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terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Pobre país!

Não tardará muito para podermos observar a realização de verdadeiros safaris pelo interior de Portugal, em que pais e mães, acompanhados dos seus rebentos, irão deliciar-se com uma fauna de seres humanos esquisitos a viverem em condições totalmente distintas dos que vegetam nas grandes metrópoles, sobretudo na dita Lisboa, transformada em Babilónia do Império, com direito a tudo e a mais qualquer coisa em detrimento dos direitos mínimos dos que ainda vão ficando pela dita "província". Lentamente estão a fechar o país, cuidados de saúde reduzidos ao mínimo, serviços a fecharem e a serem concentrados em localidades mais "centrais", justiça a distanciar-se em termos geográficos para não falar dos aspetos humanos, tentativas vãs e mais do que hipócritas de pseudo cuidados a ter com as populações envelhecidas, enfim, contributos eficientes para o despovoamento do quintal da capital, que se transformará num enorme parque de lazer para os stressados das grandes cidades. Qual o pretexto para tamanhas e capitais transformações? Maximizar os poucos recursos e transferi-los para que a "Cidade" possa sobreviver com todas as regalias. Poupar, claro está. E os outros? Quais outros? Os que vivem na "província"? Que se lixem! Eles contentam-se com pouco. Sempre estiveram habituados a viver à míngua. Mas será que não há ninguém capaz de cortar a cabeça a tanto idiota? Pobre país.

15 comentários:

(c) P.A.S. Pedro Almeida Sande disse...

Subscreve-se com dor! Muita dor por ver o meu país a implodir com políticos de trazer por casa. Ainda ontem ,Assunção Cristas regozijava por uma revolução no arrendamento (nesta altura!) que vai matar dezenas ou centenas de inquilinos pobres.

Bem sei que os senhorios não são SS, mas haja humanidade e a percepção que o mercado nem tudo resolve. E os velhos? Vai ser vê-los a morrer não em casa, mas na rua aos magotes.

São os valores que morreram em Portugal! São estes valores que criam revoluções e implosões que nada resolvem mas destapam a tampa!

Tonibler disse...

Caro Prof,

Eu já meti na cabeça que os meus filhos virão na férias visitar o pai à terra, Lisboa, depois de virem lá do sítio onde trabalham(Frankfurt ou Londres). E vamos ao Terreiro do Paço, à festa do emigrante, comer umas sardinhas...

Massano Cardoso disse...

Pois, Tonibler. Eu estava a falar do meu "planeta" (Portugal) e não de extraterrestres que venham de outro sistema solar (Frankfurt e outros planetas). Mas pode comer sardinhas à vontade, fazem bem à saúde. Se for preciso um tintito eu ainda posso contribuir com umas garrafitas da piolheira da província, pelo menos ainda serve para alguma coisa, matar a dor e acompanhar as sardinhas que venham a comer no Terreiro do Paço...

O Faroleiro disse...

O centralismo acéfalo é um mal de que Portugal padece há já muitos anos.

O ridículo da coisa é que quem o patrocina normalmente vem da "terrinha", é ver os nomes : Cavaco, Guterres, Barroso, Sócrates, Marques Mendes, Passos Coelho, Seguro...

Esta gente ilude-se com o brilho das luzes e com as premissas da capital e quando regressa à terra é para fechar escolas, maternidades, portajar os acessos enfim...

Isto já não tem cura !

Anónimo disse...

Caro Professor, caros Amigos, isto é o resultado de nunca se ter pensado o país, íntegro, do Minho às Desertas. Pensa-lo globalmente. Como nunca se pensou o país, claro que não há âncoras no interior, claro que não há uma rede de cidades médias (caso único na Europa Ocidental), claro que há um tipo de povoamento disperso que por falta de âncoras não se aguenta e por fim desaparece a dispersão e ocorre a litoralização, claro que assim entra-se (já se entrou há uns anos largos) no ciclo vicioso de que há menos gente, fecham-se serviços, mais gente vai embora, fecham ainda mais serviços, etc, etc.

Se um dia se pensar o país talvez se consiga reverter a litoralização, mesmo com a pouca população que Portugal tem, e conseguir ter pelo menos uma Area Metropolitana com dimensão e massa crítica e algumas cidades médias no resto do território. Enquanto não se pensar e planear a longo prazo pois continuaremos a ter cada vez mais gente na faixa litoral entre Setubal e Caminha, uma nesguinha no Algarve e o resto do país abandonado.

Tonibler disse...

E por isso hoje todo o país é "província"...e não me parece que haja grande solução.

Anónimo disse...

Reverter este estado de coisas envolve pensar a nunca menos 50 anos, idealmente a 75. São questões que, em se começando a tomar as medidas, levam-se décadas a ver os resultados. Uma cidade de 50 mil habitantes pode facilmente levar 25 anos a chegar aos 100000, o mínimo dos mínimos para ganhar capacidade de evoluir autonomamente e ainda assim não importa apenas que sejam 100000 mas que 100000 são e devido a quê.

Agora, caro Tonibler, parece-lhe expectavel que alguém pense Portugal a 50 anos, faça um plano global e os que vierem atrás o sigam sem atirar tudo para o lixo e reverter o que vinha sendo feito?

Anónimo disse...

Erm... onde no comentário anterior se lê

"Uma cidade de 50 mil habitantes pode facilmente levar 25 anos a chegar aos 100000,"

Deve ler-se...

"Mesmo com fortes e decididas políticas de estimulo regional e local uma cidade de 50 mil habitantes pode facilmente levar 25 anos a chegar aos 100000,"

O raciocinio fez-se, as mãos não obedeceram, saiu asneira, enfim.

José Gonçalves Cravinho disse...

Pois eu continua na minha como um simples operário emigrante na Holanda desde 1964 e já velhote
(87anos),direi então que se os espertalhões,os cínicos,os velhacos
os hipócritas,os pulhas sabiam como tirar o melhor partido da Ditadura clerical-fascista do Estado Novo,agora em liberdade e democracia e com o liberalismo económico em que cada qual se safa como pode,muito melhor ÊLES,seus alunos e comparsas sabem como tirar o melhor partido desta Situação.Só os bem intencionados
ou os palermas como eu,é que são
e serão sempre as eternas vítimas. Àlém do mais,ÊLES estão a vingar-se do 25 d'Abril.
Mas,porém,todavia,contudo......

Com populismo e demagogia,
muita mentira,verdade parece,
mas em liberdade e democracia,
o Povo tem o Governo que merece.

Tonibler disse...

Caro Zuricher,

Não é preciso plano nenhum, não é preciso dar mais valor ao território que aquele que ele tem.

O que é preciso, como o post diz bem, é que a canalização dos recursos não torne esse valor negativo. Aquilo que vai acontecer a Lisboa é que a mesma coisa aconteceu ao Porto, que já tinha acontecido a Viseu. Porque a natureza humana assim o vai impelir conforme os impostos vão sendo distribuídos por centros "cada vez mais centrais". E quanto mais afastados estamos dos centros de redistribuição dos impostos, menos valor tem o território.

Já aqui discutimos que a importância de se parar de se gastar dinheiro não é só uma questão de dívida pública, é fundamentalmente uma questão de custo de oportunidade dos recursos insubstituíveis, como as pessoas e o território. Se o plano for "o estado central não gasta nem mais um tusto", já temos um plano. Que, falando por alto, não lhe encontro qualquer falha. E basta isto, para se parar com o desrespeito pela ordenação territorial que, para além de Portugal, acontece em todos os países onde há "planos nacionais de aposta em estratégias de planeamento global de...".

Resumindo, em que fase da nossa história "não há plano nenhum!" deixou de ser um plano válido e até interessante?

Anónimo disse...

Revejo-me muito nos comentários de Zuricher.

Semisovereign People at Large disse...

Com socialismo e magia,
muita mentira a verdade esquece,
mas em li berdade e gerontocracia,
o Governo tem o Povo que merece
e o povo tem o polvo que o aquece

Suzana Toscano disse...

O caro zuricher já há muito que faz esses comentários aqui a propósito deste tema, pensaríamos que ter uma fantástica rede rodoviária (é o que temos, já agora podia servir para equilibrar esse desenvolvimento do território!)tornaria tudo mais perto e mais acessível, mas o que se vê é que estamos a encolher, as pessoas, as aldeias, só as distâncias parece que se alargam, à medida que crescem as dificuldades de dinheiro.

Anónimo disse...

Cara Suzana, as estradas só por si e ao contrário do que se acreditou em Portugal ao longo de muitos anos não são o desenvolvimento nem o levam só por existirem. Outrossim, em muitos casos o encurtamento da distância temporal serve o propósito exactamente oposto, aumentar a fuga do interior para o litoral. Quando o IP4 chegou a Trás-os-Montes o presidente da câmara de Mirandela, José Gama, se a memória me não atraiçoa, no discurso aquando da inauguração da estrada chamou a atenção precisamente para isso, para que as estradas têm dois sentidos e que se não se fizer mais do que apenas a estrada, então aquele que é mais usado é o de fuga para o litoral.

As infra-estruturas de transporte são um elemento para o desenvolvimento económico e condição necessária para este existir. Mas, de todo em todo, são condição suficiente e se feitas de maneira casuistica, por si só e sem estarem integradas num plano mais vasto, os efeitos que têm no redesenho do território são muitas vezes os opostos aos pretendidos.

Semisovereign People at Large disse...

a falta de senso das ditas élites
leva a que se esqueçam todos os guetos sociais existentes
num bucolismo bacoco
atiram todas as desgraças para o interior esgraçadinho e morto de fome
infelizmente dois milhões de velhotes acima dos 55 com pensões ou subsídios abaixo dos 300 euros
estão no litoral....

e enquanto uns esperam 10 anos para começar uma diálise ou meses e anos por uma quimioterapia ou um transplante de medula
outros começam-na semanas depois de diagnosticados ...
sempre foi assis