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sexta-feira, 10 de fevereiro de 2006

Espalhamento

Foi noticiado que, em Leiria, junto a uma escola, foram espalhados – com a licença de vossas senhorias – dejectos de porcos. A razão prende-se com o facto de evitar a sua acumulação através do recurso ao espalhamento. Claro está que os ditos dejectos, dotados de peculiaridade odorífica, empestaram o ar perturbando a vizinhança e as crianças. Imagino o que será viver, trabalhar ou estudar num ambiente daqueles. As queixas chegaram às autoridades de saúde de Leiria que informaram, soberanamente, pelos vistos, não haver problemas para a saúde. Provavelmente, o autor desta notável informação deverá sofrer de anosmia e ignorar que as partículas desses dejectos ao levantarem voo poderão aterrar nas vias respiratórias dos seres humanos com possíveis consequências.
A técnica utilizada pelos suinicultores é bem conhecida e consiste na diluição das substâncias tóxicas no meio ambiente. Este acontecimento fez-me recordar o caso do urânio empobrecido utilizado nas munições de alguns exércitos que, além de conferirem capacidades únicas, em matéria de destruição, permitem a eliminação dos resíduos radioactivos provenientes de actividades nucleares, ou, então, a técnica de eliminação de determinados resíduos industriais perigosos, como a que foi contada por um ambientalista. Segundo este, através de uma torneira semiaberta, um camião cisterna ia libertando e dispersando o resíduo ao longo das vias rodoviárias nacionais!
Num país caracterizado por tanta poluição, não falando da clássica, mas, sobretudo, política, desportiva, económica e social, nada melhor para resolver o problema do que a utilização da táctica dos suinicultores de Leiria, ou seja: espalhar, procurando diluir os diferentes poluentes por todo o país. E, já agora, poderíamos começar pela trampa dos suínos ou das vacas. Qualquer cidadão nacional tem, democraticamente, direito a “usufruir” dos interessantes aromas, e eu não me importaria nada em ajudar, com umas valentes pazadas, a colocar alguns quilos da mesma à porta de certas entidades. É que se “uns são mais iguais do que outros”, então merecem uma dose reforçada! E podemos sempre arranjar um certificado de que não faz mal à saúde!

1 comentário:

Tonibler disse...

Ah! Então foram os suinicultores de Leiria que fizeram o programa do governo! Eu sabia que aquela técnica apurada de ir largando merda aos poucos tinha uma estrutura demasiado sofisticada para aquelas cabeças....