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sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

"Revolução" na economia: Balança de Bens e Serviços a caminho do equilíbrio?

1.Enquanto o País, conduzido por uma comunicação social à beira do delírio absoluto – dedicando horas sem fim a declarações anódinas do PR (ainda que desajeitadas) e especulando sobre o fim do Euro como se estivéssemos a assistir aos episódios finais de uma telenovela de arrasar corações – vão sucedendo factos relevantíssimos que, exactamente porque o são, não merecem a menor atenção dos media...
2.Um desses factos consiste na notável redução do défice da Balança de Bens e Serviços com o exterior que, no período de Janeiro a Novembro de 2011, caiu cerca de 50% ( de € 10 mil milhões para € 5 mil milhões) em relação ao período homólogo de 2010...
3....sendo que, nas previsões económicas de Inverno, há poucos dias divulgadas pelo BdeP, essa Balança deverá ficar equilibrada em 2012, podendo mesmo exibir um pequeno “superavit”, equivalente a 0,3% do PIB.
4. A acontecer o cenário admitido pelo BdeP em 2012, o qual resultaria de uma subida das exportações de 4,1% e de uma queda das importações de - 6,3%, estaremos perante uma mudança radical de comportamento da economia portuguesa...
5.... Uma viragem fundamental depois de mais de 15 anos em que arrastando sucessivos e elvadíssissimos défices chegamos à situação de sufoco financeiro em que hoje lamentavelmente nos encontramos.
6.Apesar de ser ainda cedo para retirar conclusões de cenários que, apesar de prudentes são também contingentes, podemos dizer desde já que se trata do resultado mais importante da alteração de política económica adoptada nos últimos tempos.
7.Poderão dizer-me que é uma política económica comandada do exterior...direi que, quando não existe classe política com capacidade para perceber que políticas adoptar, como exuberantemente demonstramos ao longo dos anos – com um “finale” em “andante vivíssimo” e DESVAIRADÍSSIMO nos últimos 6 anos até Junho/2011 – bem pouco me importa que a política económica seja comandada do exterior...
8.Essa alteração não será ainda suficiente para equilibrar a Balança Corrente, em virtude do elevadíssimo défice dos Rendimentos - resultado do altíssimo endividamento que os sucessivos défices nos impuseram (“apesar de o desequilíbrio externo ser irrelevante numa União Monetária" com nos foi ensinado...) – que as transferências dos emigrantes mais as oficiais da União Europeia não chegam para tapar...
9. ...cabendo assim a função equilibradora à balança de capitais, o que mostra a extrema importância de sabermos atrair capitais privados - investimento estrangeiro, via privatizações e outras - para conseguir, finalmente, travar o endividamento externo.
10. Assim, muito a custo (mas muito mesmo), certamente, será que estaremos a caminho de uma “revolução” económica em Portugal? Lá para o 3º trimestre falaremos...

5 comentários:

Pinho Cardão disse...

Caro Tavares Moreira:
O critério jornalístico dos nossos media apenas fareja escândalo e desgraça. Sem qualquer sentido crítico ou deontológico, manipulam notícias, ignoram factos, empolam situações. Funcionam como fábrica de encher chouriços com carne da pior qualidade.
O tema do post, de enorme relevância, passou completamente ao lado dos media. Compreensivelmente: é que eles nem sabem, nem sonham o que isso significa.
Aliás, o nosso serviço público de informação o que quer é saber a opinião de Mário Soares sobre a forma da lua ou dos pingos da chuva.

Tonibler disse...

Excelentes notícias. Mas é compreensível que não apareçam nos jornais. Tal como é necessário que o estado pare de ocupar os trabalhadores com dinheiro que não tem, também o seu chefe deve parar de ocupar os media com disparates e para de fazer oposição à recuperação daquilo que lhe paga a reforma. Uma questão de má moeda...

manuel.m disse...

Longe de mim o propósito de querer esfriar o optimismo de T.M. até porque me cabe mal o papel de Velho do Restelo e isto só porque vivo longe de Portugal .
Após este necessário caveat ,acho que merecia alguma reflexão o seguinte :
O Euro e a própria EU assentam em dois pilares (um tripé com duas pernas ,como já ouvi chamar-lhe...) que são obviamente a Alemanha e a França . Ora é mais que provavel a vitória de Francois Hollande nas próximas eleições presidenciais francesas ,tal é a vantagem que leva nas sondagens .
Este candidato acaba de publicar o seu manifesto que ,valha a verdade , é mais ,muito mais , do que vagas declarações de intenções .Promete ele, entre outras coisas , baixar a idade da reforma (sim baixar !) para os sessenta anos ,aumentar a despesa pública em €20 biliões até 2017 ,criar 60.000 novos lugares para professores ,150.000 empregos subsidiados para os jovens ,aumentar de forma drástica o sector público e, last but not the least , impor uma taxa sobre as transacções financeiras ,também conhecida por Tobin tax ,ou mais prosaicamente como Robin Hood tax .
Tudo isto com o pano de fundo de uma recessão na EU já em 2012 que se tornará certamente mais severa em 2013
Dá tudo isto uma sensação de dejá-vu?
Não me admiraria , como também ache possivel que T.M. pense que nada do que F.H. promete é para levar a sério . Mas e se os Mercados ,essas entidades etereas,os mesmos que levaram agora mesmo ao downgrading da França ,pensarem que Hollande é algo mais do que um vendedor de banha da cobra e reagirem em conformidade ?
Onde fica o tal "tripé" de duas pernas ? Onde fica o Euro e a própria Eu ? Onde fica Portugal ??
Acho absolutamente extraordinário que a imprensa portuguesa ,pelo menos aquela que posso ler on-line ,nada tenha dito sobre as implicações óbvias do que escrevi , eu que não passo de um pobre sapateiro que se atreve por vezes a tocar rabecão .
manuel.m

Gonçalo disse...

Este "sinal", a confirmar-se é o primeiro passo na consolidação de um futuro possível. Nessa situação, a dívida passa a ser gerível. E deixa de ser uma preocupação.
Ajuste-se a agricultura privilegiando-se o consumo da produção nacional e o Turismo (há mudanças a fazer na fiscalidade) e estarão - mesmo - lançadas as bases de um futuro realista (teremos um nível de vida mais frugal que o dos últimos anos) para o País.

Tavares Moreira disse...

Caro Pinho Cardão,

Não é muito do meu gosto e estilo utilizar expressões muito chocarreiras, mas afigura-se-me que estamos cada vez mais lançados numa prática mediática de "sarjeta"!
Então nestes últimos tempos tem sido um "fartar vilanagem"! É um enjoo quase permanente, que lástima!

Caro Tonibler,

Palavras sábias, como habitualmente...é tb preciso que o Estado pare de fazer disparates inacreditáveis como o arrastamento da dispendiosíssima agonia dos ENVC por motivos que, para além da idiotice, ninguém entende...

Caro Manuel,

Em 1º lugar, quanto às eleições francesas, li na edição de ontem do F. Times que a distância entre Hollande e o marido de Carla Bruni, segundo as mais recentes sondagens, é de 31 para 25%, na 1ª volta e de 60-40% para uma 2ª volta...
É uma vantagem bastante razoável, ams não serão ainda favas contadas, e recordo que Carla ainda não entrou na campanha...
Quanto ao meu optimismo, receio que o ilustre comentador tenha lido mais do que escrevi: eu apresentei um dado estatístico - saldo da balança de bens e serviços até Novembro último - e a previsão do BdeP para 2012, constante do seu Boletim Económico do Inverno divulgado em emados deste mês.
E comparei os dados colhidos nessas duas fontes de informação com a realidade dos últimos 15 anos, chamando a atenção para a tremenda mudança a que estamos assistir no comportamento da economia...
E repare que até tive o cuidado de colocar a expressão "revolução" entre ""...
E de dizer que lá para o 3º trimestre falaremos...
Onde foi o ilustre comentador encontrar o optimismo?
Quanto aos temas que suscita, são certamente da maior relevância pelo que, como compreenderá, constituem para a imprensa portuguesa matérias sem qq interesse noticioso...

Caro Gonçalo,

A dívida, se me permite, nunca deixará de ser uma preocupação pelos anos mais próximos...mas espero sinceramente que, como refere, passe a ser gerível e não tenhamos que andar de chapéu na mão,como a Grécia, pedindo encarecidamente aos credores que nos perdoem a dívida...tem sido um espectáculo confrangedor esta negociação entre os credores privados e a Grécia devedora, para ver até onde pode chegar o perdão...