Recusei-me, num primeiro momento, a acreditar. Até que me convenci que a notícia corresponde à verdade. A Direcção Nacional da PSP estabeleceu como objectivos de cumprimento obrigatório para os agentes policiais, pasme-se, um determinado número de multas, detenções, viaturas a bloquear e a rebocar, operações stop, entre outras actividades. Em tempos surgiu a notícia de que a mesma lógica tinha sido adoptada pela ASAE...
Como se sabe, a "revolução" ensaiada na Administração Pública pelo anterior governo faz depender a evolução nas carreiras e a retribuição, do cumprimento dos objectivos de que depende a avaliação. Está-se mesmo a ver o que vai acontecer com a PSP. Em vez de estimulados para a prevenção, os agentes são empurrados para a multa, para a detenção. Pensei que vivia num País em que as autoridades eram formadas no respeito pelos direitos dos cidadãos. Afinal o Estado pretende que os agentes de autoridade se valorizem reprimindo, de acordo com o limite fixado pela sua Direcção Nacional.
Nem quero pensar nos objectivos que são fixados para os sapadores bombeiros!
E muito menos nos que são fixados aos coveiros pelas Câmaras Municipais!
Nem o maior absurdo mobiliza a sociedade?
Como se sabe, a "revolução" ensaiada na Administração Pública pelo anterior governo faz depender a evolução nas carreiras e a retribuição, do cumprimento dos objectivos de que depende a avaliação. Está-se mesmo a ver o que vai acontecer com a PSP. Em vez de estimulados para a prevenção, os agentes são empurrados para a multa, para a detenção. Pensei que vivia num País em que as autoridades eram formadas no respeito pelos direitos dos cidadãos. Afinal o Estado pretende que os agentes de autoridade se valorizem reprimindo, de acordo com o limite fixado pela sua Direcção Nacional.
Nem quero pensar nos objectivos que são fixados para os sapadores bombeiros!
E muito menos nos que são fixados aos coveiros pelas Câmaras Municipais!
Nem o maior absurdo mobiliza a sociedade?
7 comentários:
Caro Ferreira de Almeida:
Tecnocratas mal formados é o que dá!...
Li aqui há tempos que o Ministério Público tem objectivos de número de acusações.
Por isso, não admira que uma grande maioria das acusações formuladas venham a ser postas em causa e os respectivos sujeitos absolvidos pelos Tribunais.
É absolutamente inacreditável Pinho Cardão! Como é que se tornou possível toda esta estupidez, este absurdo, sem que haja uma mobilização para por lhe termo!
Ao que chegámos...
sempre disse que as polícias não podem ter o mesmo sistema de avaliação que o restante pessoal da função pública. Não se pode avaliar um polícia tendo em conta um sem número de coisas, em que os objectivos são números gordos...
O patinhas só vê cifrões. Os polícos de hoje, números!!!
Aonde tudo isto nos leva????
Tem toda a razão, Zé Mário, também ouvi a notícia e até pensei que estava a ouvir mal!O que é incrível é que as chefias que marcam estes objectivos reflectem uma defeituosa interpretação da missão das instituições e depois admiram-se que as populações também vejam as instituições de uma forma profundamente errada. Não se trata de haver diferentes sistemas de avaliação, cara Maria, trata-se de interpretar correctamente o que é que se considera acrescentar valor, trabalhar de acordo com a missão, em vez de inventar critérios que, por serem fáceis de medir, finjam que se está a produzir muito. Ora, se todos os cidadãos forem muito cumpridores porque a função preventiva e de educação cívica funcionar, ou porque o trânsito é bem regulado ou porque a sinalização está bem colocada, por exemplo, isso quer dizer que a PSP não trabalha bem porque encontrou poucas infracções? Claro que não, pelo contrário, significa que está a funcionar mesmo muito bem.O objectivo das forças policiais é prevenir as infracções e criar todas as condições para que os condutores possam conduzir bem, as multas serão apenas a consequência das faltas, não a manifestação de uma boa acção profissional de uma instituição. É difícl definir isto? Claro que é, por isso é que a avaliação por objectivos é considerada um factor de melhoria, precisamente porque obriga a reflectir no que é mesmo importante e a seguir obriga a que toda a instiuição se oriente para cumprir esses mesmos objectivos. Se for tudo mal feito, só piora e só cria injustiças e absurdos.Mas o problema não está no sistema de avaliação mas sim em quem o trabalhou...
José Mário
O sistema anunciado é perverso e por isso mesmo inadmissível. Incentiva a polícia a não exercer a função preventiva mas antes a estimular a infracção. Passa a ser o nível do incumprimento a medida da avaliação do desempenho. Sem incumprimento não há multas, sem multas os objectivos não são cumpridos e com mau desempenho não há prémios e não há promoções. Está tudo ao contrário!
A filosofia da Polícia de impor através da multa é um pouco o reflexo da cultura Portuguesa, veja-se o caso da lei anti-tabaco e da rapidez com que foi implementada, assim que foram conhecidas as coimas a aplicar. Mas basta um exemplo: A Polícia continua a não utilizar cintos de segurança! Isto é básico! além de extremamente perigoso, principalmente com os actuais airbags (SRS - sistema de retenção suplementar - indica mesmo que só funcionam em conjunto com os cintos) é muito pouco educativo, passando a mensagem "usem os cintos senão são multados, mas na realidade não servem para nada"... Em primeiro lugar a Polícia deve educar pelo exemplo!
Caro JMFAlmeida
Tem toda a razão, mas o que é que se pode esperar de uma direcção que não tem qualquer pejo de entregar armas a polícias e, depois, proporcionar-lhes nenhum ou quase nenhum treino com as mesmas.
Seria para rir se não fosse o efeito preverso que estes "incentivos" provocam: aumenta a multa em locais não problemáticos e aumenta a criminalidade em locais problemáticos.....
Como há muito tempo venho perorando contra os prémios individuais na função pública, o que relata não é mais do que a solução fácil que encontraram para que os funcionários sejam promovidos ou recompensados.
Cumprimentos
joão
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