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sexta-feira, 9 de abril de 2010

Viagem à Namíbia - VI

A tempestade, ao longe

Gravuras nas rochas em Twyfelfontein


A montanha e o lodge


Dia 5 - Depois da rápida visita a Cape Cross inflectimos para o interior avançando para o coração do deserto do Namibe. Nas horas que se seguiram experimentámos todas as estações. Depois do frio e da humidade, a imediata secura e o calor abrasador do deserto primeiro, da estepe depois. A chuva faz a sua aparição fazendo com que a terra sequiosa liberte aromas intensos. À medida que rodamos em direcção ao interior, a paisagem alterna entre majestosos relevos velhos que exibem momunentos geológicos ora colossais ora curiosos nas suas formas, e planícies imensas cortadas pela estrada que a miragem provocada pelo calor leva a crer que termina abruptamente logo ali à nossa frente.
No horizonte, a leste, nuvens derramam toneladas que lá longe alimentam os rios efémeros. Será que um deles interromperá o nosso curso até ao alojamento que tínhamos previamente marcado em pleno domínio dos bushmen e himbas?
Felizmente, já muito perto dos 1000 km percorridos, chegámos a Twyfelfontein. E se pensávamos que a paisagem já não nos surpreenderia mais, eis-nos alojados na base de uma monumental montanha de imensos blocos de rocha sobrepostos, onde homens primitivos deixaram gravadas cenas do quotidiano há muitos e muitos milhares de anos. Sentados à porta dos nossos alojamentos, perfeitamente integrados na paisagem, recuperámos do cansaço, assistindo de bancada ao sempre esmagador espectáculo de uma violenta tempestade tropical no crepúsculo húmido e abrasador.
Dormir impõe-se. A próxima jornada, em tempo de Páscoa, adivinha-se cansativa. Primeira paragem, se nada se alterar no planeamento revisto ao jantar, será a uma floresta de árvores fósseis de 250 milhões de anos...

3 comentários:

Suzana Toscano disse...

Estou fascinada, que magnífica viagem! Parece bastante exigente em resistência ao cansaço mas acredito que nem tenham tempo de pensar nisso com a sofreguidão de ver tudo a cada momento. Obrigada pelas suas descrições que deixam largas pinceladas de cor e beleza africana aqui no nosso imaginário. E continuação de boa disposição e boa viagem!

Catarina disse...

Só viajantes destemidos e aventureiros embarcariam num programa desses. Estou a acompanhar-vos e à espera, a todo o momento, de ler sobre bicharocos esquisitos, curiosos e atrevidos : ) Um lodge debaixo de toneladas e toneladas de pedra? Só isso me causaria verdadeiras insónias!
Continuação de óptima viagem!

Bartolomeu disse...

Qual Rui Pina, em tempos de El-Rei D. João II (O Principe Perfeito), tece magistralmente Ferreira de Almeida a crónica de viagem de um grupo de amigos aventureiros, idos do Lusitano rectângulo, redescobrir terras antes descobertas por Diogo Cão e, nunca reclamadas pela coroa Portuguesa.
Os deuses devem estar loucos, para permitir que um grupo de intrépidos viajantes, penetre o coração do território dos homens mais antigos do planeta, os Bushmen. Ou então, a sua qualidade de deuses, permite-lhes perceber que estes embaixadores cibernautas, cumprem afinal uma missão, tal como o actor do filme.
Tlich.. shlam... plou... laule...
Tradução: Continuação de boa-viágem
(em dialecto bosquiman)