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domingo, 5 de fevereiro de 2006

Afinal, é tudo igual!...

O DN de hoje traz uma larga e deprimente entrevista com Manuel Castells, dito sociólogo e autor de obras, segundo o DN “fundamentais para compreender as mudanças sociais na era digital”.
Ora vejamos algumas dessas opiniões, não sei se fundamentais, se fundamentalistas…

A uma pergunta teleguiada sobre se encontramos nos EUA movimentos identitários defensivos, semelhantes ao fundamentalismo islâmico, M. Castells responde: “Absolutamente. Os cristãos fundamentalistas estão contra o mundo moderno e a globalização. Representam 25 a 30 por cento do eleitorado republicano. Nenhum Presidente republicano pode ser eleito contra estes grupos, que estão bem organizados. Isto está a enfraquecer o poder norte-americano, a transformá-lo numa sociedade cada vez mais religiosa a partir do topo”...
Para Castells, “as minorias islâmicas na Europa estão estigmatizadas e os jovens estão furiosos com a forma como são tratados. É aí que as redes terroristas podem crescer. Foi o que aconteceu nos atentados de Londres ou Madrid. Não foi a Al-Quaeda…Estas pessoas tornam-se Al Quaeda…”
Ainda para Castells, o terrorismo “é um conflito de identidades que não é contra os cristãos, mas contra uma força anónima, a globalização”.
Para Castells, não são apenas as organizações, mas também os homens são todos iguais.
“Gates é um génio comercial, mas só isso"- opina Castells.
Deixo estas citações apenas a título de exemplo, para que neste blog, seguindo o douto conselho do DN, se possam “compreender as mudanças sociais na era digital”!...

3 comentários:

Antonio Almeida Felizes disse...

...
Discordo em quase toda a linha da opinião do Castells.

As potências ocidentais não se orientam politicamente segundo os parâmetros da Bíblia, da fé cristã, dos ensinamentos de Jesus, mas, mesmo assim, elas acabam por se contrapor, culturalmente, aos países muçulmanos, muitos dos quais se pautam pelo Corão, pela fé islâmica, pelos ensinamentos de Maomé. que, é sempre bom lembrar, são uma minoria entre os muçulmanos.

Hoje, as potências ocidentais encontram-se no auge do poder. Os Estados Unidos, com sua incomparável pujança económica, seu formidável poderio militar e a sua vigorosa influência política e cultural sobre os destinos do mundo, representam o triunfo dos valores ocidentais - pelo menos aos olhos dos fundamentalistas islâmicos,

"O choque de civilizações será a linha divisória das batalhas do futuro." (Huntington) - Nem todos os estudiosos do assunto concordam com esta tese, mas não podemos negar que, num mundo cada vez menor, cada vez mais próximo, a religião também funciona como um instrumento de afirmação da identidade nacional. E a globalização crescente é um processo que se desenrola sob o comando inequívoco do mundo ocidental - em especial, do império americano.

Cumprimentos,
AAF
http://regioes.blogspot.com
....

Tonibler disse...

Ah, então a pergunta que o Soares fez ao Cavaco "Você já alguma vez escreveu sobre a cidadania global?" é isto?

Virus disse...

Bom... aqui mais uma vez o nosso colega AAF acerta na mouche...

E como é óbvio Castells tem razão em alguns pontos, tal como os "cristãos fundamentalistas" dos EUA. No entanto o mundo moderno, e ocidental, não se baseia na sociedade cristã americana, e sim numa manta de retalhos de culturas asiáticas, europeias (inclui os ntigos países do bloco soviético), norte-americanas (EUA+Canadá) e Sul/Centro americanas. Essa é uma visão tipicamente "americanizada" do mundo... e as coisas não são bem assim.

Quanto aos jovens islâmicos estigmatizados na Europa isso tem muito que se lhe diga... e é bem mais profundo que as conversas sociológicas-tipo de falta de integração social, etc. e tal. Não é só uma questão de integração, ou falta dela, é acima de tudo uma questão cultural! Aliás como exemplo basta ver como reagiu a sociedade egipcía ao naufrágio de um navio na passada 6ª feira... as reacções das famílias na rua pouco ou nada diferiram das que vimos por causa dos cartoons, e que eu saiba o motivo não foi um atentado à fé islâmica... foi simplesmente uma forma primitiva e bárbara de expressar a dor de centenas de famílias que sofrem as perdas dos seus entes queridos... É tão simplesmente uma forma de protesto... a qual se olharmos bem para as coisas também não é muito diferente das manifestações do 1º de Maio na Alemanha que há todos os anos, fomentadas por jovens anarquistas e de extrema esquerda.