A nossa vida política depara-se por vezes com estas perplexidades. Gestos sem explicação lógica, sem que se entenda o que os determina e o que se pretende obter, enfim, coisas sem sentido que parecem pura diversão para aparecerem nos jornais, fraca distinção essa. Este parece ser o caso da iniciativa de um grupo de deputados do Partido socialista que requereu a inconstitucionalidade do OE 2012, em elaborado documento jurídico que recolheu as pressurosas assinaturas do Bloco de Esquerda.
Podia tratar-se de uma “guerra” no PS, uma vez que a direcção partidária veio a terreiro confirmar as razões que tinha aduzido durante o debate e votação da lei. Mas acontece que nenhum deles parece pretender o lugar do actual líder, refugiam-se em argumentos jurídicos, em grandiloquentes declarações de princípios mas, quanto a condenarem a liderança, nem nada. Portanto, não é uma guerra interna.
Podia tratar-se de políticos muito contrariados com o rumo e grau de austeridade, com a surpresa pela violência da austeridade. Mas, se bem me lembro, esses mesmos deputados foram grandes apoiantes do governo anterior, incluindo defenderam os sucessivos Pec’s, o Pec IV também, não gritaram contra o pedido de resgate nem arrepelaram os cabelos perante a assinatura do acordo com a troika pelo Governo que apoiavam. Portanto, não se trata de discordarem das políticas que têm, forçosamente, que ser executadas. Sabiam que ia ser assim.
Podia também considerar-se que estes deputados não esperavam ter pela frente neste mandato situações de grande exigência política, como a de terem que aprovar orçamentos difíceis que tentam desesperadamente corrigir em curto tempo os desvarios que apoiaram durante largos anos. Mas integraram as listas, aceitaram os mandatos e tencionam cumpri-los. Não é, portanto, por defenderem outras soluções, não é por quererem rasgar o acordo, nem por diferentes visões estratégicas.
Não será também por terem alternativas realistas às eventuais inconstitucionalidades que agora argúem, uma vez que essas alternativas não constam dos argumentos que adiantam perante as câmaras. Portanto, não se vislumbram que medidas com efeitos semelhantes imaginam sem mácula para substituírem, em concreto, as que consideram violadoras da lei fundamental.
Talvez a explicação deste mistério seja a de se tratar de deputados que são também docentes universitários e constitucionalistas. Parece, pois, uma iniciativa ditada pela dificuldade em conciliar a arte do possível com a pureza da ciência. O dilema do País segue dentre de momentos.
Podia tratar-se de uma “guerra” no PS, uma vez que a direcção partidária veio a terreiro confirmar as razões que tinha aduzido durante o debate e votação da lei. Mas acontece que nenhum deles parece pretender o lugar do actual líder, refugiam-se em argumentos jurídicos, em grandiloquentes declarações de princípios mas, quanto a condenarem a liderança, nem nada. Portanto, não é uma guerra interna.
Podia tratar-se de políticos muito contrariados com o rumo e grau de austeridade, com a surpresa pela violência da austeridade. Mas, se bem me lembro, esses mesmos deputados foram grandes apoiantes do governo anterior, incluindo defenderam os sucessivos Pec’s, o Pec IV também, não gritaram contra o pedido de resgate nem arrepelaram os cabelos perante a assinatura do acordo com a troika pelo Governo que apoiavam. Portanto, não se trata de discordarem das políticas que têm, forçosamente, que ser executadas. Sabiam que ia ser assim.
Podia também considerar-se que estes deputados não esperavam ter pela frente neste mandato situações de grande exigência política, como a de terem que aprovar orçamentos difíceis que tentam desesperadamente corrigir em curto tempo os desvarios que apoiaram durante largos anos. Mas integraram as listas, aceitaram os mandatos e tencionam cumpri-los. Não é, portanto, por defenderem outras soluções, não é por quererem rasgar o acordo, nem por diferentes visões estratégicas.
Não será também por terem alternativas realistas às eventuais inconstitucionalidades que agora argúem, uma vez que essas alternativas não constam dos argumentos que adiantam perante as câmaras. Portanto, não se vislumbram que medidas com efeitos semelhantes imaginam sem mácula para substituírem, em concreto, as que consideram violadoras da lei fundamental.
Talvez a explicação deste mistério seja a de se tratar de deputados que são também docentes universitários e constitucionalistas. Parece, pois, uma iniciativa ditada pela dificuldade em conciliar a arte do possível com a pureza da ciência. O dilema do País segue dentre de momentos.
4 comentários:
Cara Suzana:
Pode ser essa a causa e a razão, usar a política para tirar dividendos académicos. Numa Universidade a sério, tais teses seriam reduzidas a lixo e tais "docentes" despedidos.Com a excepção, óbvia, daquelas Faculdades que deram em formar politólogos, também chamados cientistas políticos, expressão última de gastar dinheiro sem objecto. E de forma recorrente e continuada, pois até há programas de doutoramento para essa obscura ciência de alquimia política.
Mas julgo que a razão ainda é mais deprimente. É a forma de reaparecerem na comunicação social, a atracção dos holofotes, o desejo mórbido de falar ao microfone. Não vivem sem publicidade pessoal. Inventam tudo e fazem tudo para mostrarem prova de vida. Já Aristóteles dizia que muitos políticos caem em doença crónica quando se apagam de funções de relevo. E só se reabilitam quando voltam. Parece-me ser o caso. Não é por serem docentes ou deputados, é por estarem com a doença do afastamento das luzes. Fazem mal ao país pelo bem deles próprios. Numa comunicação social ignara e sem critério, desejosa de escândalo, vão ser heróis por uns tempos. Até arranjarem novo motivo de aparecer.
Acho que devemos olhar para isto do lado positivo. Se o TC disser que o orçamento é inconstitucional, será a última decisão do TC e o último orçamento de estado. E já viram se essas pessoas tivessem na mão coisas realmente importantes como vidas, saúde, educação, etc...? Mais vale ocupá-las com politologia, assim ninguém morre.
Suzana
Querem ter os seus momentos de "glória", ainda hoje lá tiveram as televisões à porta do Tribunal Constitucional. Aguardemos pela decisão, que se lhes for contrária não lhes causará qualquer dano de imagem, muito pelo contrário, terão mais uns momentos de "glória". Afinal, foram eles e só eles - grandes heróis! - que se preocuparam em defender o povo. Sinismo político!
Não sei de onde vem esse título mas qualquer praticante sabe que a ciência é a arte do possível. E pode também ser pura, a onda de força e de luz de Hirsoshima foi de uma pureza tal que até cristalizou sombras, para que sombra de dúvida não restasse.
Agora o sofismo do direito e a mujição Moreirense isso é mera feira de vaidades, versão aristocrática. O triumpho dos porcos com glamour miss Piggy. E o verbo mujir esse continuará por muitos anos a ser conjugado para desgraça de que assiste a esta miséria. Na flatland os pigmeus flatulantes são reis.
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