O stress é considerado como um factor muito importante no desenvolvimento de muitas doenças e perturbações comportamentais. Apesar do seu lado positivo – sem stress não teríamos evoluído – e que nos permite sobreviver em muitas circunstâncias, avolumam-se as situações geradoras de stress prolongado e contínuo. O stress agudo é indispensável, que o digam os nossos antepassados quando estavam ao alcance de um tigre dentes de sabre. Saltavam para a primeira árvore que encontravam, se encontrassem uma, claro. Hoje, em dia, não há tigres dentes de sabre, mas reagimos de um modo idêntico quando somos confrontados com a inspecção das finanças, uma intimação das autoridades, uma ameaça velada, ou não, enfim, as reacções fisiológicas são as mesmas só que as causas são diferentes daquelas que estiveram subjacentes à nossa evolução. Estamos a falar de stress dito agudo, mas o pior é a agressão crónica e contínua. Os seus efeitos persistem durante muito tempo acabando por deixar marcas muito importantes nos diferentes órgãos e sistemas, nomeadamente coração e diminuição da imunidade.
O trabalho é sem sombra de dúvida a principal causa de stress. As características de muitas situações subjacentes ao trabalho, nomeadamente exigências elevadas em termos quantitativos aliada a uma fraca capacidade de decisão e a um fraco suporte social dos trabalhadores das empresas são o caldo explosivo do stress. A estas situações temos que acrescentar o desemprego e o trabalho precário. A falta de estabilidade cria ansiedade, percursora de um futuro stressógeno. Deste modo, as doenças relacionadas ou desencadeadas pelo stress tenderão a agravar-se a curto e a médio prazo.
A segunda causa de stress, ou, segundo alguns autores, a terceira, já que a segunda é também o trabalho, reforçando a importância deste, assenta na família. Muitos são os problemas familiares desencadeantes de situações stressizantes. Enumerá-los não é complicado. Às modificações da família, à dificuldade no acompanhamento dos filhos, às múltiplas exigências próprias da vida moderna, associam-se outras menos conhecidas como o stress do casamento. Afinal, casar é positivo para o homem, que pode vir a ganhar mais 1,7 anos de vida. Nada mau! Mas para as mulheres, o caso muda de figura, já que correm o risco de, em média, perderem 1,4 anos de vida! Quanto às causas, o investigador alemão aponta para o trabalho de casa, a tendência para imitar os comportamentos masculinos, por exemplo, passando a fumadoras ou serem fumadoras passivas e, curiosamente, o facto da actividade sexual regular ser pouco benéfica para a longevidade das mulheres e muito benéfica para os homens! Mas mesmo assim elas vivem muito mais do que eles…
8 comentários:
Excelente tema!
Aceitemos que a maior longevidade das mulheres é estrutural e que o efeito contrário do casamento tem a ver com a circunstância.
Mas as alterações nos hábitos e nas funções tem tido repercussões nos factos e, até, nos sentimentos ( considerem-se, por exemplo, a insegurança e a falta dela ).
Ao mesmo tempo o casamento e a procriação vão sendo adiados. Talvez mais por iniciativa delas...
Mas esta tendência vai colidir com os limites naturais de fertilidade e, mais ainda, com os da fertilidade óptima.
E, aí, vamos ter um duplo efeito na demografia: se, por um lado é a pirâmide que se estreita, por outro são as gerações que se espaçam: quando, antes tínhamos 4 gerações por século, agora já só temos três...
Este tema abre uma verdadeira caixa de Pandora.
A primeira tentação era criar um sistema de equações, a muitas incógnitas, que traduzisse o enunciado do investigador alemão, mas não é o caminho.
Muito interessante este tema, Prof. Massano cardoso, sobre o stress e os seus efeitos, às vezes perigosos às vezes benéficos, e sobre as suas causas. Já sabíamos,- mera constatação empírica =) -que as mulheres são mesmo muito resistentes! Da sua afirmação de que as mulheres perdem anos de vida quando tentam imitar o comportamentos dos homens podemos concluir que, se os homens começarem a imitar o comportamento das mulheres talvez ganhem uns anitos de vida feliz e saudável? Desde que casem, claro!de outro modo não chegam a lado nenhum...
Claro Suzana, casar é um factor de protecção para os homens, sobretudo para o coração. Vários estudos demonstram-no...
O coração agradece!
Caro just-in-time
Apesar de um sistema de equações, a muitas incógnitas, não ser o caminho, não deixa de ser interessante. Algumas incógnitas deixariam de ser...
Mas falando mais a sério. A forma como equacionou alguns problemas é muito interessante e deverão ser tomadas em linha de conta.
Claro, Massano Cardoso e, se faz bem ao coração de um, só pode fazer bem ao coração do outro! Daí a aproximação da esperança de vida. Mais vale bem acompanhado que só!
Agora a brincar:
- o acto do casamento dá ao homem 1,7 anos de vida x+1,7
- .. .. .. .. retira à mulher 1,4 .. .. .. y-1,4
- todos os homens e mulheres se casam e, assim, elas duram mais quatro anos que eles
y-1,4=x+1,7+4
- resolvendo, y= x+7,1 a mulher solteira dura mais 7,1 anos que o homem
- se os ganhos e perdas resultarem integralmente do acto do casamento, vamos calcular quantos casamentos tem cada um de fazer para se atingir a igualdade
x+1,7z=y-1,4z
- como y=x+7,1
- resulta z=2,3 casamentos
Assim à 1ª vista e para um não matemático, esse raciocínio parece imbatível, caro just-in-time!
Continuando a brincadeira:
- como vêem, a multiplicidade dos casamentos, além do aspecto sociabilizante, é a favor da igualdade;
- admitindo como duração máxima do tempo de casado 46 anos, vamos encontrar a duração máxima de um casamento: 20 anos;
- para atingir o total podemos estabelecer várias combinações:
6+20+20
20+6+20
20+ 20+6
15,33 +15,33 +15,33 ...,
o que pode ficar à discrição dos sujeitos;
- para prosseguir, temos de regressar à questão inicial: o stress do casamento
- admitamos que o stress do casamento será positivo e negativo e que a surpresa e a novidade criam stress positivo, ou seja, este está associado ao início do casamento...
- chegamos assim aos fundamentos da limitação do casamento a 20 anos: o stress negativo;
- agora temos de ver se a limitação deve ser facultativa, ou mandatória:
se for mandatória, podemos ter aqui mais um factor diminuidor do stress, já que não é preciso andar com pretextos, ou conflitos;
se for facultativa, a angústia da opção pode ser um factor aumentador do stress;
- assim, o mais aconselhável será conferir caracter mandatório à norma, mas com a possibilidade de introduzir prolongamentos por mútuo assentimento, devidamente registados... e aprovados por entidade independente, na boa tradição anglo-saxónica.
E, para brincadeira, fico-me por aqui.
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