… E Seattle lá amanheceu sem chuva! Felizmente, porque no dia de hoje estava programada um passeio de barco nas baías desta cidade, onde vivem cerca de 500 mil habitantes, se contarmos a cidade propriamente dita, ou 1.7 milhões, se contarmos a área metropolitana.
Aliás, situando-se Seattle no noroeste dos EUA, muito próximo da fronteira com o Canadá, e também da cidade canadiana de Vancouver, o clima aqui é sempre mais “para o frio” e “para o molhado”; e se hoje tivemos sorte porque não choveu, já com o frio nem tanto, porque esteve muito frio, sobretudo da parte da manhã.
Já recuperei do desgaste das viagens de ontem (e creio que também do jet lag de três horas a menos em relação a DC), e o dia começou, como habitualmente, com um jogging matinal no fitness center do hotel (7 kms, mais coisa menos coisa), seguido do pequeno-almoço. A seguir, pegámos no carro alugado, com o Marc Nicholson ao volante, e descemos para a zona do porto. Ao contrário da maioria das cidades americanas, Seattle não é plana, registando uma inclinação prolongada entre o chamado down town (centro da cidade) e a zona mais portuária (descendente a caminho do porto).
Quando chegámos ao cais dos Argosy Cruises, o Marc foi levantar os nossos bilhetes e ainda tivemos tempo de passear um pouco por ali.
Ao meio dia em ponto partimos para o largo de Seattle, que apesar de ser uma cidade marítima, está protegida da "fúria"´do Oceano Pacífico por uma baía interior, a Elliot Bay, que depois se junta ao Oceano por um canal que abre a linha da costa exterior (chamemos-lhe assim). O resultado, como já referi, é que a cidade se encontra perfeitamente protegida do “huge ocean ahead”. Com o frio que fazia (e como eu vim mais preparado para o Verão...), ainda bem que o navio tinha uma parte que não era ao ar livre, onde estive a maior parte do tempo, mas que nos permitia ver tudo perfeitamente.
Na primeira parte do cruzeiro, navegámos, assim, na Elliot Bay ao largo de Seattle e pudemos ver o porto, que é um dos maiores da costa oeste dos EUA e é um dos principais pontos de exportação e importação com a Ásia (naturalmente). Aliás, nos cais do porto eram visíveis imensos contentores importados da China, à espera do desalfandegamento.
Nota: Não me recordo se o meu pai, nos 30 anos que andou embarcado, alguma vez esteve em Seattle. Se estiver a ler esta crónica, pode ajudar-me, pai?... Em todo o caso, estou certo que bem gostaria de ver o porto (no caso de o não conhecer) ou de o rever (no caso se já aqui ter estado).
É também magnifico observar do mar o perfil da cidade, com os seus múltiplos edifícios, alguns arranha-céus e imensos prédios mais baixos e vivendas à beira-mar (que, segundo o speaker da viagem, valem um "balúrdio"…) - vivendas que, aliás proliferam por toda a Seattle, o que é bem elucidativo da qualidade de vida que por aqui se tem...
O que já não deve ser nada magnífico é tomar banho de mar por aqui, porque, em todo o ano, a temperatura da água dificilmente ultrapassa os 10 graus (!)… sendo que hoje, por exemplo, estavam 6 a 7 graus. Quentinho, não acham?!...
Depois, por volta das 13 horas, foi altura de virarmos para dentro e de passarmos, através de uma represa, para o Union Lake, lago interior de Seattle, de água doce. Na represa, o navio entra, as portas fecham-se e começa a entrar água doce, que fica sempre por cima da salgada (que, devido ao sal é bastante mais densa). Como “eles” sabem o nível que a água salgada não ultrapassa, é até aí que o navio sobe e, quando as portas de acesso ao Union Lake se abrem, a água salgada fica na represa e depois regressa à Elliot Bay – e só a água doce passa para o lago interior. Foi um processo muito curioso, que ainda demorou cerca de 15 minutos. Já no Union Lake – em que a água é ainda mais calma, continuámos a ver imensas moradias mesmo ao nível da água e algumas mesmo sobre a água(assentes em estacas, o que não poderia suceder se estivessem mesmo viradas para o oceano, sem nenhuma protecção, claro), como é o caso da casa do filme “Sleepless in Seattle”, da primeira metade dos anos 90, que alguns terão visto (eu por acaso não vi mas, agora, depois de aqui ter estado, podem estar certos que verei quando regressar a Portugal), mas de que todos, seguramente, terão ouvido falar – e que deu mais fama a esta cidade. Impressionante é também o número de barcos de recreio que vimos, quer ancorados, quer em rampas nos jardins das tais casas sobre o lago, e que estão prontos a ser lançados na água.
A propósito, o speaker referiu-nos que, apesar de existirem por aqui grande mansões (é o termo), nenhuma se compara à de Bill Gates (o patrão da Microsoft), que fica mais para o interior, nas margens de outro lado de água doce, o Lake Washington (e que, portanto, não vimos), e que se encontra avaliada, segundo as suas palavras, em mais de USD 1.5 mil milhões (!)…
Atracámos por volta das 14 horas e o autocarro que nos esperava trouxe-nos de volta ao cais de partida, já que os passageiros tinham por aí os seus meios transporte.
Aí chegados demos uma volta pelo mercado local (aberto do domingo, e que se parece muito com os mercados – ou praças – tradicionais que temos em Portugal, como por exemplo o de Setúbal que, por razões óbvias, conheço bem…), e pela zona comercial do porto, onde comprei alguns recuerdos, e ainda tive oportunidade de, numa loja chamada Spanish Table – mas que vende produtos ibéricos, e não apenas espanhóis –, comprar um vinho tinto Esporão (colheita de 2001) para oferecer à nossa anfitriã do jantar, na primeira experiência de home hospitality (de que já falarei).
Nessa loja, a rapariga que me atendeu é portuguesa (chama-se Cláudia Soares e é do Porto), está a estudar em Seattle (Ciência Política, creio) e trabalha em part-time nesta Spanish Table; já se sabe, é sempre bom encontrar compatriotas, sobretudo quando estamos quase do outro lado do Mundo – e ainda é melhor quando essa cara é bonita, como aconteceu!... Aliás, não deixa de ser curioso que só demos por que éramos os dois portugueses quando ele me perguntou “Did you ever try Portuguese wine?”, ao que, à minha resposta “I am Portuguese!”, ela retorquiu “Ah, então boa tarde!”… Imaginem a minha cara de espanto!... E, desculpem-me a imodéstia, mas acho que esta sequência só abona em favor do inglês de ambos (!)… porque se ela não tivesse perguntado aquilo, eu ia sair sem desconfiar de nada… e ela provavelmente também não!
Depois foi o regresso ao hotel, porque apesar de Seattle ser menos "comprida" ou "espalhada" do que DC, a verdade é que continua a ser uma cidade dos EUA, onde o conceito de espaço é muito mais amplo do que na Europa, pelo que os pés me começavam a doer…
A home hospitality teve início às 18 horas (levámos o carro, sempre conduzido pelo Marc Nicholson), em casa da Dra. Maryann Budlong, uma vivenda numa boa zona residencial próxima da costa e já algo afastada da down town. A Dra. Maryann – que me pareceu ter pouco mais de 50 anos – é Principal Consultant, Telecom Industry, tem muita experiência internacional e viveu muitos anos na Ásia. Creio que não se poderá falar em família americana típica, uma vez que além dela estiveram connosco, ao jantar, duas suas amigas orientais, uma delas CEO da Vidiator Technology, também baseada em Seattle, e a outra, uma estudante sul-coreana, que está a completar um ano universitário em Seattle (creio que numa espécie de Programa Erasmus). Esta última encontra-se a viver em casa de Maryann – que creio, como vive sozinha (com um cão e dois gatos), acolhe estudantes nestas experiências internacionais.
O convívio foi óptimo. Começámos com aperitivos (tostinhas, caju, queijo fresco em creme, especiarias orientais que não sei descrever, e truta fumada – que nunca tinha comido e é óptima –, acompanhados por vinho branco californiano), que talvez tenham demorado um pouco demais (quase duas horas), enquanto o jantar era cozinhado, e que é a única referência menos positiva que posso fazer (mas que não teve, de facto, grande importância).
Depois, a refeição propriamente dita foi composta por uma entrada, constituída por uma salada de caranguejo com manga e maçã e, como prato principal, o que “eles” chamam beef estufado com batatas, cenouras, cogumelos e cebolas, igualmente estufados. A carne era óptima (desfazia-se na boca), mas fez-me lembrar alguma da carne que usamos no cozido à portuguesa e que eu, quando era pequeno, tinha muita dificuldade em comer (pronto: fazia “pastel” e não gostava nada – talvez porque não fosse macia como esta)… Creio que a minha mãe não deixará de se rir com este episódio…
Como bebida para acompanhar, a anfitriã resolveu abrir a garrafa de vinho tinto que lhe tinha oferecido, tendo todos ficado maravilhados (excepto o Marc, que já conhecia) e fãs dos nossos vinhos (ora ainda bem)!...
A sobremesa foi um delicioso bolo de chocolate acompanhado de um chá asiático e licor de chocolate (no meu caso) ou de outras bebidas. Tudo muito bom, mas que sem dúvida me obrigará a trabalhos forçados amanhã no ginásio do hotel!...
Falou-se de tudo um pouco, das experiências de cada um, de viagens, de vários países do mundo, enfim, um convívio muito agradável.
A próxima (e última) home hospitality, está programada para Dallas, no próximo Sábado.
Chegámos ao hotel às 22:30, ainda tive que trabalhar um pouco (para Portugal), escrevi o diário – como podem constatar… – e… cama, que amanhã a alvorada é às 6:30, para queimar calorias no ginásio antes da primeira reunião, na University of Washington.
Apesar de amanhã ser feriado em Portugal, aqui não o é: o labor day (assim mesmo, sem o "u", à americana) celebra-se na primeira segunda-feira de Setembro. Por isso, depois do interregno do fim-de-semana, o Programa continua já amanhã…
4 comentários:
Margarida,
Pois é verdade, andei a temntar perceber sinais no teu post sobre se eras tu... mas cvomo não descortinei nenhum, oprtei por uma abordagem mais segura!... Enfim, aquilo do shopping podia querer dizer alguma coisa, mas achei insuficiente!... Anyway - acho que o shoppin está mais reservado para New York, que tu conheces bem!... Por agora, têm sido recuerdos e nada mais!... Mas tenho pena de não inlcuir Seattle no nosso roteiro para este Verão em família!... Só que acho que seria uma viagem muito longa. Mas depois veremos. Quanto ao mais, vê o post de hoje, que vou escrever daqui a pouco!...
Beijinhos e aproveita estes dias sem joggin por cima da tua cabeça!...
Caro Pinho Cardão,
Não esteja preocupado! Verá que estou em boa forma e que vou voltar melhor do que nunca!... Agora, aquela coisa da Monica... ná!!! Isso é "coisa" de White House, e não de um representante luso numa incursão pelos States!...
Um abraço,
Caro Miguel,
sou um visitante episódico do 4R, e por isso só descobri agora esta série de posts americanos que li de fio a pavio e tenciono acompanhar até ao termo. É óptimo poder acompanhar a sua experiência e as suas reacções ao que vai presenciando.
Fica aqui apenas o registo de uma perplexidade, que certamente me não levará a mal: estranhei a profusão de Dr.'s nesta sua viagem. Serão todos doutorados, ou trata-se de uma adaptação que o Miguel está a fazer aos costumes dos leitores portugueses?
Imaginando que a segunda opção seja a correcta, parece-me que a supressão dos títulos académicos seria melhor opção: sendo certo que não faria espécie aos interessados, poderia contribuir para ilustrar os benefícios da informalidade no trato que têm curso na maior parte dos países mais desenvolvidos do que o nosso.
Desejo-lhe a continuação de uma boa viagem, e até breve
Vasco
Caro Vasco,
Tem razão, trata-se de uma adaptação ao tratamento em terras lusas... Achei mais fácil fazê-lo assim... E, mesmo admitindo que tem alguma razão,acho que, por uma questão de coerência, o vou manter nas crónicas que faltam. Mas obrigado pelo seu comentário!
Caro Pinho Cardão,
A Margarida é minha prima direita (o pai é irmão da minha mãe) e mora no andar abaixo do meu...
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