Acabo de saber que o sem-abrigo que roubou um champô e uma embalagem de polvo foi obrigado a pagar 250 euros ou, em alternativa, prestar serviço à comunidade. O processo corre há dois anos e, de acordo com o advogado oficioso, que fez as contas, os gastos deverão ser da ordem dos milhares de euros. O sem-abrigo não compareceu nem sabem onde para. Aqui está um cidadão que sabe tratar a justiça como merece: borrifou-se! E se for apanhado deverá fazer um manguito. O quê, trabalhar para a comunidade? Sou um sem-abrigo, mas não sou parvo. Então vai de cana. Ótimo. Ótimo. E durante quanto tempo? Apenas durante algumas semanas. Ora porra! É pouco, muito pouco! Tenho que pensar em roubar algo mais importante, talvez um queijo da serra, uma garrafa de whisky....
6 comentários:
Acho que há um a correr sobre 77 cêntimos de feijão verde que os advogados do Lidl se recusam a ver arquivado pelo que nadam a recorrer há 2 anos, penso...
Lembra aquele conto do Miguel Torga, "está um belo dia para uma demanda".
; )))
Que situações tão caricatas! : )
Discordo.
http://notaslivres.blogspot.com/2012/02/defesa-do-pequeno-crime.html
Gonçalo
Tem todo o direito a discordar. Permita-me que lhe diga que não defendo tais atos, nem sou a favor da pequena deliquência. Confrange-me todo este processo, em que recursos, tempo e dinheiro são consumidos para resolver estas situações. Quanto aos tais milhões de pequenos roubos é certo e bem conhecido. De qualquer modo, também não poderia deixar de transmitir que a justiça tem de encontrar outros meios para resolver estes casos. Além do mais, também gostaria de saber o que propõe para que os que estão do outro lado, as vítimas de pequenos crimes que se contabilizam pelos tais milhões. Também têm os seus quês. E não são tão poucos como isso. Campanhas publicitárias agressivas, muitas vezes sem o mínimo de ética, vendendo, como diz o povo gato por lebre, realçando e atribuindo valores a produtos que não têm, enfim, um pequeno desabafo. Claro que para estas formas de "crime" não há lei, nem códigos e mesmo que haja, são verdadeiros artistas em ultrapassá-los. Não são crimes, poderá dizer, pois não, mas olhe que os efeitos de alguns na bolsa, na saúde e no bem-estar da pessoas deixam mossa, enquanto conseguem "amealhar" alguns milhões.
E não são poucos. No fim o que interessa é fazer com que consumam, consumam e quanto mais melhor, fazendo uso de meios que, sinceramente, por vezes me enojam!
Sim. Aceito a argumentação. Mas a solução passaria por criar instâncias mais ágeis para tratar estes casos de forma mais célere. Imediata mesmo. Reservando para os tribunais outras situações maiores e mais relevantes. Mas, passar a ideia que o pequeno crime deixa de ser punido é risco demasiado grande.
Situações como estas ou as de não pagar a conta do telemóvel ou da Cabo TV não têm que ir a tribunal. E têm que ter execução imediata.
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