A mensagem de Ano Novo do Presidente da República tem sido motivo de abundante análise política, em que ressaltam posições antagónicas: de um lado, surge a tese de que Cavaco Silva reforçou o apoio ao Governo e, do outro lado, a ideia de que não, pelo contrário, o “estado de graça” acabou.
Denoto, mais uma vez, na intervenção do Presidente da República, e ainda bem que assim é, uma profunda vontade e uma grande capacidade para apelar à mobilização do País em torno da necessidade de empreender, trabalhar, reformar e unir esforços para alcançar o objectivo central de criar riqueza e bem-estar, de construir um Portugal desenvolvido. Não será por certo a última vez.
Também encontro na mensagem um compromisso forte de obrigar o Governo a apresentar progressos claros – em particular na educação, no crescimento económico e na justiça – numa atitude que espelha uma partilha com os portugueses da preocupação de ir sendo tempo de verem resultados palpáveis na melhoria das suas condições de vida e verem diminuídos os sacrifícios que lhes têm sido impostos pelo Governo.
Também encontro na mensagem um compromisso forte de obrigar o Governo a apresentar progressos claros – em particular na educação, no crescimento económico e na justiça – numa atitude que espelha uma partilha com os portugueses da preocupação de ir sendo tempo de verem resultados palpáveis na melhoria das suas condições de vida e verem diminuídos os sacrifícios que lhes têm sido impostos pelo Governo.
A leitura que faço é a de que o Presidente da República reitera o apoio às reformas do Governo e, em simultâneo, explicita uma vigilância à acção governativa e impõe uma exigência de resultados. Um compromisso que é muito bem vindo e necessário.
E fez bem Cavaco Silva em fazer um “aviso à navegação”, não dificultando, mas exigindo como lhe compete, não aligeirando nas dificuldades existentes, mas deixando uma palavra de esperança. Enfim, para concluir, esta não parece ser mais uma mensagem de Ano Novo, parece ser sim uma mensagem que vai fazer história...
5 comentários:
Duas notas sobre a mensagem do PR ou sobre o Pr himself :
1.Ninguêm , ou nenhum partido ( hello PSD...) se deve melindrar ou supreender de O PR querer cooperar com os Governos em Funções . É normal que assim seja . As situações com Mário Soares e Sampaio é que eram anormais. E essas situações prologaram-se tanto no tempo que os Portugueses se habituaram a achar normal a anormalidade.
Se alguem não gostar da tese acima referida , tambem posso " servir " uma teoria da conspiração.
2.Com a entrevista , alargou a base eleitoral flectindo da direita para a esquerda. Com a mensagem de ano novo segurou o seu eleitorado natural ( PSD/PP ). Teoria de " uma intervenção para contentar a esquerda , uma intervenção para contentar a direita e com isto em 2011 , ganho de novo as eleições!"
Eu acho que o PR falhou em toda a linha neste seu primeiro ano novo.
Não se anima ninguém dizendo que o próximo ano é crucial e o discurso de ano novo só serve para animar.
Pedir progressos significativos nessas áreas é mesmo que dizer que se andou na lua nos últimos anos, feitos de "progressos significativos" para pior.
As palavras do actual Presidente têm valor substancial próprio e como tal devem ser interpretadas e não em função de outros poderes, nomeadamente o Governo.
Isto o diferencia dos anteriores Presidentes, que muitas vezes não faziam mais do que baixa política com os seus discursos.
Qualificado pela maioria dos portugueses como íntegro, probo, competente e vinculado a cânones morais clássicos - portanto, não necessariamente vendedor de banha da cobra e simpatias a todos - é importante que o actual Presidente da República logre um sentimento generalizado de satisfação pelo seu trabalho.
O seu currículo e as suas capacidades dispensam apresentações, sendo de longe o melhor que temos no cargo desde o glorioso 25/A - há quase 32 anos. Em particular, e no difícil emolduramento social do País, podem ser citadas como duas grandes qualidades suas o humanismo e a faculdade de compreender os problemas quotidianos com que se defrontam os portugueses.
Neste particular, o respeito dos nossos concidadãos pelo actual Presidente da República advém do seu real empenho a favor da defesa dos desfavorecidos e de uma maior solidariedade. O cidadão comum pode desconhecer que, para a superação estrutural das preocupantes distorções da sociedade portuguesa, é necessário crescimento económico; mas sabe que o Chefe de Estado é reconhecido especialista em economia e que, por isso, não apenas se importa mas conhece com profundidade as causas das suas condições de vida e as maneiras de melhorá-las.
Sem dúvida que o Primeiro-Ministro - grande manobrador interno e comunicador externo - dispõe de uma confortável taxa de popularidade. Mas isso em nada é incompatível com as apreciações atrás tecidas. O que tem é um Presidente da República com um compromisso íntimo de que parece não pretender abdicar.
Da leitura interessada da mensagem do Presidente da Républica relativa ao dia de Ano Novo, fica-me a sensação de que achou oportuno o momento para sem retirar qualquer parcela ao apoio institucional que vem prestando ao governo, lembrar-lhe que a melhor via de se fazer credível, é começar a apresentar resultados práticos de uma governação que até agora, independentemente de algumas decisões correctas tomadas em matéria orçamental e de reforma do estado, tem vindo a ser amparada por uma formidável máquina de propaganda que tem funcionado bem até agora. Cavaco Silva está no seu pleno direito de ter dúvidas relativamente a um eventual êxito governativo e desde já com inteira sensibilidade política - os seus antecessores tinham-na sim, mas apenas referentemente ao programa dos seua partidos - e sem pretender desde já desresponsabilizar-se do futuro,adverte o governo para a necessida de passarmos do tempo das "luminárias",os tais que bebem do fino, para os " martelo pilões", aqueles que põem as máquinas em movimento e obtem resultados positivos. Não me esqueço que Cavaco Silva é um economista de excelente craveira, que não tem perfil, nem para servir de ama-seca, nem de muro das lamentações.
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