimentos não transformados, foi positiva, +1,6%. Se considerarmos que os preços dos alimentares não transformados também subiram, +0,6%, concluímos que a descida de preços se ficou a dever, exclusivamente, aos energéticos.
3. Nos USA e na Zona Euro os preços no consumidor caíram em Julho 2,1% e 0,7%, respectivamente, em relação a um ano antes, mas a tal “core inflation” foi positiva, em 1,5% e 1,3% respectivamente – o que reflecte uma quebra dos energéticos mais acentuada nos USA (- 28,1%) do que na Zona Euro (-14,3%).
4. Esta evolução deixa perceber que a descida dos preços no consumidor, a inflação negativa, estará a chegar ao fim, com o declínio do impacto desinflacionista dos energéticos.
5. A estimativa rápida da inflação na Zona Euro para Agosto deixa perceber isso mesmo, com os preços no consumidor ainda a cair - mas apenas -0,2% contra os -0,7% observados em Julho.
5. Em condições normais, os preços no consumidor deverão voltar a crescer perto de 2% lá para o final do ano, com os valores da “core inflation” e da inflação “tout court” a convergirem celeremente.
6. Estas considerações também nos permitem concluir que o movimento de descida das taxas de juro a que estamos assistindo desde há um ano está a chegar ao fim...a menos que os avisos do famoso economista Nouriel Roubini (F. Times de 24 de Agosto) tenham fundamento e sejamos surpreendidos por uma nova contracção da economia em 2010.
7. O que me parece mais seguro é que mesmo com inflação acima dos 2% as taxas de juro de base não deverão ter subidas por enquanto...entraremos em 2010 e bem dentro desse ano se bem me parece, com taxas de juro muito baixas.
8. Aos bancos centrais também se aplica o velho aforismo “Gato escaldado de água fria tem medo”...depois do contra-pé em que foram apanhados em 2008 e do enorme susto que sofreram, os bancos centrais quererão certificar-se, com toda a segurança, de que a retoma das economias, neste momento ainda em fase tímida, tem mesmo consistência e não volta para trás.
9. E essa certeza só será arquitectável (i) com 2010 bastante avançado, tudo indica e (ii) se Roubini não voltar a ter razão...
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