Carvalho da Silva chegou ao fim do seu percurso de dirigente sindical. Nada tenho quanto à pessoa, que não conheço, mas tenho tudo contra as ideias.
Durante 25 anos, a Intersindical de Carvalho da Silva reproduziu um sindicalismo velho e revelho nos conceitos e no pensamento, como nas palavras e na acção. Ouvir a Intersindical era o mesmo que ouvir um sindicalista ocidental do tempo da ditadura soviética ou de há cem anos atrás. Ortodoxa na defesa integral do princípio da luta de classes, a Central nunca viu bondade em qualquer lei do trabalho, nunca reconheceu qualquer acordo de concertação social. A Intersindical sempre viu na greve a suprema forma de justificar a sua existência e de fazer prova de vida.
As ideias e a política sindical da Intersindical de Carvalho da Silva constituíram um verdadeiro passivo para os trabalhadores, pelo desemprego que favoreceram e pelo emprego que desincentivaram.
Completamente desfasada do seu tempo histórico e das novas relações de trabalho, a Intersindical veio a perder força e associados. A avaliar pelas greves gerais que convocou, deixou de ter o apoio dos trabalhadores do sector privado, reduzindo a sua influência ao sector do funcionalismo público. Uma contradição nos termos, porquanto, num regime democrático em que o governo resulta da vontade do povo, é difícil de perceber contra quem ou contra quê se dirige uma luta de funcionários públicos. Mas a luta da Intersindical é luta política pura e dura, sob a capa sindical.
Na despedida, e hoje, todo o dia, Carvalho da Silva está a ser beatificado pelos media, comentadores e analistas. E, como não podia deixar de ser, por Mário Soares. Mas não deixa nem milagre que, aliás, não se pedia, nem obra virtuosa. Pelo contrário, a sua política deixa um colossal e irremediável passivo. A suportar por todos e pelos trabalhadores que jurava defender.
Durante 25 anos, a Intersindical de Carvalho da Silva reproduziu um sindicalismo velho e revelho nos conceitos e no pensamento, como nas palavras e na acção. Ouvir a Intersindical era o mesmo que ouvir um sindicalista ocidental do tempo da ditadura soviética ou de há cem anos atrás. Ortodoxa na defesa integral do princípio da luta de classes, a Central nunca viu bondade em qualquer lei do trabalho, nunca reconheceu qualquer acordo de concertação social. A Intersindical sempre viu na greve a suprema forma de justificar a sua existência e de fazer prova de vida.
As ideias e a política sindical da Intersindical de Carvalho da Silva constituíram um verdadeiro passivo para os trabalhadores, pelo desemprego que favoreceram e pelo emprego que desincentivaram.
Completamente desfasada do seu tempo histórico e das novas relações de trabalho, a Intersindical veio a perder força e associados. A avaliar pelas greves gerais que convocou, deixou de ter o apoio dos trabalhadores do sector privado, reduzindo a sua influência ao sector do funcionalismo público. Uma contradição nos termos, porquanto, num regime democrático em que o governo resulta da vontade do povo, é difícil de perceber contra quem ou contra quê se dirige uma luta de funcionários públicos. Mas a luta da Intersindical é luta política pura e dura, sob a capa sindical.
Na despedida, e hoje, todo o dia, Carvalho da Silva está a ser beatificado pelos media, comentadores e analistas. E, como não podia deixar de ser, por Mário Soares. Mas não deixa nem milagre que, aliás, não se pedia, nem obra virtuosa. Pelo contrário, a sua política deixa um colossal e irremediável passivo. A suportar por todos e pelos trabalhadores que jurava defender.
10 comentários:
Tenho uma grande admiração por Carvalho da Silva. O homem saiu da fábrica para o sindicalismo e 300 mil desempregados depois é professor universitário de sociologia. Espertos como este já não se fazem e é natural que receba elogios dos seus pares.
De facto...
E vai começar a "trabalhar", segundo li hoje, com Boaventura Sousa Santos...
Concordo em absoluto com a opinião de Pinho Cardão sobre a Intersindical e a acção de Carvalho da Silva. No entanto gostaria de deixar alguns cimentários:
1) "As ideias e a política sindical da Intersindical de Carvalho da Silva constituíram um verdadeiro passivo": Desconfio que as ideias de Carvalho da Silva são as do PCP e é bem sabido o grau de ortodoxia deste. É certo que Carvalho da Silva deu um cunho pessoal ao discurso, mas não saiu nem um milímetro da linha do partido.
2) "Uma contradição nos termos, porquanto, num regime democrático ... é difícil perceber contra quem...": Aqui estou em completo desacordo: É contra a democracia "burguesa", que é a nossa.
3) Diz Tonibler: "Tenho uma grande admiração por Carvalho da Silva.": Eu também, mas isso não significa concordância com as suas ideias e com a sua acção, pelas quais não tenho qualquer admiração.
Temos que lhe reconhecer o valor que dedicou a sua pessoa, valorizando-se. Enquanto foi desvalorizando os trabalhadores, que dizia defender!
Caro Pinho Cardão,
Essa joint venture de sociólogos vai produzir alguma da melhor sociologia que este país já produziu, pelo menos desde que a Maia meteu silicone no peito e o Prof. Karamba juntou as cartas aos búzios.
Carvalho da Silva vai andar por aí, e preparem-se que vai fazer mais moça do que o que fez até agora.
Não deixa de ser irónico Mário $oare$ elogiar Carvalho da Silva, depois de no passado ter ajudado a criar (e bem) a UGT contra a CGTP. Mas isso eram os tempos da guerra fria de que agora ninguém se lembra (e muitos querem fazer esquecer).
Pois eu, meu caro António, penso que Carvalho da Silva tem agora uma oportunidade única para demonstrar aquilo que durante vinte e cinco anos clamou: Que é possível fazer crescer a economia deste país criando muitos postos de trabalho com respeito pelos direitos dos trabalhadores.
Basta que ele se torne um empresário bem sucedido. Formação e conhecimento da realidade não lhe faltam.
Ideias, certamente, também não.
De qualquer modo coloquei hoje no meu caderno uma sugestão imperdível acerca de um sucesso perdido.
Até agora, espero eu.
Senhor Dr. Pinho Cardão:
«nunca reconheceu qualquer acordo de concertação social.»
Acontece que, apesar de a CGTP ter continuado a ser o que foi, assinou 4 acordos de Concertação Social. Os dois últimos sobre a Formação Profissional e o Ordenado Mínimo Nacional.
O rigor só dá substância aos nossos argumentos, nunca os enfraquece.
Eu sei que a afirmação não é sua, mas querer-se fazer-nos acreditar que os 300 mil desempregados é (só) culpa do Carvalho da Silva não passa da mais barata e pura demagogia, pois o homem não teve assim tanta importância que o fizesse chegar a tanto.
Caro Freire de Andrade:
Claro que o ideário da Intersindical e do PC é o mesmo e mesma é a sua luta.
Caro al cardoso:
De facto, estudou e teve mérito nisso, mas daí nada resultou para o bem dos trabalhadores que representava. As ideias continuaram as mesmas, os mesmos slogans, as mesmas frases de sempre. Nenhuma evolução.
Caro Tonibler:
Vai ser uma dupla mortífera. Nomeadamente no consumo de verbas públicas para um adivinhável grandioso programa investigativo.
Caro Ilustre Mandatário:
Concordo consigo. Já começou a ser beatificado e há muito que está nos altares da comunicação social.
Vai ser ouvido com muito interesse por muita gente. Mais uma vez o rei vai nu e todos a afirmar que vai ricamente vestido.
Caro A Santos:
Claro, óbvio, que a culpa do desemprego não é só da Intersindical. Mas as ideias da Intersindical não só não criam um único posto de trabalho, como não dão ânimo a que eles sejam conservados.
Não ataco Carvalho da Silva como pessoa; é apenas um produto de ideias velhas e caducas. Que só têm prejudicado os trabalhadores. e prejudicam os trabalhadores e a actividade económica.
Caro Rui:
Ora aí está uma bela sugestão, as rosquilhas de azeite. Mas não creio que CS pegue no negócio.
E abalançar-se na economia privada deve ser seria heresia total e quebra de princípios. Só se se nacionalizasse o negócio...
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