E lá se passou, pois, o último dia em Seattle – amanhã espera-nos Dallas e o Texas!
Logo de manhã, às 9 horas, uma reunião na Seattle Metropolitan Credit Union com a Dra. Michelle Purnell-Hepburn, Vice President e Chief Financial Officer.
A Seattle Metropolitan Credit Union (SMCU) é uma cooperativa financeira não-lucrativa, que foi fundada em 1933. Neste género de instituições - existem, hoje, cerca de 9 mil em todo o país -, qualquer indivíduo que se torne membro, torna-se também accionista, sendo que todos os accionistas o são em igualdade percentual e com direito a eleger o board de administradores, de que a minha interlocutora de hoje faz parte (em relação à SMCU).
A conversa que mantivemos versou sobre a relação da SMCU com os seus clientes – e accionistas –, bem como sobre as dificuldades que este tipo de instituições tem em relação aos bancos. Dado que não são lucrativas, estão isentas de impostos (o que os bancos comerciais não gostam…) e quaisquer resultados que tenham são imediatamente utilizados para proporcionar condições mais favoráveis aos clientes, seja na remuneração de depósitos, seja na concessão de empréstimos. Os depósitos são a única fonte de recursos que podem ter (ao contrário dos bancos), tendo a concessão de crédito a mesma variedade de qualquer banco comercial (consumo, habitação, etc.). No ano passado, SMCU concedeu crédito num montante superior a USD 122 milhões – o que, atendendo a que se trata de uma entidade local (ou estadual, se quisermos), não está nada mal.
Depois, o resto da manhã foi livre, o que aproveitei para descansar um pouco no hotel, dado que devo ter comido algo que não me caiu bem na véspera, ou mesmo no domingo, e que hoje fez efeito… enfim, espero que amanhã esteja melhor, porque estar assim em casa já é mau – imagine-se longe de casa!...
Depois do almoço – que para mim foi uma sopa e nada mais – rumámos ao Enterprise Seattle – Partners for Regional Prosperity, para nos encontrarmos com o Dr. Jeff Marcell, Vice-President of Economic Development.
O Enterprise Seattle é uma organização que se dedica a tentar atrair e manter empresas em King County (a área do Estado de Washington em que se insere Seattle), de molde a potenciar o desenvolvimento e bem-estar da região. De acordo com o Dr. Jeff Marcell, o Estado de Washington, onde vivem pouco mais de 6 milhões de pessoas (ou cerca de 2% da população dos EUA), conta bem mais do que isso no Produto Norte-Americano e o seu crescimento económico tem-se situado claramente acima da média do dos EUA (que, como se sabe, já tem sido bem maior do que o da União Europeia…). Três ícones de Seattle são, por exemplo, a Boeing, a Microsoft e a Starbucks (pois é, também daqui é originária!). Ah e, claro, uma das mais reputadas universidades americanas, a University of Washington, claramente na “Primeira Divisão”. Essencialmente, os cinco sectores de actividade que o Enterprise Seattle mais quer (continuar a) atrair para potenciar o desenvolvimento de King County são, sem qualquer ordem de preferência, clean technologies, information technology, aerospace, international trade and logistics e biotechnology and life-science.
Para além disso, Seattle possui condições ímpares para atrair recursos humanos qualificados: as zonas verdes abundam, a cidade é bastante acolhedora e as zonas residenciais são essencialmente compostas por vivendas – os prédios encontram-se em clara minoria, o que hoje em dia não é habitual nas grandes cidades, como sabemos. Obviamente, isto traduz-se no facto de o Estado de Washington se situar no Top 3 dos Estados dos EUA com população activa possuidora de habilitações mais elevadas.
O Entreprise Seattle, que aqui se estabeleceu há dois anos, copiando o que já existia noutros Estados Norte-Americanos, conta com financiamento público (creio que do Estado de Washington e do King County) e também privado (dos seus “clientes”, isto é, as empresas que por aqui se estabelecem) e, depois do arranque, encontra-se agora em fase de consolidação, sendo as perspectivas muito positivas, de acordo com o Dr. Marcell.
O último encontro do dia fez-nos regressar à University of Washington (onde já ontem tínhamos estado), para uma reunião com o Dr. Phil Shekleton, Associate Director do European Union Center (um dos 8 que existem nos EUA, e o único que se localiza na Costa Oeste). Tratou-se de outra troca de impressões muito interessante, ao nível económico e político (Ciência Política era a área de especialização do nosso anfitrião), sobre a actual situação na UE, em Portugal, as relações EUA/UE, e do próprio Estado de Washington com a UE. O Estado de Washington é, de todos os Estados Norte-Americanos, o mais dependente do exterior (isto é, o que mais exporta e importa, para o que muito contribuem a Boeing e a Microsoft) e, apesar de ser com a UE que mantém mais relações comerciais internacionais, muitas vezes tal não é percebido pelos seus habitantes em geral, e empresários ou decisores em particular, devido não só à localização geográfica privilegiada para o comércio com a Ásia (é o porto da Costa Oeste dos EUA que mais próximo fica do continente asiático), como porque, na maior parte das ocasiões, a UE ainda não é entendida como um bloco. Ora, se individualmente, o Japão e o Canadá são os primeiros parceiros comerciais deste Estado, em conjunto, a UE surge destacada na liderança. E, portanto, este Centro tem um papel fundamental na promoção das relações EUA/UE e, sobretudo, do Estado de Washington/UE.
O dia acabou com um jantar na zona das docas de Seattle, onde me foi permitido saborear a qualidade do marisco da costa local, sem dúvida de grande qualidade, e um dos mais afamados nos EUA.
Um comentário final para dar conta da impossibilidade de ter conhecido a Microsoft, um dos meus maiores interesses na visita a Seattle, e que desde muito cedo, na preparação desta viagem, dei a conhecer na Embaixada dos EUA em Lisboa. Sei que o Department of State fez inúmeras tentativas e um enorme esforço no sentido de me proporcionar uma visita e contactos com a Microsoft – a exemplo do que sucedeu, por exemplo, com a Boeing ontem. E se é verdade que bastaria o facto de ter podido conhecer a Boeing para justificar ter vindo a Seattle (como referi no post anterior), a verdade é que, apesar do programa interessantíssimo que me foi, aqui, proporcionado, sinto que faltou qualquer coisa… Por certo a Microsoft terá tido razões mais do que suficientes para não ter sido possível incluí-la no “meu” Programa, mas lá que tive pena que isso tivesse acontecido, isso tive - sem quaisquer problemas o afirmo.
Mas pronto – quem esteve, esteve; quem não esteve, estivesse! E a verdade é que gostei muito, mas mesmo muito, de ter estado estes três dias e meio em Seattle (fiquei realmente fã!), cumprindo um fantástico Programa que me foi proporcionado pelo Department of State, em conjunto com autoridades e organizações locais.
E agora é altura de fazer as malas porque amanhã de manhã partimos para Dallas, em pleno Texas, onde a temperatura irá certamente subir (e muito, apesar de hoje o dia ter estado muito agradável por aqui)!
10 comentários:
Caro Miguel,
quanto à nossa troca de mensagens anterior, a sua explicação satisfaz-me plenamente.
Relativamente à cidade de Seattle, ícone para quem como eu foi adolescente no início dos anos 90, sob o império do grunge, aconselho-lhe também o filme Singles (1992?93?). Ao regressar a Portugal, poderá também ver o Firewall, thriller starring Harrison Ford, integralmente filmado debaixo de chuva em Seattle. Actualmente nos cinemas.
Para o consolar da sua tentativa frustrada de visita à Microsoft, nada melhor do que este artigo de Paulo Querido no Expresso Online:
http://online.expresso.clix.pt/cronica/artigo.asp?id=24760281
Caro Miguel,
Compreendo a sua curiosidade pela Microsoft e a respectiva frustração pela impossibilidade de a visitar, mas nestas coisas (como em muitas outras), há que ser português e pensar como um.
Quem não tem cão, caça com gato certo? Devia ter experimentado o Google também. Aliás, dizia num artigo publicado no Wallstreet Journal do dia 24/4 que, Google, Yahoo e Microsoft andam de candeias às avessas devido à competição cerrada entre eles (o que é muito positivo note-se), logo esta é uma daquelas coisas que se deve aproveitar quando se tem possibilidade.
Apesar da Microsoft ser a Microsoft (ninguém lhe tira os créditos), o Google está em franca expansão e está a ser muito bem sucedido. Além disso, é uma empresa jovem, composta por gente jovem e com uma forma de olhar para as coisas, ligeiramente diferente da, da Microsoft. Só por este motivo, as probabilidades de conseguir visitá-los eram maiores.
E pronto, era só isto.
espero que da viagem venham ideias frescas e realmente inovadoras para melhorar este país
Meu caro Miguel, deveria ter omitido o Texas como próximo destino, porque já sabe que o nosso Pinho Cardão vai implacavelmente escrever que o meu Amigo sempre foi para a "coboiada" ;).
Abraço, Miguel, e que continue tudo a correr bem.
Meus caros,
Muito obrigado pelos vossos comentários.
Caro Anthrax,creio que a Google não é de Seattle - e só por isso é que "escapou"!... Também teria gostado muito de a visitar...
Caro José Mário: Com Texas ou outro Estado qualquer, o Pinho Cardão diria sempre qualquer coisa!...
Caro Pinho Cardão: como já ontem fiz referência, num comantário a outro post, e que lhe teá escapado, a Margarida é minha prima direita (filha do irmão da minha mãe), e mora no andar abaixo do meu...
Um abraço.
Caro Miguel, viajante por terras do Tio Sam,
só hoje me foi possível ler a tua fiel correspondência com a 4R e estou quase sem fôlego!Claro que fui tendo notícias tuas pelos nossos companheiros e amigos, mas não há nada como passear por aí através dos teus entusiásticos relatos.Ainda bem que está a correr tudo bem, mesmo com as horas todas trocadas e o tempo a pregar partidas. Cuidado com o sotaque, lembra-te que aqui no 4R não são admitidos desvios à língua pátria, perdoamos-te os nomes em americano e já é uma grande generosidade! Tens tido uma viagem fantástica mas está na altura de começares a ter saudades cá do burgo e dos almocinhos com ementas normais, nós já temos saudades tuas.
Um abraço muito amigo, até breve.
Caro Miguel,
Não, de facto o Google não é em Seattle, mas isso são meros detalhes que não importam nada. Quem vai a Seattle pode muito bem desviar-se - ligeiramente... um niquinho - e ir até à Califórnia. Pelo caminho ainda podia visitar o «tio» Arnaldo. Era 2 em 1. :)
Olá Cara Suzana!
Seja bem aparecida!... Já tinha sentido a tua falta - e, podes até não acreditar, mas hoje ia-te mandar um mail, para saber de ti!... Claro que já estou com saudades tuas e de todos, obviamente, mas deixa-me dizer-te: não te preocupes! É que, ainda que "isto" sew peque um bocadinho, a verdade é que vou voltar "lusitaníssimo" como daí saí!...
Beijinhos.
Caro Anthrax,
Pois, era bom era, o desvio na California... julga que não inclui S. Francisco no roteiro que queria ter feito?!... Mas a verdade é que temos que estar um mínimo de 3 dias em cada cidade e, assim, algumas tiveram que ficar de fora... com pena minha, mas é assim... o Dpt. of State é que tem a palavra final!...
Margarida,
Cara Prima, não te preocupes... estou tão perspicaz como quando vim para aqui... tu é que não ddste os sinais suficientes - embora fossem correctos, a sua intensidade não era a adequada, na minha modesta opinião!
Beijinhos.
Margarida,
Ah, e ia-me esquecendo: vou, sim senhor, a Southfork, o rancho da família Ewing, da séria Dallas!!! Creio que é no Sábado e, estando em Dallas, acho que "isto" não podia faltar!...
Beijinhos,
Miguel
Claro que acredito!Acho até que estavas a demorar muito!
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