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sábado, 11 de fevereiro de 2006

Abrandem a puberdade….

As modificações operadas a nível do desenvolvimento das crianças começam a ser preocupantes. Os excessos alimentares acompanhados de diminuição da actividade física são determinantes para o crescendo da obesidade mas também de um conjunto de particularidades que propiciam uma antecipação da puberdade. A associação obesidade e puberdade precoce é uma realidade. As meninas chegam à puberdade cada vez mais cedo, ao redor dos 10 anos, menos 18 meses que as mães e 24 que as avós. Claro que antes têm de passar por uma fase pré pubertária. Feitas as contas quase que poderíamos dizer que a entrada na escola coincide com este período em que começam a surgir várias transformações hormonais que se manifestam no próprio comportamento. A par destes, outros factores começam a ser responsabilizados como é o caso do stress. Se os factores de instabilidade familiar, fonte importante de stress, continuarem a aumentar, aliados às dificuldades no ajustamento às novas realidades pré e pubertária não é difícil de concluir que os jovens acabem por adquirir comportamentos e estereótipos nada saudáveis com todos os inconvenientes decorrentes para a saúde física e psíquica.
Os pais e educadores vão ter muitas dores de cabeça com este novo grupo de pessoas que nem são “carne nem peixe” mas sim qualquer “coisa” entre crianças e adolescentes com comportamentos próprios de uns e de outros exigindo direitos próprios dos mais velhos, correndo riscos de maternidade precoce, aquisição de estilos vida não saudáveis, abandonando prematuramente os estudos, comprometendo o seu futuro em termo de rendimentos e até do próprio país.
A projecção das consequências da obesidade infantil na vida adulta é uma realidade em termos de saúde, sem qualquer espécie de dúvida, mas as outras, as de carácter social e económico, deverão ser tomadas em consideração.
Importa, pois, tomar em linha de conta uma verdadeira e eficaz política de prevenção de cariz alimentar, mas também fomentadora de exercício, por exemplo, adicionando, desenvolvendo ou substituindo, inclusive, uma qualquer disciplina por uma de exercício físico de carácter obrigatório e prioritária no acesso ao ensino superior. Ficavam mais elegantes, mais saudáveis, mais solidários, mais responsáveis, mais produtivos e ainda podiam como efeito secundário dar-nos o prazer e a honra de ganharem algumas medalhas de ouro nas competições desportivas, melhorando a nossa estima e fomentando o orgulho nacional.

4 comentários:

Arrebenta disse...

É a altura ideal de voltarmos aos cintos de castidade: até já temos uma madrinha, Marica Cavaco Silva... ah, sim, e nós
http://braganza-mothers.blogspot.com/

Suzana Toscano disse...

Caro Massano Cardoso, os seus excelentes posts chamando a atenção para as consequências de uma vida desequilibrada dos jovens, na alimentação e no sedentarismo, trazem uma enorme responsabilidade aos pais que não têm mãos a medir com o trabalho que dá afastar os afirmados adolescentes do que lhes metem pelos olhos dentro a todo o momento.O contraste é que o estereotipo da beleza moderna continua a ser a excessiva magreza, sobretudo para as raparigas, o que leva muitas vezes ao problema dramático das anorexias. Será que o discurso da obesidade, que vejo agora com muita frequência na imprensa, não poderá agravar a mania da contagem de calorias? Creio que o tema da alimentação é tratado nas escolas exactamente na altura em que as jovens têm essa particular sensibilidade e não sei o que será pior - se uns quilinhos a mais se a fixação na balança... A tónica não deveria ser o equilíbrio em vez de falar na obesidade?

Massano Cardoso disse...

Cara Suzana
Compreendo o alcance das suas observações. Há no entanto que definir as melhores estratégias. Há uma que podemos considerar como estratégia global em que é possível tratar do assunto sem termos necessidade de recorrer ao combate ”directo” contra a obesidade. Falar, informar e educar numa perspectiva mais pragmática em termos de saúde, de alimentação e de exercício. Acontece que estas medidas deveriam ser tomadas antes do actual fenómeno ter surgido. Mas, como sabe, só nos lembramos de Santa Bárbara quando troveja. Deste modo, as actuais políticas podem, também, ser, eventualmente, perniciosas em matérias como as que descreveu. E, já agora, não sei se serei alvo ou não de alguma crítica, mas um artigo recente, publicado no New Scientist, revela que, de facto, os mais obesos têm uma taxa de mortalidade elevada, assim como os magros, mas, em contrapartida, os que são definidos como tendo excesso de peso apresentam taxas de mortalidade mais baixas. É um tema um pouco controverso, mas de qualquer forma não resisto à tentação de o citar, até, porque, andam por aí alguns bloguistas a deixarem de fumar e, consequentemente, arriscam-se a ficarem mais rechonchudos. Não quero que fiquem assustados! Sendo assim, curiosamente os tais quilitos a mais, até mais ver, claro, seriam benéficos!
Estas matérias não são tão lineares como desejaríamos. Há sempre o tal mas, que nos obriga a estudar e a investigar de uma forma continuada.

Suzana Toscano disse...

Caro Professor, ganho em sabedoria mas perco em decisão - entre um cigarrinho e os seus malefícios (já que não se esqueceu do meu propósito de deixar de fumar)e a obesidade ameaçadora, como pode um infeliz ficar satisfeito? Podiam recomendar-nos uma cautela de cada vez!... =))