Fico verdadeiramente espantado, estupefacto, perante a ciência precisa de alguns economistas, distintos investigadores e doutos professores universitários. Como aqueles economistas investigadores do Observatório da Economia e Gestão da Fraude que, observando a fraude à lupa, concluíram que a economia paralela representa 24,8% do PIB, em 2010. Não é 25%, nem 24%, que números redondos só servem para apoucar a investigação. Mas 24,8% precisos. Verdadeiramente notável o trabalho que eles não terão tido para registar uma economia “não registada”em precisamente 24,8!...
Mas não ficam por aqui. Dizem eles que o “peso da informalidade” teve um aumento absoluto de 0,6% entre 2009 e 2010. Zero, vírgula seis por cento! Rigor absoluto.
Claro que este rigor científico nunca poderia alcançado se a “informalidade” se medisse por números redondos. Mas não, a informalidade nunca é redonda, tem arestas e as décimas são essenciais para a medir.
Temos pois verdadeiros especialistas da gestão da fraude, assim se chama o Observatório. Recrutados certamente pelo olho de lince que revelam. E ainda dizem que os linces desapareceram. Não! Eles estão activíssimos. E observam-nos a todos.
Mas não ficam por aqui. Dizem eles que o “peso da informalidade” teve um aumento absoluto de 0,6% entre 2009 e 2010. Zero, vírgula seis por cento! Rigor absoluto.
Claro que este rigor científico nunca poderia alcançado se a “informalidade” se medisse por números redondos. Mas não, a informalidade nunca é redonda, tem arestas e as décimas são essenciais para a medir.
Temos pois verdadeiros especialistas da gestão da fraude, assim se chama o Observatório. Recrutados certamente pelo olho de lince que revelam. E ainda dizem que os linces desapareceram. Não! Eles estão activíssimos. E observam-nos a todos.
Perante isto, vou-me já desarriscar da Ordem. Nem com óculos reforçados sou capaz de visão tão nítida e precisa!
14 comentários:
Eu li ontem esta notícia e o que achei particularmente interessante no estudo foi que ele é, por si só, um museu ao subdesenvolvimento.
O estado "perdeu", porque se tivesse cobrado impostos sobre aquela actividade económica, então tinha "ganho". Nem se questionam que se o estado tivesse cobrado impostos aquela actividade não se verificava. Se não se verificava, isto significa que o país ganhou 25% por não cobrar impostos. Então se não cobrasse impostos sobre a demais actividade, quanto é que o país não ganhava??
Amélias!....
Caro Tonibler:
Eles nem sabem, nem sonham o que é a economia...só vêem números.
Muitos são Professores Doutores...de economia!...
Segundo os autores e consultando o que escreveram:
"Refira-se ainda que os valores obtidos para a ENR devem ser lidos
como uma aproxima~ao e nao como um valor exacto, face nomeadamente c\s
limita~oes impostas pelo modelo MIMIC e pelos dados disponiveis. Assim,
mais importante que determinar com exactidoo o tamanho da ENR, este
trabalho pretende demonstrar a evolu,ao ou traject6ria da ENR no periodo
1970-2009."
Caro Pinho Cardão,
Não posso deixar de notar que, mais uma vez, "brinca" com algo sério...
Será porque o verdadeiro problema não é ser 24.8%, 25.002% ou 26.13%, mas antes a situação aterradora de 1/4 da economia ser paralela?
E também por não ser muito agradável reconhecer que este Governo nada faz para atacar este cancro da economia, preferindo o caminho fácil de aumentar a receita fiscal por via da taxação dos rendimentos do trabalho?
Seria sobre estas questões que eu esperava ver posts no 4R a lançar a discussão.
Caros Ilustre Mandatário do Réu:
Se são valores aproximados, nunca, num estudo como o presente, cheio de constrangimentos de informação, nunca a aproximação pode ser feita às décimas.
Se se pretende ver a tendência, 0,6% não significa nada. Fica no intervalo de confiança (ou de desconfiança...).
Caro Jorge Lúcio:
Já os romanos diziam que é a rir que se corrigem os costumes.
Quanto à matéria fiscal, creio que será difícil encontrar qualquer sítio, para além do 4R, onde mais se tenha criticado a maldade económica intrínseca ao aumento de impostos. Todavia, também eu não vejo como, na situação legada pelo anterior governo que levou às imposições da Troyca, se arranjariam alternativas de efeito imediato para resolver a situação das finanças públicas.
A economia paralela segue sempre o aumento da carga fiscal. É mais um mal que só poderá ser atenuado a prazo. Não há vara do condão para isso.
Caro Jorge Lúcio, à minúcia dos números com que aqui ironiza o Pinho Cardão e a que o Tonibler acrescenta um raciocínio matemático que destrói as vírgulas e os números inteiros, tenho que lhe dizer que no 4r têm abundado os posts contra o aumento de impostos!
É interessante o post e os comentários sequentes, pois demonstra o espírito nacional arguto da clubite nacional (há quem lhe chame capelinhas). Aparentando estar conotado com a social democracia (ou pelo menos com o partido que lhe retira o nome) há quem pense que por esse facto não abundam os posts anti aumento de impostos. Para os escolásticos (verdadeira praga nacional) as empresas onde se sujam as mãos e que desprezam são, assim, uma espécie de minorante a que há que fugir com rapidez e esperteza. Os nossos políticos, normalmente escolásticos que não sabem nem querem criar verdadeira riqueza, fazem parte dessa ilusão olho de lince. Que a economia informal existe, possivelmente existe, mas na nossa percepção olho de formiga não com a dimensão que os escolásticos lhe querem atribuir como que a dizer: olhem para ali que há muito para taxar, distraindo os políticos da sua condição de recebedores sem contrapartida para a riqueza nacional palpável.
Entretanto sobe-se ontem, que as quinhentas maiores empresas Portuguesas aumentaram em média 32% o seu lucro de 2010. Dessas, possivelmente uma dúzia foram responsáveis pela distorção da média, naquilo que o olho de lince nunca alcança em Portugal: é que não há um verdadeiro ambiente de concorrência em Portugal e para isso concorrem todos os olhos de lince que se agarram nos seus serviços (e agarrados aos seus diplomas caducados que davam direito à mordomia eterna do emprego)às cinco leis da mediocridade Portuguesa: a burrocracia, as regulamentações, a totalização dos impostos que levam à inflação dos custos e à destruição da economia, a corrupção dos sapos que queriam ser bois...
E, assim, andamos em Portugal (os que mediocremente aceitamos este estado de coisas, que os outros já deram há muito ao de Vilas Diogo!).
Caro Pedro Almeida Sande:
Tem muita razão!
Andamos a despediçar recursos escassos em nome de burocracias e de tecnocracias sem objecto. Fazem-se investigações e estudos por tudo e por nada, sem qualquer interesse a não ser para quem o faz. E quanto mais inúteis, mais publicitados.
Toda a gente sabe que há economia paralela; nenhum estudo acrescenta o que quer que seja. Existe, porque a carga fiscal é enorme e todos a ela querem fugir. E crescerá na medida do aumento da carga fiscal. Não é preciso perder tempo com o óbvio. No caso, o Observatório é mais uma estrutura sem objecto. A encomendar estudos sem outro propósito do que fazer prova de que existe. E nós a pagar.
Caro Jorge Lúcio,
Aquilo que se retira do estudo é que a situação aterradora é termos 75% de economia formal porque, a acreditar nas conclusões, o país perde muito onde o estado ganha.
Carregado de razão o Tonibler, quando diz que o país perde quando o Estado ganha. Fora das suas funções essenciais, claro está.
Concordo que não deviam apresentar décimas. Ao fazê-lo abriram o flanco expondo-se ao ridículo e ultimamente descredibilizando o trabalho que realizaram.
Trabalho esse que me parece muito meritório devo dizê-lo. Assim como fugir aos impostos um vez que é a minha convicção que qualquer euro extra dado ao estado é autêntico desperdício.
Não concordo quando quando se afirma que o ". No caso, o Observatório é mais uma estrutura sem objecto. A encomendar estudos sem outro propósito do que fazer prova de que existe. E nós a pagar". Tanto quando pude observar pelo relatório de contas do dito, é uma associação que gastou 2.4k€ em 2010 -- obviamente pagamos os recursos humanos indirectamente via universidade. Mas estamos longe da tripa-forra que nos habituaram outros observatórios e grandes empresas "privadas" que vivem do monopólio público.
Só há uma coisa que me deixa algumas dúvidas, é sabido que o fisco tem tido uma actividade predadora que viola o estado de direito. Actividade essa que é infelizmente eficaz poruqe arrecadante. No entanto a economia paralela não para de aumentar em percentagem do PIB. Como é isto possível? É uma prova de incompetência do fisco -- provavelmente a suposta eficácia viria da máquina de propaganda socratina, mas em todo o caso é paradoxal.
Caro IMR,
A economia paralela cresce exactamente porque os impostos crescem. Mesmo que estes se mantenham constantes em termos nominais. De qualquer forma, não é verdade que essa economia não pague imposto porque a sua realização não se verificaria em contexto fiscal normal mas, no fim do dia, cai em contexto fiscal normal por via do consumo ou de outra via qualquer. O sujeito que foge ao fisco para comprar o Ferrari, acaba por pagar 60% de impostos enquanto se tivesse pago pelo rendimento teria pago 30%. A conta que foi feita no estudo é muito infantil.
Rigor absoluto foi a previsão feita por esse colosso das finanças chamado Vitor Constancio que em 2005 previu um défice de ....6,83 % !!
Prever só até às décimas não passa pois de "ideia de crianças" .
manuel.m
Isso é que foi prever a sério, caro Manuel!
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