A menstruação tem despertado desde os primórdios dos tempos as mais diversas reacções, desde fascinação a profundos terrores. Não há cultura que se preze que não tenha fabricado os mais disparatados mitos e tabus. A situação é de tal ordem que o próprio livro sagrado, a Bíblia, no Levítico, tece várias considerações, regras (não as menstruais!), proibições e até penas! De qualquer modo, o que está subjacente é o conceito de “impureza”. Não se pode tocar, nem deitar-se com mulher menstruada, nem sentar-se nos locais onde também se sentou, porque caso o faça também fica impuro. Estas são as vertentes mais suaves.
O historiador romano, Plínio, chegou a afirmar que o “contacto de uma mulher menstruada com o vinho azedava-o, as colheitas perdiam-se, as sementes secavam, a fruta das árvores caía, o aço e o marfim adulteravam-se e os favos das abelhas murchavam”, isto só para citar apenas alguns do muitos mitos que se propagaram até ao nosso tempo.
Ainda me recordo dos “perigos” dos elixires de amor ou de enfeitiçamento feitos com sangue menstrual para caçar os rapazes, sobretudo se fosse de rapariga virgem. Neste caso eram muito mais potentes. Hoje, seria um pouco difícil fazer a tal “bebida”! O que é certo é que éramos avisados para ter muito cuidado com certas mistelas! Outras vezes, o aparecimento inesperado de uma árvore ou planta morta era interpretada como sendo devido a mulher menstruada que urinou junto dela para a matar!
Os mitos e tabus ainda continuam nos dias de hoje, não de forma tão evidente, mas, mesmo assim, ainda, um pouco preocupante. Recordo que há pouco tempo um jovem tentou explicar as suas maleitas devido a uma “mistela” que bebeu com o objectivo de o enfeitiçar. E garantiu-me que era verdade, porque a “mulher de virtude” da sua aldeia assim lhe disse!
Obviamente que não há qualquer base científica para quaisquer dos disparates enunciados e não enunciados.
Sendo um processo misterioso, levou, no início, às mais diversas interpretações. As hemorragias estão associadas a ferimentos e à morte, mas as mulheres que menstruam não morrem! Também é interpretada como uma forma de purificação ao eliminarem sangue, o que lhes deu o estatuto de “impuras” durante o processo.
A introdução dos contraceptivos orais veio alterar um pouco o conceito da menstruação e até da sua utilidade. Mais recentemente, uma nova pílula irá reduzir o número de menstruações da mulher de treze para quatro num ano, ou seja uma vez de três em três meses. Claro que já vieram a terreiro os opositores a tal situação, afirmando que está a ser violada uma regra natural. O que é certo é que na história das mulheres, estas nunca menstruaram tantas vezes como agora. No passado a idade da menarca era mais tardia, depois engravidavam vezes sem conta, amamentavam durante longos períodos e tinham uma esperança de vida mais curta (muitas nem à menopausa chegavam), logo, o número de menstruações era manifestamente inferior ao que se verifica hoje em dia. Por isso o conceito de “natural” tem muito que se lhe diga. Sendo assim, avizinha-se a possibilidade de, no futuro, as mulheres “deixarem” de menstruar, tirando os períodos em que desejam engravidar.
As vantagens são muitas, desde riscos reduzidos de certas doenças, caso da tensão pré menstrual, anemias e alterações hormonais com impacto em certas formas de tumores, entre outras.
Há quem afirme que o desejo de eliminar os períodos menstruais “surge da obsessão da sociedade em se sentir sempre bem, e um desgosto muito antigo com a menstruação que, ao longos séculos, foi vinculada a todos os tipos de doença”. Que importa, se da sua supressão não resultar perigo e até benefícios para a mulher? Claro que o negócio de milhões com a higiene feminina iria sofrer um grande trambolhão, enquanto o ambiente até ganharia, e muito! De qualquer forma, a mulher tem todo o direito de fazer as suas escolhas em matéria reprodutiva e de sexualidade, assumindo eventuais riscos, como já o fez em 1960 quando foi aprovada a pílula.
Durante o meu curso, a seguinte frase, proferida por um professor, sobre a menstruação, “lágrimas de um útero que chora pela falta de um bebé”, constituía um bom motivo de divertimento entre os alunos, como é fácil de compreender. Como não queremos ninguém triste, incluindo os próprios úteros, então, “acabe-se” com a menstruação...
O historiador romano, Plínio, chegou a afirmar que o “contacto de uma mulher menstruada com o vinho azedava-o, as colheitas perdiam-se, as sementes secavam, a fruta das árvores caía, o aço e o marfim adulteravam-se e os favos das abelhas murchavam”, isto só para citar apenas alguns do muitos mitos que se propagaram até ao nosso tempo.
Ainda me recordo dos “perigos” dos elixires de amor ou de enfeitiçamento feitos com sangue menstrual para caçar os rapazes, sobretudo se fosse de rapariga virgem. Neste caso eram muito mais potentes. Hoje, seria um pouco difícil fazer a tal “bebida”! O que é certo é que éramos avisados para ter muito cuidado com certas mistelas! Outras vezes, o aparecimento inesperado de uma árvore ou planta morta era interpretada como sendo devido a mulher menstruada que urinou junto dela para a matar!
Os mitos e tabus ainda continuam nos dias de hoje, não de forma tão evidente, mas, mesmo assim, ainda, um pouco preocupante. Recordo que há pouco tempo um jovem tentou explicar as suas maleitas devido a uma “mistela” que bebeu com o objectivo de o enfeitiçar. E garantiu-me que era verdade, porque a “mulher de virtude” da sua aldeia assim lhe disse!
Obviamente que não há qualquer base científica para quaisquer dos disparates enunciados e não enunciados.
Sendo um processo misterioso, levou, no início, às mais diversas interpretações. As hemorragias estão associadas a ferimentos e à morte, mas as mulheres que menstruam não morrem! Também é interpretada como uma forma de purificação ao eliminarem sangue, o que lhes deu o estatuto de “impuras” durante o processo.
A introdução dos contraceptivos orais veio alterar um pouco o conceito da menstruação e até da sua utilidade. Mais recentemente, uma nova pílula irá reduzir o número de menstruações da mulher de treze para quatro num ano, ou seja uma vez de três em três meses. Claro que já vieram a terreiro os opositores a tal situação, afirmando que está a ser violada uma regra natural. O que é certo é que na história das mulheres, estas nunca menstruaram tantas vezes como agora. No passado a idade da menarca era mais tardia, depois engravidavam vezes sem conta, amamentavam durante longos períodos e tinham uma esperança de vida mais curta (muitas nem à menopausa chegavam), logo, o número de menstruações era manifestamente inferior ao que se verifica hoje em dia. Por isso o conceito de “natural” tem muito que se lhe diga. Sendo assim, avizinha-se a possibilidade de, no futuro, as mulheres “deixarem” de menstruar, tirando os períodos em que desejam engravidar.
As vantagens são muitas, desde riscos reduzidos de certas doenças, caso da tensão pré menstrual, anemias e alterações hormonais com impacto em certas formas de tumores, entre outras.
Há quem afirme que o desejo de eliminar os períodos menstruais “surge da obsessão da sociedade em se sentir sempre bem, e um desgosto muito antigo com a menstruação que, ao longos séculos, foi vinculada a todos os tipos de doença”. Que importa, se da sua supressão não resultar perigo e até benefícios para a mulher? Claro que o negócio de milhões com a higiene feminina iria sofrer um grande trambolhão, enquanto o ambiente até ganharia, e muito! De qualquer forma, a mulher tem todo o direito de fazer as suas escolhas em matéria reprodutiva e de sexualidade, assumindo eventuais riscos, como já o fez em 1960 quando foi aprovada a pílula.
Durante o meu curso, a seguinte frase, proferida por um professor, sobre a menstruação, “lágrimas de um útero que chora pela falta de um bebé”, constituía um bom motivo de divertimento entre os alunos, como é fácil de compreender. Como não queremos ninguém triste, incluindo os próprios úteros, então, “acabe-se” com a menstruação...
1 comentário:
Sempre fascinantes as suas abordagens, caro amigo! Desde sempre se diabolizou ou santificou o que não se compreende, os fenómenos da natureza cuja explicação nos ultrapassa ou cujas forças não conseguimos dominar. Por isso a evolução científica põe em causa tantos "dogmas" por isso as doutrinas humanistas se esforçam por fazer valor as coisas pelo que significampara a qualidade de vida das pessoas, combatendo tabus e preconceitos.
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