De regresso à Pátria leva algum tempo a ajustar não só ao fuso horário e aos sonos trocados mas também à dimensão da política nacional, onde se acendem súbitas paixões à volta de uns submarinos comprados no início da década. Como é hábito, ninguém percebe nada de nada mas a coisa é apresentada como grave e digna de muitas suspeitas, os comentários tornam-se notícia, seguem-se os desmentidos e as intrigas, entrevistam-se os bons e os maus do costume e assim se passam mais uns dias a propor legislação e medidas definitivamente eficazes para o que quer que seja.
Vem-me à memória o sorriso largo do empregado do hotel em Washington a quem recorri para tentar telefonar para Lisboa, talvez ele pudesse confirmar o indicativo? O afro americano, muito solícito, abriu um livro à frente dele e, depois de uns segundos a procurar, pediu-me que voltasse a dizer o nome. L-i-s-b-o-a, soletrei eu. Ah, respondeu, e sabe o número do quarto dessa pessoa? Agradeci-lhe imenso e desisti de telefonar nesse dia, afinal era só um problema na ligação.
5 comentários:
Talv ez se tivesse soletrado Lisbon o empregado tivesse entendido… e mesmo assim… : )
O que aconteceria se a Suzana lhe tivesse dado um número de qualquer coisa?
Será que o consierge não conhecia, ou não queria conhecer, caraDrª. Suzana?
;)
Acontece com muito boa gente, mesmo sendo nacional.
Olhe, passei agora uns dias em S. Miguel - Açores, no regresso, perante o incumprimento dos horários dos voos e o "desprezo" a que o pessoal do aeroporto vota os passageiros, não dando qualquer informação e depois à chegada, o imenso tempo de espera junto à passadeira das bagagens, dizia-me a minha mulher, recordando uma figura de um programa televisivo de humor: "eu quero voltar para a ilha"!
É exactamente como vê, na sua curta ausência aconteceram muitas coisas neste pequeno País com uma capital chamada Lisboa que o sacana do porteiro confundiu, se calhar, com o nome de um grego qualquer, baratas saíram do escuro numa jogada de um bom poiso, quem sabe a sorte os bafeje, lhes encha o ego e a carteira….
Ah!…também aconteceu esta coisa estranha de alguém se lembrar de ressuscitar a história dos submarinos (afinal, dizem alguns agora, não serem precisos para as nossas guerras!), desta vez contada com pormenores de milhares de milhões de euros, uma delícia para o imaginário dos portugueses que semanalmente sonham com o jackpot europeu…
E pronto, acho que não aconteceu mais nada, como diria o outro: “está tudo bem assim e não poderia ser de outra forma”.
´Sempre atenta aos detalhes, Catarina, de facto tentei em inglês e também pedi Portugal e foi aí que ele ficou muito confuso...
Margarida, lá ia eu conhecer alguém instalado no mesmo hotel :)
Caro Bartolomeu, acho que o que ele não percebeu realmente foi que eu não soubesse falar do meu telemóvel :)
Caro jotac, belo resumo, de facto a discussão já está centrada na necessidade ou nao de uns submarinos comprados há 10 anos. è como diz, está tudo normal.
Enviar um comentário