Num dos noticiários televisivos da manhã, um jornalista comentava a nomeação do Dr. Carlos Costa para Governador do Banco de Portugal. Apontando embora alguns aspectos positivos do seu currículo, salientava duas manchas negras: não ser conhecido do grande público e não ter experiência da supervisão bancária. Conhecido o modo como são replicados os comentários feitos nas televisões, a figura em questão corre o risco de ficar a ser conhecida não pelos seus méritos substanciais, mas pelos deméritos virtuais que o comentador lhe atribui.
Ser conhecido do grande público, em todo o lado e nomeadamente no sector financeiro, não é qualidade que corresponda a competência. Tirando os Presidentes dos grandes Bancos, por razões de ofício, mais ninguém é conhecido do grande ou do pequeno público. Mas o sector financeiro português é um dos mais modernos a nível mundial, o que atesta a competência dos seus gestores e quadros.
Ora o Dr. Carlos Costa tem um vasto, rico e bem qualificado currículo, quer como quadro e director do antigo Banco Português do Atlântico, como negociador e membro da representação permanente de Portugal na antiga CEE, como director de organizações comunitárias internacionais, como director-geral do BCP, como administrador da Caixa Geral de Depósitos e de outros bancos, ou vice-presidente do banco europeu de investimentos.
Entre tal currículo e ser conhecido do grande público, mesmo sem currículo, o atributo recomendável para esta sociedade virtual mediática seria o segundo. Claro que muita gente, por esta via, se torna competente e qualificada de um dia para o outro: meia dúzia de presenças na televisão e aí está um sujeito considerado e com opinião. Nesta ordem de ideias, também a ausência de currículo na área da supervisão seria um óbice, como se alguém o tivesse, a não ser que tivesse feito carreira, em tal área do Banco.
Não é por falta de currículo que o Dr. Carlos Costa não vai ser um bom governador do BP e, muito menos, pela ausência do que lhe foi apontado. A tal currículo profissional alia ainda um perfil e um conjunto de qualidades humanas que traduzem uma boa escolha.
Ser conhecido do grande público, em todo o lado e nomeadamente no sector financeiro, não é qualidade que corresponda a competência. Tirando os Presidentes dos grandes Bancos, por razões de ofício, mais ninguém é conhecido do grande ou do pequeno público. Mas o sector financeiro português é um dos mais modernos a nível mundial, o que atesta a competência dos seus gestores e quadros.
Ora o Dr. Carlos Costa tem um vasto, rico e bem qualificado currículo, quer como quadro e director do antigo Banco Português do Atlântico, como negociador e membro da representação permanente de Portugal na antiga CEE, como director de organizações comunitárias internacionais, como director-geral do BCP, como administrador da Caixa Geral de Depósitos e de outros bancos, ou vice-presidente do banco europeu de investimentos.
Entre tal currículo e ser conhecido do grande público, mesmo sem currículo, o atributo recomendável para esta sociedade virtual mediática seria o segundo. Claro que muita gente, por esta via, se torna competente e qualificada de um dia para o outro: meia dúzia de presenças na televisão e aí está um sujeito considerado e com opinião. Nesta ordem de ideias, também a ausência de currículo na área da supervisão seria um óbice, como se alguém o tivesse, a não ser que tivesse feito carreira, em tal área do Banco.
Não é por falta de currículo que o Dr. Carlos Costa não vai ser um bom governador do BP e, muito menos, pela ausência do que lhe foi apontado. A tal currículo profissional alia ainda um perfil e um conjunto de qualidades humanas que traduzem uma boa escolha.
Por uma vez, e não me lembro de muitas, o Ministro das Finanças pode ter acertado!...
Declaração de interesse: Conheci e fui colega do Dr. Carlos Costa no BCP, com quem fiz amizade.
7 comentários:
Ter experiência em supervisão bancária não é importante, mas nem toda a experiência na banca é importante. Mas, com esse currículo deve ter a experiência de back office suficiente para cumprir e essa é importante (e da qual o antecessor "não via um boi").
Sem qualquer crítica ao seu amigo, que não conheço, eu gostava de ver no BoP alguém conhecedor dos reais problemas da supervisão e não alguém conhecedor do problemas de supervisão que toda a gente pensa que são. Se o senhor em causa é ou não, não sei. Sei que o Banco de Portugal não é. Se esta é a pessoa que muda isso, bom, senão pior que os outros não vai ser, mas também não será melhor.
O facto de ser conhecido ou não do público é, naturalmente, uma "qualidade" só valorizada por imbecis.
Caro Tonibler:
Como viu,o que sublinhava no post era o facto de ser um homem com currículo. E, tendo tal abundante currículo profissional, não por favores políticos, mas por competência demonstrada, pode presumir-se que tenha as qualidades necessárias para a função. Sabendo como funciona um Banco, também sabe como deve funcionar a supervisão. Depois, é uma questão de liderança e de autoridade.
Caro Dr. Pinho Cardão
O Dr. Carlos Costa tem, sem esquecer naturalmente outras características, duas qualidades muito importantes para o exercício do cargo. Refiro-me à competência e à independência. É uma escolha respeitável que pronuncia um bom trabalho.
E não levaram uma reformazita do BP?
Num período curto, mas bastante animado da vida da CGD, em que se verificaram sucessivas mudanças de composição do CA, o Dr. Carlos Costa foi o meu terceiro administrador de pelouro, respeitante a uma empresa da CGD de que fui Presidente do respectivo CA.
Fiquei com muito boa impressão dele. Rapidamente compreendeu o problema da minha empresa e deu logo andamento a uma proposta de reestruturação que eu já tinha feito havia cerca de um ano, mas que as vicissitudes por que passou o CA da CGD ainda não tinham permitido concretizar. No processo subsequente, tive sempre todo o apoio do Dr. Carlos Costa.
Foi pena ele ter ido para o BEI, porque me deixou nas mãos de um quarto administrador, um labrego promovido, mas de grande vigor político dentro do CA, cujo nome nem é preciso mencionar e que desvirtuou todo o processo que estava em curso.
Acredito que o Dr. Carlos Costa fará um bom lugar no Banco de Portugal.
Caro Professor Pinho Cardão,
Não conheço o Dr. Carlos Costa, mas, fazendo fé nos relatos e comentários lidos e ouvidos nos dois últimos dias, confio nas suas excepcionais qualidades técnicas e, bem assim, na sua isenção e distanciamento políticos.
Porém, sendo estas qualidades necessárias para que faça um bom lugar, não são, receio-o bem, suficientes.
Com efeito, parece-me que um dos maiores problemas do Banco de Portugal, de que tenho algum conhecimento directo, reside no seio mesmo do Departamento de Supervisão Bancária.
O Departamento de Supervisão Bancária vê-se a si próprio como uma espécie de “casta superior”, dotada de poderes providenciais, que a escusam do cumprimento das mais elementares regras do procedimento administrativo (garantias dos direitos fundamentais dos administrados, boa fé procedimental, audiência de interessados, fundamentação das decisões, etc).
O Departamento de Supervisão Bancária constitui, por assim dizer, a sua própria fonte de Direito. Respaldando-se numa concepção “auto-gratificante” do conceito de discricionariedade, a actividade do Departamento de Supervisão Bancária é, com demasiada frequência, puramente arbitrária e parcial (interessada, portanto...).
Prevalecendo-se da inércia dos mecanismos de defesa dos administrados, o Departamento de Supervisão Bancária sabe bem que pode impor a sua vontade, que a eternidade que leva a ser contrariada por uma acertada decisão judicial se encarregará de tornar esta última absolutamente inócua, irrelevante.
Este comportamento é ainda exacerbado por um forte instinto de auto-preservação, próprio das castas superiores, que torna o Departamento de Supervisão Bancária particularmente intolerante a elementos estranhos ao feudo, os quais tendem a ser encarados como “ameaças” a um status quo que importa defender a todo o custo.
Aliás, permita-me enaltecer a S/ clarividência dedutiva ao referir “...Nesta ordem de ideias, também a ausência de currículo na área da supervisão seria um óbice, como se alguém o tivesse, a não ser que tivesse feito carreira, em tal área do Banco...”.
É precisamente isso, caro Professor!
Em suma e na minha modesta opinião, o maior perigo para um recém-chegado (no sentido de “vindo de fora”) Governador vem de dentro do Banco de Portugal.
Caro Henry:
O meu amigo não pode desmerecer assim dos Professores, quando me chama a mim Professor...
É que sou apenas um mero licenciado à moda antiga, com 5 anos de curso bem tirado, e nem sequer mestre bolonhês...
Quanto ao que refere do Dr. Carlos Costa e do BP, pois tem toda a razão. Deparam-se-lhe grandes perigos provindos da Instituição. O retrato que faz é muito adequado. Conheço casos concretos aos quais o que referiu corresponde em absoluto. Contrariar e remover más culturas instaladas é um desafio enorme que se depara ao Dr. Carlos Costa. Terá que ser um lídrer firme, face ao exterior, mas também ao interior do BP.
Caro Jorge Oliveira:
Um excelente testemunho.
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