Os dados referentes à taxa de fecundidade em Portugal são cada vez mais preocupantes, atingindo, neste momento, 1,36 filhos por casal, a mais baixa da Europa, e muito longe do mínimo necessário à renovação das gerações, ou seja, 2,1.
Parece que toda a gente anda preocupada com este fenómeno, desde o Senhor Presidente da República até ao mais obscuro bloguista.
As razões para este fenómeno, altamente previsível há mais de um quarto de século, não foram tomadas em linha de conta pelos responsáveis de então.
Começam a ser feitas contas e mais contas, e os entendidos concluem que não vai ser possível garantir as reformas no futuro. Grande novidade!
Ontem, na TV, foi noticiado as conclusões de um estudo - que demorou três anos a ser realizado -, segundo o qual para conseguirmos assegurar as reformas no futuro será necessário aumentar o IVA para 25% e (e/ou?) aumentar os descontos para a Segurança Social em mais 10%! Os autores aconselharam, inclusive, os activos a pouparem mais, caso contrário, poderiam sofrer consequências não muito agradáveis. A jornalista disse que estas medidas, reconhecidamente gravosas, já são aplicadas nos países do Norte da Europa. Como quem que diz: “Não é novidade”! Pode não ser, de facto, mas vai uma distância louca entre as regalias usufruídas nesses países e as nossas. Mas em termos de contribuição temos de ser idênticos!
Ter filhos, hoje em dia, é muito complicado. Os casais adiam e quando optam por os ter têm que fazer contas e contas. Criar um filho não é só altamente dispendioso, como é muito difícil. Se associarmos a falta de emprego, a falta de estabilidade e a falta de segurança, então, os mais jovens devem sentir calafrios e angústias indescritíveis. Nem a tentativa de “suborno” estatal, pagamento de um subsídio de nascimento, como já se faz em certos países, e que querem, também, aplicar entre nós, é, na minha modesta opinião, uma medida capaz de resolver tão grave problema.
Muitas actividades estão dependentes dos jovens, correndo muitos profissionais o risco de cair no desemprego, porque o seu mercado de trabalho se processa num grupo etário cada vez mais reduzido.
O “desânimo demográfico” - medido através da baixa taxa de fecundidade - é a expressão da incúria e da falta de políticas adequadas, tendo como alvo os mais jovens.
Começam a surgir correntes sociais que não têm qualquer pejo em manifestar a sua oposição a ter filhos. Veja-se o que aconteceu com o lançamento, em França, do livro “No Kid: Quarante raisons de ne pas avoir d'enfant” da autoria de Corinne Maier, psicanalista e economista, que já tinha causado polémica, anteriormente, com o seu livro “Bonjour Paresse!”, onde fazia a apologia de como manter o emprego trabalhando o menos possível.
O seu último livro, numa França com as mais elevadas taxas de fecundidade, está a ser um verdadeiro best-seller. Eis algumas das frases escritas pela autora: “as crianças são o inferno”; “custam caro, poluem e afundam a existência das pessoas”; “quanto mais aumenta a natalidade menos as pessoas dizem que são felizes” e “por que é que devemos matar a trabalhar por alguém que será excluído no futuro?”.
Há quem interprete este ensaio como uma mera provocação eivado de ironias. Não sei se deveremos considerá-lo como um poço de ironias, porque, relativamente à última frase, por exemplo, já a ouvi de forma mais e menos explícita, o que me provoca certa confusão, face às poderosíssimas forças biológicas e evolutivas. Quanto à penúltima, não acredito mesmo nada, porque se assim fosse, Portugal, com a taxa de fecundidade mais baixa da Europa, seria mais feliz! E felicidade é coisa que não abunda por estes lados....
Parece que toda a gente anda preocupada com este fenómeno, desde o Senhor Presidente da República até ao mais obscuro bloguista.
As razões para este fenómeno, altamente previsível há mais de um quarto de século, não foram tomadas em linha de conta pelos responsáveis de então.
Começam a ser feitas contas e mais contas, e os entendidos concluem que não vai ser possível garantir as reformas no futuro. Grande novidade!
Ontem, na TV, foi noticiado as conclusões de um estudo - que demorou três anos a ser realizado -, segundo o qual para conseguirmos assegurar as reformas no futuro será necessário aumentar o IVA para 25% e (e/ou?) aumentar os descontos para a Segurança Social em mais 10%! Os autores aconselharam, inclusive, os activos a pouparem mais, caso contrário, poderiam sofrer consequências não muito agradáveis. A jornalista disse que estas medidas, reconhecidamente gravosas, já são aplicadas nos países do Norte da Europa. Como quem que diz: “Não é novidade”! Pode não ser, de facto, mas vai uma distância louca entre as regalias usufruídas nesses países e as nossas. Mas em termos de contribuição temos de ser idênticos!
Ter filhos, hoje em dia, é muito complicado. Os casais adiam e quando optam por os ter têm que fazer contas e contas. Criar um filho não é só altamente dispendioso, como é muito difícil. Se associarmos a falta de emprego, a falta de estabilidade e a falta de segurança, então, os mais jovens devem sentir calafrios e angústias indescritíveis. Nem a tentativa de “suborno” estatal, pagamento de um subsídio de nascimento, como já se faz em certos países, e que querem, também, aplicar entre nós, é, na minha modesta opinião, uma medida capaz de resolver tão grave problema.
Muitas actividades estão dependentes dos jovens, correndo muitos profissionais o risco de cair no desemprego, porque o seu mercado de trabalho se processa num grupo etário cada vez mais reduzido.
O “desânimo demográfico” - medido através da baixa taxa de fecundidade - é a expressão da incúria e da falta de políticas adequadas, tendo como alvo os mais jovens.
Começam a surgir correntes sociais que não têm qualquer pejo em manifestar a sua oposição a ter filhos. Veja-se o que aconteceu com o lançamento, em França, do livro “No Kid: Quarante raisons de ne pas avoir d'enfant” da autoria de Corinne Maier, psicanalista e economista, que já tinha causado polémica, anteriormente, com o seu livro “Bonjour Paresse!”, onde fazia a apologia de como manter o emprego trabalhando o menos possível.
O seu último livro, numa França com as mais elevadas taxas de fecundidade, está a ser um verdadeiro best-seller. Eis algumas das frases escritas pela autora: “as crianças são o inferno”; “custam caro, poluem e afundam a existência das pessoas”; “quanto mais aumenta a natalidade menos as pessoas dizem que são felizes” e “por que é que devemos matar a trabalhar por alguém que será excluído no futuro?”.
Há quem interprete este ensaio como uma mera provocação eivado de ironias. Não sei se deveremos considerá-lo como um poço de ironias, porque, relativamente à última frase, por exemplo, já a ouvi de forma mais e menos explícita, o que me provoca certa confusão, face às poderosíssimas forças biológicas e evolutivas. Quanto à penúltima, não acredito mesmo nada, porque se assim fosse, Portugal, com a taxa de fecundidade mais baixa da Europa, seria mais feliz! E felicidade é coisa que não abunda por estes lados....
6 comentários:
Basta ter em atenção que só têm, por regra, muitos filhos dois estratos sociais, os ricos e muitos ricos (um estrato) e os pobres e muito pobres (um estrato).
Os primeiros porque têm muito dinheiro e podem estourá-lo à vontade em colégios caros, pensões de alimentação às mulheres por onde vão largando as crias, etc. e tal aliada à despreocupação total de quem os irá criar porque com dinheiro arranja-se sempre alguém.
Os segundos porque devido à total falta de conhecimento de qualquer conceito de planeamento familiar, de meios contraceptivos eficazes, de TV Cabo e computadores, e de dinheiro para ocupar os tempos de lazer noutra coisa que não a taberna e sexo (por enquanto com a mulher-própria ou emprestada- ainda é gratuito até a DGCI se lembrar de cobrar uma taxa sobre as relações sexuais). Existem outros factores também de ordem socio-económica (género subsidios e alocações familiares, etc.), mas fico-me por aqui.
A classe média (baixa-média-alta) já tem de fazer contas à vida, e se quer manter um mínimo de nível de vida pondera sériamente a possibilidade de os ter e dos custos que isso implica. Ora como a classe média é o grosso da população e são eles que em média têm menos filhos o resultado é uma redução brutal da natalidade.
E eis que no comentário do Virus se encontra a resolução do problema da taxa de natalidade portuguesa;
Acabe-se com a classe média (baixa-média-alta)!
Só arranjam confusão e estão sempre a reclamar que têm de pagar impostos.
Outra coisa, bestialmente, irritante são as criancinhas nos restaurantes. Fico completamente doente quando me dão uma mesa ao pé de uma família com criancinhas.
Aliás, agora quando vou a um restaurante e me perguntam se é zona de fumadores ou não fumadores, respondo logo que pode ser uma zona qualquer desde que não tenha criancinhas nas imediações.
Não tenho nada contra criancinhas, gosto muito delas e são muito giras mas, se há sítios onde não deixam entrar cães e vai haver sítios onde não se pode fumar, também devia haver sítios "Kids free"...
...ah, sim! Estava-me a esquecer dos centros comerciais e dos hipermercados. Também devia ser proíbido levar criancinhas para aí.
Por isso, esse livro "No Kid: Quarante raisons de ne pas avoir d'enfant”, deve ser bom. Acho que vou pedir para mo trazerem.
A melhor forma de aumentar a natalidade é, com toda a probabilidade, criar melhores condições económicas e sociais. Aumentando os níveis educacional e cultural, criando mais riqueza, a par de correctas politicas sociais que privilegiem quem tenha filhos pode ser uma solução.
Atendendo à situação do nosso pais, muito dificilmente iremos assistir a uma mudança significativa nos próximos tempos.
Quanto à “proibição” de crianças em restaurantes não sei se é uma das “quarenta razões”, mas, se não for, poderá ser a “quadragésima primeira”... a integrar numa nova edição!
Pois, estamos de acordo meu caro Professor... na parte da resolução do problema :)
Cá para mim, não é preciso arranjar explicações muito elaboradas. O que mais ouço para aí dizer, é que fulano tem falta de t... ou que cicrano não os tem no sítio. Todos dizem isso de quase todos.
Por isso, o que podemos esperar com esta ausência ou deslocalização (plavra ajustada, não está na moda falar na deslocalização das unidades produtivas?) deste instrumento essencial à procriação?
Caro Professor, antes era só com os padres, como referiu num post recente, mas agora...
E depois, não esquecer, há que contar com a bototice!...
Caro SC.
Também não é preciso exagerar...:)
Já agora explique melhor o que quer dizer com a batotice...
Se é o que eu penso, tenho de procurar um post que escrevi há já algum tempo!
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