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quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

"Praga" da baixa dos juros da dívida pública chega a Portugal...

1.Nas últimas semanas de 2011 editei alguns Posts pondo em relevo a aparente contradição entre, POR UM LADO, as análises extremamente negativas que os nossos principais especialistas vinham fazendo sobre as conclusões da famosa Cimeira Europeia de 9 de Dezembro e as decisões do BCE do mesmo dia e, POR OUTRO LADO, a crescente facilidade com que a partir daquela data diversos países da zona Euro – com destaque para a França e a Espanha e até a própria Grécia – conseguiram colocar dívida, sobretudo de curto prazo, a taxas muito mais baixas do que antes...
2.No caso português não houve possibilidade de testar em 2011 essa inconsistência, uma vez que o IGCP cancelou o único leilão de dívida que estava agendado para esse período (20/XII)...
3....mas o IGCP acaba de efectuar hoje o 1º leilão de dívida de 2012, tendo conseguido colocar a totalidade do montante anunciado, € 1.000 milhões em Bilhetes do Tesouro, com vencimento para 22 de Abril próximo, obtendo uma taxa média ponderada de 4,346%, a qual é inferior em mais de 0,5% à taxa do último leilão de 2011 (tinha sido 4,87%)...
4.Assim, também o Tesouro português, pelo menos por agora, consegue maiores facilidades de financiamento no mercado, contrariando as previsões pessimistas dos citados especialistas...nunca fiando é certo, mas "enquanto o pau vai e evm, folgam as costas"...

5. Neste quadro de tamanhas divergências entre discursos e realidade, talvez seja tempo de os nossos especialistas em temas europeus começarem a trabalhar um novo discurso, refazendo os raciocínios catastrofistas com que nos bombardearam durante semanas a fio e em que zurziram os líderes europeus, sem dó nem piedade, acusando-os de falta de visão europeia e de não entenderem nada sobre a crise do Euro...
6.Mas os nossos especialistas são personalidades dotadas de grande poder imaginativo e de adaptação às mais diferentes e adversas circunstâncias.

7. Se esta “praga” dos juros mais baixos prosseguir (como seria desejável, de resto), ainda os vamos ouvir tecendo elogios – tímidos de início, mas ganhando a pouco e pouco maior intensidade - à forma como a zona Euro e os seus decantados líderes souberam, em boa hora, encontrar o antídoto para a crise...
8....e, quem sabe, abraçar uma nova tese, sustentando o pleno restabelecimento do Estado Social que as novas condições de financiamento começarão a propiciar...

2 comentários:

Tonibler disse...

e almofadas?! O que estes 0.5% vão poder comprar de almofadas destinadas a fomentar a economia em conjunto com o equilíbrio orçamental? Ui... Margens de manobra orçamental também vão vender-se bem nas próximas semanas, tal como restabelecimentos de equidade fiscal e europas dos cidadãos.

Parece-me que silêncio, esse, vai continuar a ser desvalorizado...

Tavares Moreira disse...

Nesse caso, caro Tonibler, é bem melhor que as taxas de juro voltem a subir...acabam-se num ápice as ilusões de prosperidade...
Pode ser penoso, mas pelo menos mantém mais ou menos na ordem esta rapaziada incorrigível...