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quinta-feira, 16 de fevereiro de 2006
Qual catástrofe?
O Sindicato dos Professores FENPROF veio classificar de "catástrofe" o anunciado encerramento de escolas degradadas, com elevadas taxas de insucesso escolar e número reduzido de alunos (menos de 10, ao que entendi). Não ouvi que alternativa propõem para as crianças nem nenhum desmentido sobre os factos que foram apontados como motivo para o encerramento. Portanto, não sei onde está a catástrofe, excepto a que existia até agora para os poucos meninos condenados a frequentar uma escola sem crianças.
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7 comentários:
Ó Marga
Essa da "extinção"não vem nada a calhar.
Não estando em causa que o encerramento de escolas degradadas, ou com diminuto número de alunos, se justifica plenamente, até para assegurar às crianças que as frequentam melhores condições de escolarização, é um facto que, neste momento, não estão reunidas as condições para que o encaminhamento destas crianças para outros estabelecimentos de ensino venha a constituir uma melhoria efectiva no seu quotidiano escolar. A questão do transporte escolar é apenas um dos grandes problemas que esta medida não acautelou ainda devidamente, isto apesar de o governo ter já legislado sobre a matéria, mas sabemos bem que as autarquias locais nem sempre têm os meios, ou a vontade, para cumprirem de imediato os normativos, e a fiscalização é a que se conhece. Portanto, no imediato, vamos continuar a ter alunos a irem para mais longe de suas casas, em transportes inseguros (isto, quando há transportes) para escolas tão ou mais degradadas dos que as que deixaram, o que confere alguma legitimidade aos argumentos daqueles que dizem que esta medida não traz qualquer benefício imediato para aqueles que abrange.
Será esta realidade um argumento de «catástrofe», a justificação para que nada se faça? Obviamente que não, até porque a resistência ao encerramento de escolas radica em interesses que pouco, ou nada, têm a ver com o que é melhor para os alunos. Acontece que, no quadro de assimetrias locais e regionais como aquele que caracteriza o nosso país, ao governo competirá gerir esta questão com bom senso e cautelosa medida, acompanhamento muito próximo e com a adequada firmeza perante obscuros interesses locais, mas o discurso da 5 de Outubro, até agora, pode ser facilmente confundido com um sacudir a água do capote, de tal forma parecem precipitadas e mal explicadas algumas decisões. Apesar disso, dê-se o benefício da dúvida, até porque, afinal, a medida é uma boa medida.
Cara Marga, pouco posso acrescentar aos comentários que aqui foram escritos pelo DJustino, Crack e bem ilustrados por Diógenes.Um escola ao lado de casa ainda que degradada e quase vazia de crianças até podia justificar-se se o sucesso escolar resultasse do ratio 1/1 aluno professor. Acontece que, nessas escolas, em geral, os níveis de insucesso saõ elevadissimos. Então, o que é que há a defender? O transporte pode não ser o melhor, ir para longe tem imensos inconvenientes, tudo isso é verdade. Mas não se podem povoar as aldeias desertas ou envelhecidas e as poucas crianças que aí vivem têm direito a ir para uma escola digna desse nome. O que é que lhes dará igualdade de oportunidades, ir a pé para uma escola fantasma ou andar uns kls até uma escola a sério, com todos os inconvenientes que isso possa ter mesmo que, como deverá acontecer, cada situação seja devidamente tratada?
Vamos lá tentar sistematizar:
1º- as escolas básicas devem ficar próximo de casa;
2º- os transportes escolares têm de satisfazer requisitos;
3º- pela evolução demográfica e social e pela fraca mobilidade das famílias, a necessidade de escolas básicas,é alvo de uma dinâmica geográfica;
4º- as autoridades vão satisfazendo as novas necessidades, construindo novas escolas;
5º- o grande buzilis está na mobilidade dos docentes, ou porque não está suficientemente inscrito na definição das carreiras, ou porque não está previsto um mecanismo financeiro que compense custos associados,ou porque há um efeito "conservador" que não está suficientemente tratado;
6º- finalmente, será preciso analisar, a relação entre esse conservadorismo e a respectiva capacidade reinvidicativa.
Como disse um dia, se o ministério não tinha a certeza de dominar o processo mais valia estar quieto. E, aí está, tudo a empurrar com a barriga a vida dos miúdos. Isto só mesmo com prisão....
Temos que separar as águas.
As prevaricações, os imcumprimentos da lei e as actuações socialmente danosas t~em de ser punidas.
Mas o governo, central ou local, tem de preparar e concretizar soluções que resolvam os problemas actuais e previnam os futuros. Ora, muitos dos problemas de rede escolar t~em origem na demografia e podem ser antecipados com prazo razoável.
Agora podemos ir à questão sindical e reinvidicativa. Não vou entrar na sua análise em profundidade, mas apenas deixar uma chamada de atenção para um aspecto de "envolvimento".
Muitos dos colaboradores do ME são professores, ou foram-no por períodos significativos. Isto não constitui um anátema, mas tem algumas vantagens e outros tantos inconvenientes.
Para tirar dúvidas, comparemos com outras áreas:
- no M. Agric. há poucos agricultores;
- no M. da Saúde há poucos médicos e menos doentes;
- no M. das O.P. não haverá empreiteiros,
- no M. da Economia tb. não haverá empresários:
- no M. da Seg. Social não deverá haver nem reformados nem desempregados;
- no M. Fin.não há banqueiros nem seguradores; há muitos contribuintes, mas já lá vai o tempo em que os f. públicos não pagavam impostos.
E mais não digo.
A Madeira iniciou este processo há 12 anos. Que está quase concluído:
Reordenamento da Rede Escolar
http://www.madeira-edu.pt/drpre/ArtiFiles/T233.htm
e Escola a Tempo Inteiro
http://www.madeira-edu.pt/drpre/ArtiFiles/T212.htm
Infelizmente, para a imprensa nacional (e não só) é "politicamente incorrecto" divulgar processos positivos realizados por AJJ...
Assim, vão discutindo e debatendo, ignorando que "entre portas" já têm um processo idêntico concretizado. A uma escala menor, regional, mas com todas as variantes...
Uma vantagem: Autonomia.
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