Recordo de em pequeno seguir a luta dos negros norte-americanos contra a discriminação brutal de que eram alvo. Não conseguia compreender a razão da segregação naquele país e tão pouco o tratamento dado aos negros da África do Sul. Negros e mestiços, sempre ouvi esta designação. Na minha família não faltam parentes frutos da luso mestiçagem. Não sei o que é que tem de mal dizer negros ou mestiços, mas nos Estados Unidos lembraram-se de passar a designar os negros como afro-americanos. Não sei porquê! Parece que é considerado como ofensivo ou carregado de algo depreciativo. A este propósito, li há algum tempo que um moçambicano, naturalizado americano, ao preencher as fichas no campo da etnia coloca afro-americano, mas é branco. Os negros, ou melhor, os afro-americanos ficam ofendidos com esta atitude, mas o rapaz é de facto afro-americano, nasceu em África e é americano.
Em certas situações até pode haver alguma justificação em proceder à substituição como aconteceu com mongolismo, designação dada à síndrome de Down (trissomia 21), pelo facto de ter adquirido um sentido pejorativo e mesmo ofensivo.
Também começou a ser considerado como ofensivo, sobretudo para os familiares dos doentes, alguns epítetos que certas pessoas gostam de disparar contra os adversários ao chamarem-lhes autistas ou esquizofrénicos.
Mandar alguém abaixo de Braga, forma erudita de uma expressão mais corriqueira, não deve ser muito agradável para os bracarenses, lá que digam “Ver Braga por um canudo”, vá que não vá, mas conotá-la com guano não é coisa bonita.
Em todos estes processos está presente o conceito de ofensa ou sentido pejorativo. Se nalguns casos é justificável, noutros é muito duvidoso, tal como chamar aos negros dos Estados Unidos afro-americanos. Quem sabe se um dia os negros portugueses não passarão a designar-se por afro-lusitanos? Se o vírus aparecer por aí nunca se sabe. Nem sei se os ciganos não exigirão ser chamados de outra forma, egípcios?, como acontece nalguns países. Resta saber se os verdadeiros egípcios aceitarão esta mudança. Como toda esta algaraviada já vai longa – espero que os algarvios não se importem com o termo -, o melhor é focar a razão desta reflexão.
Li que o Conselho Municipal de Liverpool vai propor a proibição do uso da palavra “obesidade” nos materiais informativos destinados a crianças porque acreditam que o termo é ofensivo e, deste modo, poder ser prejudicial nas campanhas. Por este motivo propõem a substituição do termo "obesity" por “unhealthy weight”, que os brasileiros se apressaram a traduzir por “peso insalubre”, e que nós, os portugueses poderíamos optar por “peso não saudável”. Se for avante aquela designação, então, é muito provável que, com o tempo, os adultos venham também a usá-la, passando os obesos, que já não suportam que lhes chamem gordos, a serem considerados como sofrendo de “peso insalubre”!. Quem sabe se, um dia, chamar obeso a alguém não será considerado pejorativo ou mesmo um insulto, e, a partir de então, não se sabe o que mais poderá acontecer.
Já estou a ver alguns diálogos interessantes. – Então, como vai o seu peso? - Um pouco “insalubre”. – Ah! Nota-se muito bem. De facto, está cada vez mais pançudo...
Também começou a ser considerado como ofensivo, sobretudo para os familiares dos doentes, alguns epítetos que certas pessoas gostam de disparar contra os adversários ao chamarem-lhes autistas ou esquizofrénicos.
Mandar alguém abaixo de Braga, forma erudita de uma expressão mais corriqueira, não deve ser muito agradável para os bracarenses, lá que digam “Ver Braga por um canudo”, vá que não vá, mas conotá-la com guano não é coisa bonita.
Em todos estes processos está presente o conceito de ofensa ou sentido pejorativo. Se nalguns casos é justificável, noutros é muito duvidoso, tal como chamar aos negros dos Estados Unidos afro-americanos. Quem sabe se um dia os negros portugueses não passarão a designar-se por afro-lusitanos? Se o vírus aparecer por aí nunca se sabe. Nem sei se os ciganos não exigirão ser chamados de outra forma, egípcios?, como acontece nalguns países. Resta saber se os verdadeiros egípcios aceitarão esta mudança. Como toda esta algaraviada já vai longa – espero que os algarvios não se importem com o termo -, o melhor é focar a razão desta reflexão.
Li que o Conselho Municipal de Liverpool vai propor a proibição do uso da palavra “obesidade” nos materiais informativos destinados a crianças porque acreditam que o termo é ofensivo e, deste modo, poder ser prejudicial nas campanhas. Por este motivo propõem a substituição do termo "obesity" por “unhealthy weight”, que os brasileiros se apressaram a traduzir por “peso insalubre”, e que nós, os portugueses poderíamos optar por “peso não saudável”. Se for avante aquela designação, então, é muito provável que, com o tempo, os adultos venham também a usá-la, passando os obesos, que já não suportam que lhes chamem gordos, a serem considerados como sofrendo de “peso insalubre”!. Quem sabe se, um dia, chamar obeso a alguém não será considerado pejorativo ou mesmo um insulto, e, a partir de então, não se sabe o que mais poderá acontecer.
Já estou a ver alguns diálogos interessantes. – Então, como vai o seu peso? - Um pouco “insalubre”. – Ah! Nota-se muito bem. De facto, está cada vez mais pançudo...
2 comentários:
Certas “classificações” devem acompanhar a evolução dos tempos! Se me classificarem de “analfabeta”, eu fico mesmo ofendida! Mas se me disseram que sou “iliterada” ... pois... já é um termo mais sofisticado! E se for dito com um sorriso, então sou capaz de pensar que estou a ouvir um elogio! : )
Ainda me recordo que, nos comboios, havia a primeira e a segunda classe! E até me lembro de uma terceira classe! Esta última desapareceu não sei quando! E as outras, talvez para “estreitar” a lacuna social, foram reclassificadas como “conforto” e “turística”! Ou já estou desactualizada?
O que é certo é que por muito que tentem suavizar os termos para evitar melindrar determinados grupos, irão, inevitavelmente, ofender outros.
Boa, Professor!
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