1. É hoje notícia destacada a revisão de Outlook do rating atribuído à dívida púbica portuguesa pela Standard & Poor’s (S & P), que deixa de ser Negativo e passa a Estável...
2. Não é muito, não chega a ser um upgrade do rating, que continua no nível BB da tabela da S & P – ou seja “non investment grade” ou “junk” – pelo que quaisquer festejos associados a esta notícia serão injustificados, muito menos quaisquer euforias...mas sempre é alguma coisa, um sinal positivo, uma primeira luz depois de 2 anos de uma escuridão quase total...
3. O facto de ser um sinal positivo, ou seja um sinal de que as condições financeiras do País estarão a evoluir favoravelmente, deve constituir para os estimados Crescimentistas residentes insanável paradoxo, pois de acordo com o seu Guia do Crescimento, no quadro das actuais políticas estão excluídas, por definição, quaisquer notícias mais ou menos favoráveis.
4. A política económica e financeira em vigor - inspirada como se sabe numa cartilha neo-liberal extremada, de absoluta submissão aos ditames do mercado e despida de qualquer sensibilidade social - na visão axiomática dos Crescimentistas só pode ser fonte de notícias negativas, a situação económica do País só conhece um sentido que é o do agravamento contínuo, reflectido em todos e quaisquer indicadores mensuráveis...
5. ...pelo que esta revisão de Outlook hoje anunciada pela S & P estaria sempre excluída à partida como ilógica, impossível, despida de qualquer aderência à realidade...
6. Concluindo, de duas, uma: (i) ou a S & P perdeu todo o sentido da realidade, não compreendendo de todo o que se passa em Portugal, não é capaz de interpretar correctamente a informação disponível, ou (ii) os Crescimentistas estarão equivocados na sua análise, carecendo o seu catálogo de axiomas (parte introdutória do Guia do Crescimento) de uma reparação urgente...
7. Um dia (muito) complexo para os Crescimentistas, é natural que observem um rigoroso silencio...sempre recomendável para uma profunda reflexão...
32 comentários:
Eu também consideraria esta, uma boa notícia; não fosse o caso de os critérios das agências de rating serem tão volúveis e discrepantes, como bastas vezes já verificámos.
Para além do possível desagrado que a notícia causará àqueles que o estimado Dr. Tavares Moreira referencia como "crescimentistas de serviço", penso que irá também contradizer a teoria apresentada em Junho passado pelo nosso Presidenta da República, de que o país se encontra numa «espiral recessiva», e reafirmada ontem, durante a inauguração de uma moagem lá para a zona oriental da cidade.
Será que o nosso Presidente não liga às revisões das agências de rating?!
Se o faz, é cá dos meus!
Penso até que é a primeira vez desde 1999 que o outlook deixa de ser negativo, não tenho a certeza disto.
Eu apostaria que a reacção vai ser qualquer coisa como "estamos a falar de um organização a ser investigadas pela justiça portuguesa e americana...".
Agora, isto só significa que, na opinião dos estagiários de economia os números não vão piorar(sim, toda a gente sabe que os técnicos do FMI e das agências de rating são estagiários que não têm a relevância científica de um catedrático do ISEG ou de Coimbra). Não significa que vão melhorar, particularmente pelo rumor que me chegou hoje que parte do governo já está a fazer as malas perante um eventual e provável golpe de estado vindo de Belém. (Delenda, pois!)
Caro Drº Tavares Moreira,
Já pensou que há fortes indícios de uns e outros estarem enganados, e nós também...
Um golpe de estado, vindo de Belém, caro Tonibler?!
Hmmm... hmmm...
Já andam por aí uns boatos que o nosso PR, devido à indignação que já ha um tempo manifestou devido à exiguidade do valor da reforma que aufere, assim como da sua esposa, irá brevemente aderir ao Movimento dos Reformados Indignados, presidido pelo Sr. Pinhais.
Caro Tavares Moreira,
realmente é facto que :
"rating atribuído à dívida púbica portuguesa pela Standard & Poor’s (S & P), que deixa de ser Negativo e passa a Estável..."
mas afirmar que esta alteração é :
"(...)um sinal de que as condições financeiras do País estarão a evoluir favoravelmente, (...)"
é já, perante todos os numeros : (Desemprego, Deficit, Pib, etc etc etc) : um "wishfull thinking" devéras grandioso.
Podem até os mesmo que deram aval positivo aos activos toxicos, dizer que estamos muito melhor...e DE FACTO o rating ter sido revisto...
mas isso por si só não apaga a realidade dos numeros, que DE FACTO continuam muito piores que o esperado e previsto.
Estes DOIS FACTOS contraditorios, podem obviamente num ambiente ESPECULATIVO, coexistir e até do ponto de vista ESPECULATIVO conviverem em simultaneo.
Mas de uma forma pragmatica e objectiva, sabemos bem que os NUMEROS (q não os RATINGS) são tudo menos famosos.
Claro está que um retoque de maquilhagem no RATING faz sempre bem a EGO da nação...mas não se iludam os "austeristaristas"...de FACTO não estamos melhor - os numeros demonstram-o bem!
Caro Bartolomeu,
essa não me parece tão chocante quanto a publicação do novo fascículo de "Roteiros", agora com um prefácio de como ser "presidente da república em tempo de crise?", que destinará o livro à colecção de "Como gerir um banco?" de José Oliveira e Costa, "Como ser presidente de um clube?" de João Vale e Azevedo e de "Como ser um bom marido?" de Zezé Camarinha.
Anders Borg, “Politicians lack the ability to commit today to austerity measures to be implemented tomorrow. Hence, the only option is to take action straightaway.”
http://txticulos.wordpress.com/2012/04/17/i-would-not-do-a-damn-thing/
As "editoras" andam muito baralhadas, estimado Tonibler (já reparou que alterei a nomenclatura? Troquei "caro" por "estimado". Parece que têm ambas o mesmo significado, mas não...).
Nem o Zezé se casou, nem o Azevedo dos vales "geriu" qualquer clube, nem o Toni das Oliveiras, um banco, assim como Aníbal alguma vez rotou.
Apelidam de rotar a uma passagem fugaz por um local, a uma conversa de circunstância, recheada de pretos ao colo com o edil local, ou com um empresário de cascas de banana.
Roteiro, no meu conceito, significa estudar o local que se pretende visitar nas várias vertentes, sociais, culturais, empresariais, etc. seleccionar as entidades relacionadas com essas vertentes e convida-las para um colóqui num local público, dando ao mesmo tempo oportunidade a que qualquer membro da mesma comunidade possa expressar as suas ideias, os seus projectos, que visem fazer prosperar essa comunidade e eventualmente, que sejam aplicáveis em outras com características semelhantes.
Quem são os membros do nosso governo a preocupar-se com aquilo que são os anseios, os projectos, a vontade de construír das populações?
Népia!
Neribi!
Metem-se todos nos gabinetes, enfronham-se nos dados técnicos, nas sondagens, nos gráficos, nos relatórios, trocam ideias com outros que fazem o mesmo e deixam o mundo real para lá das paredes dos gabinetes e das suas casas.
Tudo o resto só lhes causa irritação, incompatibilidade. Por consequência, a ser evitado a qualquer custo.
Ouvir as pessoas e entendê-las dá muito trabalho. Fácil é decidir com base nos relatórios, sobretudo se forem elaborados por outros.
Caros,
Parece que afinal os alargamentos de prazos são bem vistos pelos mercados ao contrário do que a maioria dos austeristas e neoliberais radicais andavam por aí a escrever :
"O novo ‘outlook' incorpora ainda a expectativa, da parte da S&P, de que a ‘troika' vai "ajustar o processo da consolidação orçamental em Portugal para contabilizar uma evolução da actividade económica mais fraca do que o previsto", ou seja, dar mais tempo para cumprir o défice. Esse ajustamento tornará, segundo a agência, o resgate português "mais sustentável, tanto económica como socialmente".
Caro Bartolomeu,
Essa colagem do Presidente à sua linhagem ("é cá dos meus") dá que pensar, e sugiro-lhe algumas precauções...
A partir desta confissão, o meu Amigo vai ficar muito mais exposto ao "fogo cerrado" do Tonibler, disparado das baterias instaladas na Praça Afonso de Albuquerque...
Caro Pedro,
No seu comentário, sempre respeitável, surpreende-se uma pontinha de azedume, aparentemente justificada por este infausto episódio da revisão do Outlook pela S & P...
Olhe que não vale a pena azedar a opinião por causa disto, como já terá reparado aqui no 4R procura-se, sem prejuízo da frontalidade das opiniões, utilizar um fair-play indispensável para que o debate que pretendemos estimular decorra sem turbulência...
Quanto ao resto está no seu pleníssimo direito de discordar da avaliação e da opinião da S&P, só é pena que as opiniões não tenham o mesmo impacto junto dos mercados.
Mas há que ser paciente e continuar a insistir, pode ser que lá chegue o dia em que isso acabe por acontecer...
Caro Paulo Pereira,
Não posso deixar de reconhecer que o seu comentário, desta vez, justifica a seguinte avaliação: bravo, bravo!
Caro Dr.Tavares Moreira: o que mais me confrange é verificar que este outlook, apesar de representar para já uma ténue mudança de agulha,esteja a causar tantos engulhos a tantos entendidos e profetas do quanto pior, melhor!Vamos aguardar que as boas notícias comecem a brotar para ver a reacção de tantos iluminados!
Um abraço!
Cara Tavares,
desta vez serei eu a dizer-se: vai para ai uma confusão!
Ou seja, não sei onde foi alvitrar o "azedume" nem tão pouco consigo perceber a sua referencia a falta de "fair play".
(se for pelas MAIUSCULAS, não as tome por exaltações, mas antes por sublnhados)
E lá está, o que defendo e acredito (e parece-me ser constante nos contributos que por aqui vou deixando) é que a nossa situação "intrinseca", o nosso "estado actual", a nossa "maturidade" como Republica advem de facto daquilo que somos e daquilo que fazemos como Pais.
Pode até conjunturalmente depender de opiniões especulativas do exterior, onde inexoravelmente estamos integrados.
Mas...assim como o Taveres Moreira considera erradas politicas as "Crescimentistas-Alucinadas" por si só, mesmo que os "Mercados" externos despejassem para aqui Credito a rodos...ou seja independentemente dos Mercados o Tavares Moreira consegue perceber para onde o caminho nos leva.
Ora assim sendo, tambem eu não me iludo muito com uma ida aos mercados mais cedo (a reboque do Draghi), nem com uma "melhoria do Rating" a reboque de mais 15 anos de prazo).
Isto é, parece-me obvio e linear, para quem queira observar os numeros com honestidade, que a situação "intrinseca" da nossa economia não está melhor que por exemplo há 3 meses atrás.
Parece-me tambem obvio, que o facto de VictorGaspar solicitar agora mais tempo, só demonstra que os objectivos que ele proprio defendia há uns meses : "nem mais temop, nem mais dinheiro" : foram ultrapassados pela Realidade.
Ora se até a propria SP afirma q a possivel "estabilidade extra" advem a potencial extensão do prazo, julgo que destas verificações, alguem com um minimo de "fair play", reconhecerá que a melhoria no rating advirá da mais que previsivel mudança de politica (mesmo q ligeira) num sentido diferento daquele que tem vindo a ser seguido , com os resultados que estão á vista.
Ou seja e em conclusão, a mudança do Rating prender-se-á mais com a previsivel e inevitavel alteração da estrategia...
...e não pelo sucesso das politicas seguidas.
E se duvidas existirem, bastará confrontar os objectivos que se perseguiam com estas politicas, com os resultados atingidos!
(mas quando falo em resultados, são mesmo os indicadores e os numeros...e não propriamente avaliações especulativas...cuja validade depende muito mais das eleições na Alemanha, doque propriamente do nosso trabalho de casa)
Terminando, aceito que pode o Tavares Moreira querer tapar os numeros e os resultados enfim a nossa Realidade, com avaliações especulativas de "outrem"...mas não só isso não mudará a nossa realidade, como tambem muito dificilmente puderá ser confundido com qualquer tiop de azedume ou falta de fair-play.
Caro Tavares Moreira,
o estimado Bartolomeu pode engrossar às hostes belenenses mas a corrente Delenda Bethlehem parece começar a ganhar adeptos com as notícias a que se refere o seu post:
http://sicnoticias.sapo.pt/economia/2013/03/07/a-receita-e-muito-dolorosa-mas-esta-a-resultar-diz-jose-gomes-ferreira
Apesar de serem palavras ditas por um cristão-novo, não deixa de ser mais um adepto.
Estimado Tonibler, as hostes só poderão passar a contar com o meu engrossamento depois de me apresentarem propostas irrecusáveis de contrapartidas.
Sim, porque almoços grátis, só aqueles que a tertúlia quartarepúblicana organiza e nos quais participamos, únicamente pelo gosto da companhia.
Caro Pedro,
Começo por informar, para que não haja a menor dúvida, que ainda não mudei de sexo e agora começa a ser um bocado tarde para devaneios desses...
Feita esta observação liminar, verifico que o ilustre comentador entretece numa malha argumentativa tão arrevezada que se torna extraordinariamente difícil descortinar onde está o início, o meio e o fim!
Até parece que o fim está no início, este no fim e que nem existe meio da conversa...
Só lhe peço que não aceite, por favor, que eu queira tapar a realidade, seja de que forma for, porque eu não tenho o mais remoto desejo de operar tal tapamento...
Eu aliás já estou por tudo, dou-lhe toda a razão, os técnicos da S&P nada sabem do que se passa na economia portuguesa, o Senhor tem de ter a paciência de lhes explicar toda a verdade...
Só ficamos com um problema que esse confesso-lhe que não sei como resolver, não obstante a minha muito boa-vontade: a opinião da S&P (assim como da Moody's e da Fitch) é muito mais escutada do que a do ilustre comentador...
Se me disser como é que podemos superar este obstáculo, pode estar certo de contar com a minha colaboração!
Caro Tonibler,
A conclusão a extrair desse seu comentário é que hoje é mesmo um dia muito negro para os Crescimentistas, os belenenses e os de outras confissões!
A coisa começa a tornar-se feia e se vier aí a inversão da tendência de queda do PIB então é que temos o caldo totalmente entornado!
Caro Dr. Tavares Moreira,
Deixo uma questão sobre a relevância da opinião das S&P, Moody's e Fitch: são as mesmas empresas que o Governo dos EUA ou já pôs em Tribunal, ou se aguarda o início de processo para breve, certo?
E os fundamentos da acusação serão a qualidade das informações a investidores, no mínimo erradas, no máximo propositadamente enganadoras, correcto?
Permita-me finalmente, enquanto incorrígível "crescimentista" na sua curiosa classificação, alinhar com os comentários do Pedro. Não vejo o que neles seja de arrevezado ou distorcido... apenas questões que me assaltam também.
Até prova em contrário estou, de modo geral, com o caro Pedro. Por isso, caro Drº Tavares Moreira, aguardemos então esse crescimento do PIB renascido das cinzas, nessa altura estarei aqui num ato de contrição, vénias não lhe faltarão, estou certo!
Caro Jorge Lúcio,
Exacto, o governo americano exige de algumas destas agências de notação uma pesada indemnização pela incúria (no mínimo) na atribuição de notações de rating aos produtos financeiros que ficaram famosos pelo nome de sub-prime...
Esse episódio determinou que estas agências se mostrem hoje bem mais cautelosas na atribuição do rating, sobretudo quando signifique melhorias na notação...
O que, logicamente, vem valorizar ainda mais esta revisão de Outlook a que nos vimos referindo...
Quanto ao seu alinhamento com os comentários do Pedro, esteja absolutamente à vontade no que me diz respeito...
Já me habituei a que as maiorias decidam sempre mal...
Recordo-me em particular do muito que escrevi (em coluna quinzenal no Diário Económico, por exemplo, de 2000 a 2003, sob título "Para onde vamos?") e afirmei, a partir do final de 1999, quanto às opções absolutamente erradas da política económica então em vigor, que necessariamente nos iriam conduzir a um beco sem saída...
Praticamente ninguém me quis ouvir, e agora é aquilo que se vê...
Caro jotaC,
Idem idem, aspas aspas, em relação à última parte da minha resposta ao comentário do estimado Jorge Lúcio, com toda a consideração.
Caro Drº Tavares Moreira,
Relativamente à clarividência demonstrada nesse período (2002/2003), está à vista de todos, a história deu-lhe razão. Mas, quando projeta o próximo futuro partindo deste presente, não consigo acompanhá-lo nesse desiderato, ou melhor, nessa certeza…
Assim, pese embora o facto de reconhecer o mérito que o seu currículo carrega (e isto com toda a franqueza e respeito, e também pela sua extrema afabilidade!) tenho de concluir que há entre nós um problema de “visão em paralaxe”, no exato sentido de que não estamos a ver as coisas dos mesmos lugares…
“O facto de ser um sinal positivo, ou seja um sinal de que as condições financeiras do País estarão a evoluir favoravelmente, deve constituir para os estimados Crescimentistas residentes insanável paradoxo, …”
As agências de rating não são outra coisa do que zelosas guardiãs dos “mercados”. Distribuem AAAs como e quando lhes convém, (recorde-se os suprime americanos) e a classificação de “lixo” das dívidas públicas dos PIGS, quando convinha á oligarquia financeira a maior rentabilidade proveniente da especulação financeira sobre essas dívidas soberanas. Pedir dinheiro ao BCE a juros de 1% e emprestá-lo aos estados dos PIGS a 4 ou 5% ou mais, é um rico negócio.
A atribuição AGORA de um melhor rating à dívida portuguesa deve ser vista como aquilo que é. Não como uma qualquer perspectiva de melhoria das condições económicas e financeiras do país, o que seria um absurdo se tivermos em conta os dados macroeconómicos mais recentes (desemprego (17,6%), défice (6%), valor da dívida (123%), mas como uma AJUDA ao governo de Passos Coelho no seu desígnio de aniquilação do estado social, com o projectado corte de 4.000 milhões na Saúde, Educação e Protecção Social. Uma notação positiva, contrária a todos os indicadores económicos, mas muito oportuna aos desígnios do governo, da troika e da oligarquia financeira que hoje domina politicamente a Europa. É uma farsa como foi uma farsa o recente “leilão” a 5 anos da divida publica, dado não ter passado afinal de uma concertação antecipada com financiadores americanos.
Estes ortodoxos neoliberais são cá uns espertalhões!
Caro jotaC,
Registo suas amáveis palavras, que retribuo com apreço.
Quanto à nossa divergência, começo por reconhecer que a divergência de ideias/opiniões, se for tratada com respeito mútuo como é o caso, pode ser sempre estimuladora do esclarecimento.
Sem embargo, tenho de lhe dizer que mais uma vez me apercebo que a grande maioria dos opinadores,em especial dos que prosperam neste ambiente de comunicação social obtusângula, não está a ver o filme da economia e da política económica com a devida atenção, escolhem invariavelmente o lado que parece mais fácil.
Mas, tal como no início dos anos 2000,estou convicto de que incorrem em enorme equívoco.
Eu leio estes comentários com atenção e vou atirar uma pergunta que se calhar ninguém me vai responder mas as respostas poderiam dar uma grande pista para as dúvidas que são colocadas:
O que é para vós, exactamente e nos termos pela qual se entenderem exprimir, 'economia'?
Isto ajuda bastante a cada um eliminar as dúvidas que tem que me parecem ser de entendimento do sistema em si. Leio coisas equivalentes a pedir ao governo que atrase a rotação da terra porque nos dava mais jeito....
Oportuno comentário, caro Tonibler...creio que alguns chegam mesmo a exigir a alteração do movimento de rotação do Globo o que, a concretizar-se, nos poderia trazer alguns inconvenientes...
Mas, noutro registo, não sei se deu conta da resposta de Draghi ao Crescimentista Mor cá do burgo, dizendo que muito apreciava a adesão e apoio do seu "time" rosa ao Porgrama de Ajustamento"!
Não conhecia este apurado sentido de humor de Draghi!
E a excelente comunicação social, perspicaz como sempre, nem deu pela graça!
O QUE É A ECONOMIA?
O lucro é útil em si, como meio, se se orienta a um fim que lhe dê um sentido, tanto no modo de adquiri-lo como de utilizá-lo. O objectivo exclusivo do lucro, quando é obtido mal e sem o bem comum como fim último, corre o risco de destruir riqueza e criar pobreza.
As forças técnicas que se movem, as interrelações planetárias, os efeitos perniciosos sobre a economia real de uma actividade financeira mal utilizada e em boa parte especulativa, os imponentes fluxos migratórios, frequentemente provocados e depois não geridos adequadamente, ou a exploração sem regras dos recursos da terra, nos induz hoje a reflectir sobre as medidas necessárias para solucionar problemas que não só são novos, senão também, e sobretudo, que têm um efeito decisivo para o bem presente e futuro da humanidade.
A riqueza mundial cresce em termos absolutos, mas aumentam também as desigualdades. Nos países ricos, novas categorias sociais se empobrecem e nascem novas pobrezas.
Lamentavelmente, há corrupção e ilegalidade tanto no comportamento de sujeitos económicos e políticos dos países ricos, novos e antigos, como nos países pobres. A falta de respeito dos direitos humanos dos trabalhadores é provocada às vezes por grandes empresas multinacionais e também por grupos de produção local.
A actividade económica não pode resolver todos os problemas sociais ampliando sem mais a lógica de mercado. Deve estar ordenada à obtenção do bem comum, que é responsabilidade sobretudo da comunidade política. Portanto, deve ter-se presente que separar a gestão económica, ao que corresponderia unicamente produzir riqueza, da acção política, que teria o papel de conseguir justiça mediante a redistribuição, é causa de graves desequilíbrios.
Com efeito, a economia e as finanças, ao serem instrumentos, podem ser mal utilizados quando quem os gere tem só referências egoístas. Desta forma, pode chegar-se a transformar meios de por si bons em perniciosos.
Apesar de alguns aspectos estruturais inegáveis, mas que não se devem absolutizar, «a globalização não é, a priori, nem boa nem má. Será o que a gente faça dela».
Encíclica Caritas in Veritate de Junho de 2009 Papa Joseph Ratzinger (o Benedicto XVI)
Chiça, foi perguntar ao papa o que é a economia? Não dava para se questionar a si? Mas vá perguntar outra vez que ele não lhe respondeu. Como já estava de saída....
Caro Tavares Moreira,
A carta está engraçada e certamente os media não vão fazer grande alarido com ela porque o Draghi faz o seguro fazer uma enorme figura de parvo (o que é natural, teria que se esforçar bastante para fazer outra) . Os media agora andam preocupados com os 4 mil milhões que separam o Portugal africano dos Soares, Cavacos, jeronimos etc.do Portugal europeu dos 300 milhões de habitantes. O expresso avança com a extraórdinária notícia de que os portugueses são contra o corte de 4 mil milhões na despesa do estado, o que é uma admirável peça de jornalismo.
Caro Tonibler,
Estou estupefacto com essa notícia do sempre admirável eis-presso!
E eu a pensar que os portugueses estavam esfregando as mãos de contentes, na expectativa de ver finalmente realizado o sonho dos cortes das gorduras da República, de € 4 milhões, ao abrigo do programa "Depuralina"!
Para estes homens cheios de diplomas, a que a “sorte” bafejou num qualquer lugar bem remunerado, numa comissão, numa empresa pública ou administração do estado, com carro de trabalho e cartão de crédito, ou com alguns dossiers confiados aos seus escritórios de advocacia, já nem o Papa respeitam. Para eles, só existe um Senhor. Crêem apenas no deus “mercado financeiro”.
Cheio de diplomas náo estou porque até bater as botas e ficar para tijolo não vou conseguir os suficientes. O resto não consigo porque não respeito o papa e o patrão dele não beneficia com a sorte quem não respeita o CEO lá da empresa. Seria algo estranho que a sorte bafejasse o tipo que não respeita o papa porque das duas umas, ou o papa não é o representante de Deus ou Deus não tem nada a ver com sorte, só com azar (uma espécie de casino, portanto). Certo? Mas que eu saiba, as competências do papa não se viram para a economia, é mais para rapazinhos.
Caro Tonibler,
Estas misturas de (falsos) sentimentos de piedade com um licoroso rancor, que se alimenta de insinuações falsas e delirantes, são naturalmente lamentáveis, compreendo por isso a sua reacção...
Mas temos de reconhecer que constituem também valioso património do Crescimentismo, como tal inscritas no catálogo dos axiomas (Executive Summary do Guia do Crescimento)...
Insiuações? Não é o papa a figura maior de uma instituição que forma jovens dosexo masculino para seguirem as pisadas do pescador? Não são de caracter divino as virtudes do crescimentismo? Não foi o nazareno o primeiro dos crescimentistas ao expulsar os vendilhões do templo e a multiplicar os pães a troco de nada? Não foi ele o criador do sistema gratuito de saúde pública? Não foi ele manifestar-se para a porta do parlamento coaquele centralismo europeu e aqueles que cobravam juros? Claro que aquele detalhe de gerir uma instituição de ensino privado mancha um bocado o currículo de um socialista formado desde os 7 anos em finanças e discípulo de Louçã. Ou era do Baptista?
“O velho mundo está morrendo, o novo mundo tarda em aparecer e neste claro-escuro surgem os monstros” (Antonio Gramsci)
Oh, que horror, só nos faltavam os Monstros!
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